22. Les langages cachés de l'amour

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Narração Narrador:

- Ela está bem, - Bruno concluiu após examinar Clarice. - Por agora tente evitar exercícios físicos muito intenso, ambientes com ácaro, sujeira, friagem, produtos químicos com cheiro muito forte, fumaça e isso inclui: cigarro ou estar perto de alguém fumando cigarro.

Aquela foi uma indireta. Indireta bem direta. Não que fosse realmente necessário, há anos Valquíria não tinha problemas com vícios, qualquer um deles. Raramente sentia necessidade de pegar um cigarro e quando fazia não era pela necessidade de fumar, mas a necessidade urgente de acalmar o excesso de sensações e sentimentos em seu corpo.

Mas relembrar nunca era demais e Bruno fazia sempre que podia.

- E pela as marcas de biquini, devo destacar que exercícios físicos incluem nadar. Esqueçam piscina enquanto esse peito estiver chiando.

Clarice fez uma cara triste e se virou para Valquíria com quem quisesse encontrar uma forma de burlar as novas regras. Valquíria, porém, lhe deu ombros balançando a cabeça negativamente. As regras do médico, são as regras do médico e ela não quebraria nenhuma delas.

- Eu vou receitar um xarope para tirar esse sininho do seu peito e em poucos dias estará novinha em folha outra vez.

- Esse xarope é ruim?

- É remédio, né amiga. Gostoso não vai ser, mas a Clara não vai fazer drama para tomar, não é Clara?

Clarice e Valquíria se entreolharam.

A Clarice pequenina é um amorzinho, muito carinhosa e fofa, impossível não se encantar com tamanha fofura. Mas... quanto mais pequena, mais difícil e certamente não ficará nada feliz em enfiar algo ruim goela baixo. Pode até ser que ela colabore, mas para isso é necessário um jogo de cintura e alto poder de barganha com as "moedas" certas e bem, isso a Valquíria tem de sobra.

É gata... ter um pequeno em casa não é só mil maravilhas. É trabalhoso, exige tempo e dedicação, precisa ter paciência para lidar com as crises, com as birras, com os dias difíceis que sempre virão, com as dores de estar pequeno outra vez porque ser pequeno nem sempre é legal. Quem gosta de estar vulnerável e precisar da ajuda dos outros o tempo todo? Principalmente quando o outro não está nada afim de lidar com você assim. Quando o outro não te aceita e acha que o que você tem é frescura, loucura, imaturidade, doença... poderia citar tantas outras mais, mas tenho preguiça desse tipo de gente e não sou obrigada.

Clarice sabe muito bem como é viver sem ser aceita. De ter seu choro e necessidades ignoradas. De passar horas e horas esquecida em um canto sem receber um carinho, um afeto... isso quando não vinham para lhe maltratar até quando estavam "cuidando". Quantas vezes não chorou de dor por estar toda assada, por ter queimado o céu da boca com a mamadeira muito quente ou por simplesmente não ter mamadeira alguma e estar faminta por passar o dia inteiro sem comer porque ninguém se lembrou de a alimentar.

E é por saber muito bem como é a vida sem ter alguém que lhe der amor de verdade, é que ela é muito grata por cada momento com a sua Valquíria. Não é por acaso que lhe enche de carinhos sempre que está no colo da Valquíria, e só no dela. Seus carinhos não estão disponíveis a todos, seus carinhos são dela e só para ela. Por que? Eu ainda preciso responder?

Porque a Clarice a ama... simples assim.

Bruno não ficou muito tempo na casa. Ele realmente só entrou ali para fazer seu papel de médico que, apesar dos pesares, ainda era um. E, exceto por Clarice que ainda tinha certa dificuldade para respirar, todos estavam de máscara... afastados. Para alguém como a Valquíria que tinha constante necessidade de tocar as pessoas que amava - e Bruno era uma delas, - ver o seu amigo irmão e não o abraçar era uma tortura.

Stuck with U (Em Revisão)Where stories live. Discover now