Maldito Babaca

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Park Jimin

Não importa para onde eu corresse, aqueles pares de olhos insistiam em me perseguir por todos os lados, me julgando. E por mais que eu tentasse me esconder, era impossível escapar de todos os rostos rindo, das bocas maldosas e de todos aqueles dedos apontados para mim.

— Jimin...

É só uma aposta, nunca passou disso. Uma estúpida aposta de mau gosto. E eu só quero que isso acabe, mas por que ninguém me deixa dar um fim nisso? Atravessando as portas do corredor, não vejo nada no quarto escuro, e no centro, uma fraca e amarela luz ilumina a pequena mesa enferrujada, e eu não quero, mas minhas pernas se movem sozinhas em direção a ela, não controlo meus dedos que seguram aquele pequeno vidro tão familiar. Ouço os risos e todos os xingamentos ecoarem a minha volta, e então eu diminuo até que o peso de todas aquelas palavras me esmague como uma formiga, e naquele momento, o pequeno vidro em minha mão se apresenta mais convidativo.

— Jimin-ah...

Por favor, só acabe com isso logo.

— Jimin!

Meus olhos encontram com Jungkook sobre mim, a luz do abajur ao lado da cama ilumina parcialmente os fios castanhos bagunçados e a feição mista em confusão e preocupação de seu rosto, e seus dedos, que antes apertavam meus ombros, se afrouxam, então ele parece se permitir a relaxar.

— Você está bem?

— Por quanto tempo eu fiquei assim? — é só o que quero saber, mas ele não parece feliz com isso.

— Estou tentando te chamar já tem cerca de dez minutos — ele suspira, soltando seu corpo sem notar que ainda está montado sobre mim. E embora fosse uma ótima oportunidade para debochar de si, a situação em que me encontro não me permite fazê-lo, e só o que quero é ter alguém ao meu lado. Eu não quero ficar sozinho de novo. — Eu estava prestes a sair atrás seus pais, não sabia mais o que fazer. Você quer que eu chame alguém?

O moreno faz menção de se afastar, seu rosto se encontra rubro, talvez finalmente percebendo como nos encontramos. Porém eu seguro seu pulso, o puxando para mais perto, porquê agora é só o que eu preciso. Seu corpo caí de encontro ao meu, e eu não espero um segundo sequer para abraça-lo com força, sentindo todo meu rosto esquentar ao mostrar á Jungkook uma face minha tão vulnerável.

— Não, por favor, não quero que eles me vejam assim de novo. — Confesso — Apenas fique aqui mais um pouco, eu... droga, Jungkook...

O corpo de Jeon permanece tenso por mais alguns segundos, e então ele relaxa, se ajeitando sobre mim como pode, e então sinto a ponta de seus dedos alcançarem o topo da minha cabeça, acariciando meu cabelo como se eu fosse uma criança indefesa, pois é assim que eu me sinto no momento. Ele esconde seu rosto na curvatura de meu pescoço, e ele sussurra apenas um "tudo bem".

Eu não sei quanto tempo se passou, mas eu e Jungkook permanecemos assim até que ambos caíssemos no sono. Na manhã seguinte Jeon tratou o ocorrido como se fosse um sonho esquecido, e eu agradeci internamente por isso, embora jamais fosse esquecer do quão acolhedor foi tê-lo junto de mim.

[...]

Depois daquela noite, eu passei as duas semanas seguintes pensando nas ações de Jungkook, e secretamente eu me pegava vez ou outra o olhando, tentando disfarçar sempre que sorria ao vê-lo concentrado em algum livro, ou o modo como costuma balançar o lápis entre os dedos quando está entediado, até mesmo sua mania constante de me chamar de ridículo passou a me deixar encabulado. E no fim do décimo quarto dia, eu me vi como um mais novo membro de um grupo de reabilitação para viciados.

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⏰ Last updated: Jul 03, 2022 ⏰

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Maldita ApostaWhere stories live. Discover now