Quattordici

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Não fazia a mínima ideia de que Cha-young era tão fraca para bebidas. Na noite passada, depois da pequena conversa tocante que tivemos, ela decidiu que seria melhor bebermos para esquecermos um pouco mais a dor.
Ela simplesmente não conseguiu mais nem dar três passos sem tropeçar. Tive que carregá-la nas minhas costas de volta para o apartamento. Dormi no sofá da sala dela para garantir que ela não fizesse nenhuma besteira.
Sentei no sofá e ao me espreguiçar senti uma dor infernal nas costas. Que sofá horrível.
Olhei ao redor e não percebi nenhuma movimentação na sala.
Levantei devagar e fui para o meu apartamento temporário. Tomei um banho longo e depois de fazer mais algumas coisas, eu voltei até o apartamento de Cha-young, decidindo checar se ela está no quarto. Bati duas vezes na porta e depois de não receber nenhuma resposta, eu a abri devagar, vendo Cha-young toda esparramada na cama. Balancei a cabeça em negação e ri baixinho antes de sair.
Caminhando pelo bairro eu achei uma farmácia, onde comprei remédio para dor de cabeça e ressaca; e também uma cafeteria.
Ao voltar para casa, escutei o chuveiro ligado. Sentei no sofá com meu café em mãos e peguei meu celular para falar com Fabio.
Ele disse que já havia providenciado o que eu preciso. Um carro e uma arma. Apenas isso. Escutei a porta do quarto de Cha-young ser aberta e a mesma sair dele com os cabelos molhados e uma cara nada boa. Quis rir da sua situação.
ㅡ Eu trouxe alguns remédios para a sua ressaca e um copo grande de café. -Apontei para as coisas na mesa.
ㅡ Muito obrigada, você é o meu herói. Mas por favor, não me deixe beber tanto da próxima vez. -Ela sentou do meu lado e pegou o café. Ficamos em um silêncio confortável, até ele ser quebrado por Cha-young. ㅡ Quando eu acordei, eu não estava com a roupa que saímos ontem, e sim com meu pijama. Você, por acaso... -Ela perdeu as palavras. Engoli em seco e dei um gole longo no meu café.
ㅡ Eu juro que não vi nada. A sua roupa parecia desconfortável e você estava reclamando.
ㅡ Tudo bem. Mas não vem com essa de que "não viu nada". É impossível não ter visto. -Arregalei meus olhos diante das suas palavras.
ㅡ E olha que você ainda me pediu para dormir com você. -Decidi provocá-la também. Cha-young engasgou com o café e deu um tapinha no meu ombro.
ㅡ É mentira. Olha aqui seu impostor, acho melhor parar com isso. -Ameaçou.
ㅡ Certo. Se é isso que você quer agora...
ㅡ Vincenzo! -Me repreendeu, eu ri e me calei para que ela pudesse terminar seu café em paz. ㅡ O que faremos agora? Como vamos provocar eles para que venham atrás de mim?
    ㅡ Vamos visitar a empresa deles. Você vai ameaçá-los dizendo que vai reabrir o processo que seu pai fez contra eles. -Expliquei.
    ㅡ Você leu o que meu pai tinha sobre eles, certo? Viu como são nojentos? Eu realmente quero acabar com o que eles fazem. -Ela disse com pesar.
    ㅡ Não se preocupe, Cha-young. Os homens que Fabio infiltrou na empresa já estão recolhendo provas suficientes. Documentos, recibos, transferências e outras coisas que vão comprovar que eles não passam de uma empresa de fachada. O nosso trabalho real é apenas ter certeza de que são eles que estão por trás do homicídio do seu pai.
    ㅡ Tudo bem. Fico mais tranquila sabendo que todas as meninas que eles mantêm presas serão soltas em breve. É inacreditável. Como podem existir pessoas tão cruéis a esse ponto? São só crianças, apenas crianças. -Cha-young desabafou indignada.
    ㅡ Seu pai nunca conseguiu descobrir onde eles prendem as garotas? -Perguntei.
    ㅡ Não. A garota que conseguiu escapar, Oh Ji-hye, foi encontrada desacordada no meio de um matagal. Uma mulher que morava por perto a ajudou. Ela estava em um estado grave de desidratação, a levaram para o hospital e meu pai se responsabilizou pelo caso. Oh Ji-hye colaborou desde o início, mas ela não lembrava de muita coisa. Haviam dado uma pancada forte na cabeça dela, por isso o desmaio durante a fuga. Ela não soube mais indicar o caminho de onde ela veio. -Balancei a cabeça, suspirando.
    ㅡ São monstros. Eu desprezo esse tipo de gente.
    ㅡ Não vamos precisar pegar leve quando tivermos certeza, certo? -Ela questionou ansiosa. Olhei em seus olhos, me sentindo preocupado. Eu sei que não sou ninguém para ditar o que ela está sentindo. Mataram o pai dela. Mas Cha-young é advogada, e teve um amor paterno forte e presente. É claro que ele a livrou de todos os males do mundo, não sei se ela irá suportar entrar a fundo nisso. Por enquanto, o ódio está cegando ela. Mas e depois? Ela vai aguentar a culpa?
    ㅡ Não. Não vamos precisar. -Cha-young engoliu em seco e levantou do sofá.
    ㅡ Eu vou me arrumar para irmos até a empresa. Quanto mais rápido fizermos isso, melhor será. -Ela disse e saiu caminhando até seu quarto.

    Estacionei de frente ao prédio. É enorme e parece chique. O tanto de dinheiro sujo que deve ter sido gasto nisso não tem nem medida.
     Entramos no edifício e Cha-young conversou com a recepcionista, tratando de nos fazer, de alguma forma, subir para falar com o CEO. Lee Dong-hae. Já pesquisei um pouco sobre ele e Fabio solicitou documentos confidenciais sobre o mesmo. Tem tanta sujeita por baixo do tapete que eu quase fiquei impressionado.
    ㅡ Vamos, Sr. Cassano. -Cha-young me chamou. Tirei os olhos do celular e a segui até o elevador. ㅡ Nem precisei de muito esforço. Foi só dizer meu nome que autorizaram a subida. Os infiltrados do Fabio estão fazendo um bom trabalho. -Eu ri incrédulo.
    ㅡ Eles estão te caçando. Você tem noção do perigo que está correndo a cada segundo que passa na Coreia? -Ela assentiu.
    ㅡ Mas por enquanto estou segura? -Questionou nervosa.
    ㅡ Claro. -Afirmei convicto.

    Ao chegarmos no último andar, passamos por outra recepção e enfim adentramos a sala do CEO.
Um homem de meia idade, baixo e de cabelos grisalhos nos olhou da cabeça aos pés, deixando seu olhar demorar mais em Cha-young.
    ㅡ Bom dia, Lee Dong-Hae. -Ela cumprimentou amargamente.
    ㅡ Hong Cha-young, certo? Sentem-se. Podem ficar a vontade. -Ele respondeu com certo desconforto na voz. Mas isso não o impediu de sorrir. Posso sentir o ódio da mulher ao meu lado. Levei minha mão até suas costas e afaguei suavemente. Ela me olhou e eu sorri fraco. Controle-se, Cha-young. Eu sei que ela é inteligente, mas não se deve subestimar a ira de uma filha que perdeu o pai de uma forma tão brutal como ela.
    ㅡ Não é necessário, Sr. Lee. -Seu tom de voz permaneceu neutro. ㅡ O que vim dizer é algo breve.
    ㅡ Como eu disse, pode ficar a vontade. ㅡO velho repetiu.
    ㅡ Vim avisar que eu vou dar continuidade ao processo que meu pai, Hong Yu-chan, abriu contra você. Só quero lhe dar uma chance de se defender. Porque eu vou desmascarar tudo o que você fez. -Disse cheia de certeza.
ㅡ Não sei do que você está falando. Lee Dong-hae deu de ombros, sínico. Mas eu simplesmente posso sentir o cheiro do medo dele. Esse sabe que é um grande saco de estrume.
ㅡ Não se preocupe, você descobrirá juntamente ao resto da Coreia em breve. -Cha-young finalizou, dando as costas e caminhando para fora da sala.
Encarei o homem por mais alguns segundos. Ele continuou sorrindo, mas eu vi o canto de seus lábios tremer. Balancei a cabeça em negação e fui atrás de Cha-young, que me esperava no elevador.
ㅡ Pronto. Agora é só esperar.

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Amore, Guerra e Gigli - Chaenzo (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora