Stuck with U (Em Revisão)

25. Pour quand elle reviendra

Narração Valquíria:

Eu não gosto de mudanças. Alterar minha rotina me deixa nervosa e irritadiça. Os anos de terapia me ajudaram a ser um pouco mais flexiva, mas estaria mentindo se eu dissesse que está tudo bem agora. Não está, não está nada bem. Eu não quero que a Clarice vá embora, mas eu também não sei como a convencer voltar.

Não saber lidar com essa situação me deixou frustrada. Eu não consegui fazer mais nada durante o resto do dia senão tentar entender tudo que aconteceu e não sei dizer se foi culpa minha ou ela realmente quis ir embora. Os sinais estavam todos ali bem na minha cara e mesmo assim acho que não soube ler... ela disse que não sou eu, mas meus cálculos dizem que sim.

No quarto da Clara eu encontrei sua chupeta esquecida sobre a mesinha de cabeceira. Ela esqueceu e minha vontade imediata foi pegar o carro e levar para ela, mas contive a minha vontade. Certamente isso me faria soar como uma louca e essa não é a minha intenção. Eu preciso controlar muito bem meus impulsos antes que eu faça alguma besteira e piore ainda mais a situação. É o que sempre acontece, sem exceções.

Eu não gosto de mudar a minha rotina e nem preciso de muito tempo para perceber que sem a Clara aqui muda tudo. Eu não gosto disso.

Ainda passeando pelo quarto da Clara meio sem saber o que fazer acabei encontrando algo que não deveria estar aqui. E não, dessa vez não eu não estava sendo louca por simplesmente largar tudo e correr lá para baixo para pegar o carro. Era a bombinha da Clarice e ela não pode ficar sem!

Mandei uma foto da bombinha para a Clara. Dizer que estava levando o remédio era uma boa desculpa para ir até a sua casa e quem sabe depois de uma conversa ela não aceite voltar?!

"Você esqueceu a sua bombinha"

"Eu estou levando aí"

"Não precisa, está tudo bem"

Ela respondeu no mesmo instante, porém não da forma que esperava que fosse acontecer.

"Como não?"

"Você precisa da sua bombinha"

A resposta seguinte demorou a vir, eu já estava dentro do carro esperando o portão da garagem terminar de abrir para dar a partida quando meu celular voltou a vibrar com as mensagens da Clara.

"Eu estou em casa agora..."

Clarice enviou uma imagem da sua mão com mais de quatro bombinhas semelhantes a essa que estava comigo e outra um tanto diferente que nunca tinha visto antes. Ela definitivamente não precisava da bombinha que estava comigo.

"Aqui tem uma dessas em cada cômodo"

"Você pode jogar essa daí fora se quiser"

"Não tem problema"

Jogar fora? Nem fodendo! Eu não sou louca de fazer isso... e se um dia ela precisar? Vou deixar guardadinha em um lugar seguro para caso um dia for necessária.

"Você também deixou a sua chupeta"

"Quer que eu te leve?"

Ela não me respondeu.

Talvez ela não queira mesmo. Levando em consideração o fato do seu pai estar por perto, acho melhor deixar a chupeta por aqui mesmo para quando a Clara voltar. Ela vai gostar de ter a chupeta dela, eu também vou guardar.