Casos Estranhos

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Hawkins, 1985.

— Clarisse o que falei sobre dormir tarde? – a garota de pele negra espiou  entre os vãos da coberta, a sombra do pai parado do outro lado da porta.

— Só mais um pouco pai, estou terminando meu jogo – a garota mentiu.

— Você tem dez minutos – ouviu seu pai dizer com a voz embargada pelo cansaço.

— Sim, senhor Coronel. – Clarisse Sullivan respondeu animada e voltou sua atenção para a pilha de papéis embaixo de seus cobertores.

   Há dias seu pai estava em um caso que aparentemente não tinha solução, agora analisando o andamento das investigações, nada parecia fazia sentido, como o desaparecimento da menina Bárbara, ou até mesmo quando Will Byers fora sequestrado, foram acontecimentos que não se encaixavam na cabeça de Clarisse.
   E por falar nos Byers, ela teve uma grande ideia – talvez estúpida – Ela precisava de alguém pensando além do ponto de vista dela, e esse alguém seria Jonathan Byers. Os dois se tornaram amigos, no penúltimo semestre, Clarisse se sentiu tentada em se aproximar dos Byers após todos os ocorridos, era visivelmente como Will se tornará um garoto retraído, ou traumatizado seria a palavra correta. Ele se afastará dos seus melhores amigos, então a garota viu como uma oportunidade de nova amizade, e parecia ter dado certo.
    A garota vestiu um casaco, não era uma noite fria em Hawkins, mas nada em Hawkins era estável, colocou na sua mochila os fichários confidenciais – ressaltem isso – da investigação. Sem fazer sequer um barulho ela abriu a janela do seu quarto e saltou, no gramado do lado de fora. Se Jack Sullivan soubesse disso, só os deuses sabem o que seria da pobre garota.
   Clarisse pegou sua velha bicicleta que ficava encostada na garagem, e colocou seus fones de ouvido que tocava Heaven, e pedalou até a casa dos Byers.

  Will estava concentrado no seu D&D enquanto Jonathan tentava ler algo, mas toda vez era interrompido pelas frustações do irmão mais novo.
  
— Você não precisa jogar sozinho – Jonathan resmungou.

— Por acaso você vai jogar comigo? – Will cerrou os olhos.

— Você ainda tem seus amigos, Will.

— É mais fácil alguém entrar pela nossa janela agora, do que meus amigos quererem jogar D&D.

— Oie! – Clarisse fez o dito fazendo ambos gritarem assustados.

— Clarisse, nossa casa tem uma porta – Jonathan disse com a mão no peito dramatizando.

— Tia Joyce ligaria pro meu pai na primeira oportunidade – a garota respondeu com uma careta.

Jonathan riu e ajudou ela a passar pela janela.

— Agora que diabos você está fazendo aqui?

  Clarisse jogou os fichários pra ele.

— Roubar arquivos confidenciais não é crime? – Will disse com uma risada.

— Não, se não descobrirem. – Clari piscou.

— Que casos são esses? – Jonathan folheou os papéis.

— Um caso novo que meu pai assumiu – a garota respondeu se sentando na beirada da cama. — Mas parece estranho.

— Muitas coisas estranhas acontecem – Will respondeu baixo mas não passou despercebido por ela.

— É eu sei, mas esses desaparecimentos misteriosos – Ela gesticulou com as mãos — Não fazem sentido, tipo... sei lá não sei explicar.

  Jonathan olhou de relance para o irmão, que engoliu em seco.

— Pra mim parece mais um caso de serial killer. – Jonathan deu de ombros.

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