PRÓLOGO

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Oklahoma, Setembro 1980.

O mês todo tinha sido de chuva, então naquela tarde quando um raio de sol cruzou as nuvens Clarisse e Clint Sullivan pegaram suas bicicletas no quintal e saíram para um passeio. Obviamente foram as escondidas de seus pais, já que Catherine – a mãe – trabalhava no hospital local, e Jack Sullivan estaria na Delegacia.
Clarisse tinha dez anos e Clint cinco,e os dois eram irmãos inseparáveis, sempre encobriam os " crimes " um do outro. E Clarisse sempre fora responsável, e quando Clint nasceu essa responsabilidade redobrou, pois os pais estavam sempre trabalhando, e sua única missão no dia era conciliar os estudos e cuidar do seu pequeno irmão, o que costumava a cobrar muito dela, pois nunca podia sair brincar com seus colegas ou ter uma tarde livre assistindo seus filmes favoritos. Clint era uma criança doce e que não costumava dar tanto trabalho para a irmã, então era por isso que ela acreditava que não deveria reclamar de cuidar dele, então tudo que ela fazia envolvia seu irmão.
Os dois percorreram quilômetros sempre evitando passar em lugares que seriam vistos por conhecidos da família
Clarisse e Clint estavam se divertindo enquanto pedalavam cantando a música favorita deles, que era Believe in Love do Scorpions.

Clari eu sou mais rápido que você! – Clint gritou em meio a uma risada travessa.

— Você que pensa, vamos apostar uma corrida até o vale? – a irmã respondeu a provocação.

— No três!

Eles fizeram a contagem e pedalaram os mais rápido que conseguiam, um sempre próximo ao outro rindo, até chegarem na parte elevada.

— Cansou velhota? – Clint disse quase sem fôlego também.

— Você ganhou ok? – Clari disse ofegante — Eu desisto.

— Nada disso, Clarita ainda temos que chegar no final.

— Acho melhor não Clint, depois temos que pegar a pista, e é perigoso.

— É só tomarmos cuidado, mas vou aceitar que você é uma perdedora. – Ele se virou pedalando mais a frente.

— Clint eu disse não!

— Se você nao for comigo, vou sozinho – ele respondeu com um bico enquanto a irmã bufava.

— Está bem, mas não vamos passar disso – Clari se rendeu receosa.

Ambos pedalaram até chegarem na pista, Clint estava rápido, mas Clarisse estava quase o alcançando, eles riam ofegantes e competetivos, Clari parou do lado dele mostrando a língua.

— Eu vou ganhar!

Então Clint mudou de faixa numa curva, fazendo Clarisse gritar.

— Clint por aí não!

Mas por erro no cronômetro do destino, não deu tempo dele voltar pra faixa dela, quando um carro fez a curva em alta velocidade numa tentativa falha de frear a tempo de colidir na criança.

— Clint!

A partir daí tudo passou em câmera lenta desde o momento que o carro acertara Clint, o arremessando do outro lado da pista. O motorista perdeu o controle do veículo batendo no guard rail. Clarisse jogou sua bicicleta e correu em direção do seu irmão, chorando pedindo que ele estivesse bem.

— Clint, você está bem? Vamos pra casa! – Ela gritou se aproximando do irmão.
A bicicleta estava a metros de distância dele, e seu corpo não tinha nenhum movimento, ela não ouvia nada vindo dele.

— Clint acorda, vamos pra casa, mamãe e papai vai nos matar se não formos embora, Clint! – Ela dizia desesperada entre lágrimas. — Por favor acorda, eu te dou todos meus chocolates..

Ela não fazia ideia de quanto tempo fazia que Clint estava " dormindo ", nem quanto tempo levou para os homens do Pronto Socorro, tirarem ela de perto dele.

— Ele é meu irmão, eu vou junto com ele – Clari se debateu das mãos do homem.

— Querida, ele se foi. – foi a resposta do homem.

O decorrer dos dias foram um borrão na mente de Clarisse, desde seus pais chegando no hospital desesperados, todos ao redor perguntando a ela o que havia acontecido, desde o funeral, que ela não conseguiu permanecer, só tempo suficiente de deixar o ursinho favorito do irmão no caixão dele. Desde o dia que sua mãe quebrou metade da sala de estar acusando ela da morte do irmão.

— Foi tudo culpa sua Clarisse! – Catherine gritou pra garota que estava encolhida — Você matou seu irmão!

— Catherine, não fale assim! – Jack interveio – Foi um acidente, ela não teve culpa.

— Ela deveria cuidar do Clint, mas essa idiota levou ele pra pista. Você nunca gostou do seu irmão!

— Eu... eu amava ele – Clarisse soluçou.

— Não, Clint sempre foi doce e gentil, e todos gostavam dele, e você nunca aceitou isso, por isso tirou ele de mim!

— Vamos querida – Jack puxou Clarisse e a tirou de casa — Sua mãe está muito triste, está falando coisas que não deveria.

— Ela tem razão – Clarisse fungou — A culpa foi minha.

— Tenho certeza que você protegeu ele até o último minuto – ele beijou o topo da cabeça da garota. — E sua mãe logo vai entender isso.

Catherine nunca entendeu. E foi por essa razão que Jack Sullivan pediu divórcio e se mudou com Clarisse para Hawkins.



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Notas

A cronologia seguirá da terceira temporada para a quarta, sem muitas modificações a não ser pelas personagens novas. Os demais personagens pertencem a própria história de Stanger Things, somente Clarisse, Tracy e Joanne pertecem a mim e duas amigas que contribuem no desenvolvimento da história.

* A música Believe in Love foi lançada em 1977, dois anos após o ano do Prólogo, por favor relevar isso rs *

• Espero que gostem da Clari como eu <3

Far From Over - Stranger Things  Where stories live. Discover now