• capítulo cinquenta e cinco •

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Eu estava na sala de espera do hospital, já faziam 12 horas que a cirurgia ocorria. Fiquei sentada em um dos bancos, mas frequentemente me levantava e ficava andando de um lado para o outro. Eu estava nervosa e inquieta, com muito medo do que poderia acontecer.

Meu coração estava apertado e com um mau pressentimento. Meu pai estava ao meu lado, tentando me acalmar, mas não obteve muito sucesso. Os pais de Davi estavam da mesma forma, porém demonstravam de um jeito mais sutil. Eu não aguentava mais ficar sem nenhuma notícia por todo esse tempo.

Depois de alguns minutos, finalmente um dos cirurgiões apareceu na sala de espera e foi diretamente falar com dona Laura e seu José. Me aproximei para poder ouvir o que falavam. O médico começou sua fala de um jeito suave, como se quisesse amortecer uma queda, como se tivesse o objetivo de confortar antes da bomba explodir. Mas não adiantou nada, a queda foi gigantesca — quase infinita — da mesma forma.

— Infelizmente, Srs. Almeida, venho lhes informar que… — ele engoliu em seco — Davi veio a falecer no meio da operação. Não pudemos fazer nada para reverter a situação. — fez-se uma pausa — Meus pêsames à família. — o cirurgião falou com receio.

Dona Laura, sem mais forças nas pernas devido ao baque, foi ao chão e seu José fez de tudo para segurá-la, ambos aos prantos. Quanto a mim, foi como se eu tivesse perdido uma parte de mim, eu negava a acreditar naquilo. Eu fiquei tão em choque, que nem sequer uma lágrima saía de meus olhos.

Minha respiração começou a ficar ofegante, minha visão turva, meu corpo mole, eu suava frio, eu não conseguia respirar, eu me sentia prestes a desmoronar. A morte passou pela minha frente. Como isso era possível?

Eu acordei subitamente, muito assustada para perceber que fora apenas um pesadelo. O pior pesadelo que já tivera em toda minha vida.

Me levantei da cama tremendo, tive medo até de pisar no chão. Eu suava frio e minha respiração estava pesada como no pesadelo. Eu estava tendo uma crise de ansiedade, as lágrimas não paravam de escorrer por meu rosto. Fui até o banheiro, aterrorizada com o que havia acabado de ocorrer. Lavei meu rosto e senti a água gelada, me acordando e trazendo-me à realidade novamente.

Voltei ao quarto orando mentalmente e repreendendo aquele pesadelo horrível que eu tivera. Pedi ao Senhor misericórdia para que nada disso virasse realidade.

Eu havia dormido somente devido ao fato que meu pai apareceu no hospital depois que Davi já estava em cirurgia havia duas horas, dizendo que eu precisava voltar para casa e dormir, alegando que eu não poderia fazer nada lá. Eu acabei concordando por estar bastante cansada e seu Gabriel me trouxe para casa. Fiquei por um bom tempo criando paranoias, sem conseguir dormir mesmo estando com sono. Então tive que tomar um remédio calmante, o que me fez dormir até agora, levando-me a ter esse pesadelo.

Ainda assutada e apreensiva, peguei meu celular e liguei para os Srs. Almeida, que haviam passado a noite no hospital, provavelmente eles teriam notícias de como estava o andamento da cirurgia de Davi.

Disquei os números e começou a chamar. Levei o celular à orelha, minhas mãos tremiam.

— Oi, Elisa. — dona Laura falou com uma voz cansada.

— Oi, dona Laura. A-alguma notícia? — gaguejei.

— Até agora nada. Fazem 9 horas que Davi está na cirurgia, não tivemos notícia ainda. — meu coração apertou.

— Ah. — minha voz quase não saiu — Vou continuar orando aqui… — engoli em seco — me liga qualquer coisa, ok?

— Ligo sim.

Dono dos meus diasOnde histórias criam vida. Descubra agora