• capítulo cinquenta e dois •

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O tempo que eu passava com Davi era como se eu me esquecesse de tudo ao meu redor. O jeito que ele agia, tudo o que ele fazia e falava era como se ele não estivesse vivendo aquela situação ruim, como se ele ignorasse tudo isso.

Cada segundo com ele era único e precioso. Eu não conseguia entender a paz que Davi transmitia, apesar de todo o caos ao seu redor.

— Está pensando no quê? — Davi perguntou ao me pegar olhando para ele enquanto comia a comida do hospital em seu prato.

— Hã… o que? — não havia prestado atenção no que ele havia falado.

— Terra chamando Elisa, Terra chamando Elisa. — ele brincou estalando os dedos na minha frente.

— Estava perdida em pensamentos.

— Pois é, eu percebi. — Davi levou uma garfada de arroz e feijão à boca e começou a mastigar. — Tem certeza que não quer comer? — ele apontou para o meu prato que ainda estava cheio de comida — Geralmente a comida de hospital é conhecida por ser ruim, mas te garanto que essa não é. — eu ri.

— Estou sem fome.

— Tem certeza? Vai sumir desse jeito.

— Engraçadinho - forcei uma risada.

— Já que você não vai comer, pode deixar que eu faço esse sacrifício por você. — ele ironizou enquanto deixava seu prato já vazio de lado e pegava o meu. —  Eu fiquei o dia inteiro em jejum por causa daqueles exames. Estou faminto. — deu mais uma garfada em seu alimento.

— Quem vê pensa que você não come faz três dias. — brinquei.

— Sabe o que eu queria mesmo?

— O que? — perguntei curiosa.

— Um daqueles biscoitos ou a torta que fizemos no Natal. — Davi continuou comendo.

— Seria bom mesmo. Eu faço e trago para você amanhã, o que acha?

— Você faria isso por mim, meu amor? — Davi sorriu.

— Na verdade, acho que não. — brinquei. Ele desfez o sorriso. — O que você me daria em troca?

— A barganha da gata. — Davi fez referência ao meme e eu dei uma gargalhada. — Eu já sei o que posso te dar.

— O que? — levantei as sobrancelhas.

Davi deixou seu prato de lado, se aproximou de mim e segurou meu rosto, me beijando logo após.

— O que você acha disso? — falou bem perto de mim.

— Hm, acho que não é o suficiente. — brinquei.

Davi chegou mais perto novamente e começou a dar vários beijos rápidos pelo meu rosto.

— Ai, parou. Tá bom, agora sim. — nós dois rimos e Davi voltou à sua posição inicial.

Nós dois ficamos conversando até eu ver que já era hora de ir embora, se não ficaria muito tarde para voltar para casa.

~~✿~~

No dia seguinte…

Acordei sentindo algo estranho. Hoje seria um dia um tanto quanto diferente, pois aconteceria o culto no hospital, e eu não sabia como iria reagir a isso ou o que poderia acontecer.

Meu pai já estava acordado desde cedo e o cheirinho de café pronto se espalhara pela casa. Me dirigi até a cozinha depois de fazer minhas higienes no banheiro.

— Bom dia, filha! — seu Gabriel me cumprimentou com um sorriso.

Lembrei do tempo em que ao invés de ver essa cena, eu o via jogado no sofá com uma garrafa de cerveja na mão logo pela manhã. Graças a Deus aquilo era passado.

Dono dos meus diasOnde histórias criam vida. Descubra agora