49. Oncle, maman est morte !

4.8K 355 127
                                    

Narração Clarice:

A maman não tinha mais tempo para mim. Eu fui largada e abandonada nessa casa, estava sofrendo e muito. A Val se esqueceu completamente que vivo a base de atenção e carinho e estava me deixando morrer aos poucos esquecida no canto. Se ela não estava trabalhando, estava ocupada com o tio Nuno resolvendo suas coisas da tal clínica e eu tinha que esperar.

Problema que minha espera não acabava nunca. Nem quando eu estava mamando ela me dava atenção, bastava alguns minutos para ela pegar o celular para responder e-mails ou pegar no sono de tão exausta.

E quanto mais exausta eu via a minha maman, mais eu desenhava para fazer um montão de dinheiro... e não deu muito certo até agora. O dinheirinho que eu fiz não dava nem para comprar os chás da maman, dirá lá tirar ela do trabalho.

Será que vai ser assim para sempre? Eu quero a minha maman de volta!

Eu precisava de um emprego. Um emprego de verdade. Um emprego que eu consiga aposentar a maman de vez. Ela já tem 31 anos, já tá velhinha, está na idade de se aposentar e cuidar do seu nenê.

Passei um tempão pesquisando como ficar milionária desenhando e descobri que só tinha um jeito: ganhando na loteria. Talvez o papai tivesse razão... eu não sou a minha mamãe e não vou conseguir me sustentar vivendo da minha arte.

Encarei meu último desenho no meu Ipad e suspirei chateada. Era um desenho de como eu gostaria de estar agora: no colinho da maman, mamando e recebendo mimos. Estava fofinho..., mas não vai me levar a nada. Eu preciso ser grande se eu quiser conquistar alguma coisa... só que eu não quero. Eu quero ser para sempre o bebê da maman.

Se bem que... nem isso eu tô sendo ultimamente.

Postei o desenho triste mesmo achando ele bonitinho. Eu não vou parar de desenhar, mas talvez eu devesse começar a procurar um emprego de gente grande.

- Eu acho que você está louca, isso sim - Larissa minha prima disse depois que lhe contei meus planos. - Um emprego de gente grande? Que palhaçada é essa de "gente grande"? Você sabe que de grande você não tem nada, né? Já se olhou no espelho hoje ou não alcançou o espelho do banheiro e por isso está me falando asneiras?

- Eu preciso de dinheiro, o que você quer que eu faça? Desenhar não está me rendendo muita coisa.

- Você não precisa largar sua arte para isso. Já pensou em fazer alguma formação na área? Sei lá, animação, 3D, design... tanta coisa. Você teve a sorte de poder estudar desenho desde pequenininha, sabe fazer diferentes estilos, pode facilmente trabalhar na arte de algum desenho animado ou de um jogo.

- Só falta saber animar, né?

- Ué, é para isso que existe YouTube ou uma faculdade na área. Games é uma área que não vai deixar de crescer. Nem animação. Ou você pode vender quadros como a sua mãe. Quadros dão mais dinheiro que os desenhos digitais. O quadro que você fez da Val deve dar uma boa grana.

- Aquilo ali não foi nada. Acho que a única pessoa que pagaria pelo quadro é a própria Val.

- Não é nada para você que aprendeu a desenhar antes de falar. Qualquer pessoa normal acharia incrível. Quem sabe você vira a sua mãe e começa a expor nas galerias ao redor do mundo também.

- E até mesmo para ela foi muito difícil conseguir levar uma exposição para fora, imagine para mim.

- Falando nisso, aquela galeria na Augusta está aberta para visitação... o quadro ainda está lá. Se quiser podemos ir num final de semana.

Stuck with U (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora