Diciotto

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Eu estou tão envergonhada que me sinto dormente. Tomei café da manhã e almocei no meu quarto com a desculpa de que me sinto indisposta, tudo isso apenas para não encontrar Vincenzo caso ele aparecesse por aqui.
Ontem eu bebi e fiquei levemente alterada, mas não ao ponto de esquecer o que aconteceu. Na verdade, eu tive consciência de tudo o que falei e fiz. A bebida só tirou um pouco do meu filtro.
Tentei beijar Vincenzo porque deu vontade, porque é uma coisa que eu quero fazer desde que vi ele pela primeira vez na varanda dessa casa. Só aproveitei a deixa de supostamente estar bêbada.
E foi quase. Eu não vou conseguir esquecer a forma como ele tocou meu rosto e ficou tão próximo. Foi por pouco. Foi por tão pouco.
A pergunta que o fiz antes de tentar beijá-lo foi sincera. Eu realmente queria saber como ele se sentiu. Eu nunca esqueci o dia que minha mãe decidiu ir embora de uma hora para outra, eu chorei por dias seguidos. Mas pelo menos eu ainda tinha o meu pai.
Já o Vincenzo não. Ele foi deixado completamente sozinho.
A resposta que ele me deu ontem despedaçou meu coração de todas as formas. Ninguém merece passar por isso e sentir essa dor.
    Começo a entender mais os motivos de ele ser tão reservado e indiferente. É da natureza dele ter medo de ser enganado e deixado mais uma vez.
Desci as escadas cuidadosamente, para caso de avistar Vincenzo, e então ter que voltar rapidamente sem ser vista. Mas não o vi na sala. Apenas Antonella e uma mulher que não conheço. Por que eles recebem tantas visitas? Por Deus.
ㅡ Boa noite. -Cumprimentei gentilmente. A mulher ao lado de Antonella é alta e magra, como uma modelo. Seu cabelo loiro vai até os ombros e os olhos são de um verde escuro.
Ciao. -Respondeu simpática. Eu sei que quer dizer "Olá".
ㅡ Essa é Francesca. Filha de um dos amigos mais próximos do Fabio, ela veio para a festa que ele vai dar nesse final de semana. -Antonella explicou. Outra festa? Eles são bem dispostos. ㅡ É uma festa apenas para os sócios.
ㅡ Ah, entendi. Eu vou preparar algo para comer. Vocês querem? -Ofereci.
ㅡ Não, muito obrigada meu amor, mas acabamos de tomar chá.
ㅡ Certo. -Caminhei até a cozinha e procurei por algo para comer, no final das contas eu preparei um sanduíche e um suco natural de laranja. A funcionária insistiu para fazer, mas eu simplesmente não deixei. Preciso ocupar minha cabeça com alguma coisa ou irei enlouquecer.
Comi enquanto conversava com as funcionárias. Falamos sobre as festas que eles costumam dar aqui na casa. Elas disseram que a família Cassano sempre gostou de festejar. Quem sou eu para julgar? Eles tem que usufruir bem da mina de ouro deles.
Mesmo depois de comer, eu conversei um pouco mais com elas, mas logo me dei conta de que tenho que voltar para o quarto. Vincenzo pode aparecer a qualquer momento. Pode parecer besteira, mas acho melhor o evitar pelo menos por hoje. Ou talvez eu só deva fingir que não lembro de nada, afinal, é isso que ele acha que aconteceu. Claro! Como não pensei nisso antes? Ás vezes me acho muito burra.
Estava saindo da cozinha, mas meus pés pararam de supetão na porta quando avistei Vincenzo e Francesca em uma conversa animada. Quase nunca o vejo assim. Diferente de Elisa, essa deve ter conseguido conquistar ele.
Eles estão sentados no sofá, bem próximos e sorridentes. Parecem muito íntimos. Engoli em seco, sentindo um incômodo estranho. O que é isso?
Fiz um som de desgosto com a boca e me dirigi ao jardim pelas portas do fundo, não quis passar pela sala com aqueles dois tão entretidos lá.
Por que ver que Vincenzo tem uma boa relação com aquela mulher me deixou tão inquieta? Tudo bem que ele é reservado e impassível, mas isso não o impede de ter laços com pessoas específicas, não é Cha-young? Repreendi a mim mesma.
ㅡ O que vocês acham disso? -Me virei para as rosas vermelhas. ㅡ Pareço uma louca? -Perguntei para as mesmas.
ㅡ Completamente. -Pulei de susto ao receber uma resposta. Olhei para trás e dei de cara com Vincenzo. Ué, ele não estava todo feliz conversando com a amiguinha na sala? Por que veio aqui apenas me assustar?
ㅡ Por que você sempre faz isso? Meu coração é frágil. -Não menti. Esse órgão, cuja única função é bombear sangue, dá mais trabalho do que deveria.
ㅡ Me desculpe, eu esqueci desse detalhe. -Ele caminhou até mim e eu cruzei meus braços, olhando para todos os lados, menos para ele. ㅡ Como está a ressaca?
ㅡ Vai muito bem, obrigada por perguntar. -Respondi no modo automático, só depois percebi que isso não fez sentido.
ㅡ O que?
ㅡ Quer dizer... estou bem, já tomei remédio. -Corrigi.
    ㅡ Não tem nada a falar? ㅡEu ri nervosa e o encarei.
    ㅡ Eu? Por que eu teria?
    ㅡ Você realmente bebeu tanto que esqueceu de tudo? -Ele cruzou os braços e me encarou desconfiado. Não acredito que ele acha que estou mentindo. Eu estou, mas não tem como ele saber.
    ㅡ E você ainda tinha dúvidas? Eu parei de ter consciência a partir da terceira taça de vinho. -Menti.
    ㅡ Se você diz, a minha única alternativa é acreditar.
    ㅡ Por que você está assim? Eu fiz algo tão vergonhoso que deveria ser impossível de esquecer por acaso? -Tentei despistar ele, tocando justamente na ferida. Essa é uma técnica boa. Ou pelo menos eu acho que é.
    ㅡ Não. Você não fez nada demais. -Engoli em seco. Ele não se aproveitou do papel de idiota que fiz ontem para me provocar. Isso significa que ele sentiu algo, ou apenas está com pena de mim.
    ㅡ Menos mal. -Pigarreei. ㅡ Então tenha uma boa noite, eu preciso dormir. -Me despedi e sem mais nem menos passei por ele, caminhando rapidamente até chegar na segurança do meu quarto. Por que eu sou tão impulsiva em certos momentos?
Vincenzo está desconcertando meu sistema nervoso.

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Amore, Guerra e Gigli - Chaenzo (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now