25. liana bennett

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Mesmo com os conselhos de mamãe

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Mesmo com os conselhos de mamãe.
Mesmo com os conselhos dos meus amigos. Mesmo com meus próprios pensamentos e decisões. Eu acabei tomando o rumo errado e completamente diferente do que eu tinha planejado. Eu acabei não fazendo o certo naquela noite. Eu acabei me arrependendo  de como eu deixei Vinnie para trás sem uma explicação.

Hoje, eu iria terminar isso. Eu iria colocar o meu jogo na mesa e declarar que vou parar de continuar apostando todas as minhas fichas nisso porque isso não vai me levar a lugar algum.

O final de semana tinha chegado ao fim. Era segunda-feira. As aulas de hoje tinham acabado e, agora, eu não podia mais fugir de Vinnie e tudo o que aconteceu na sexta-feira à noite, na festa a fantasia que transformou o pouco da história que tínhamos em pesadelo, bem, acho que o pesadelo é apenas meu.

Parei no topo da escada, os meus olhos encontraram Vinnie em pouco tempo de busca pelo campus, assim como os dele encontraram os meus.

Ele conversava com alguns rapazes e no momento em que percebeu quem estava lhe encarando, como se eu fosse a pessoa mais importante da sua vida ele largou tudo e todos e correu na minha direção, eu podia ver o desespero de me ver correndo para longe dele outra vez estampado nos seus olhos, e apesar de me sentir mal com isso eu sabia que se recuasse seria eu quem iria acabar muito pior.

Respirei fundo e desci os degraus da escada, Vinnie parou na minha frente mas não disse nada, ficou observando o meu rosto como se nele fosse encontrar todas as respostas que eu queria encontrar no dele desde que o conheci. Eu respirei fundo mais uma vez antes de começar o que eu tinha planejado o restante do fim de semana inteiro.

- Acho melhor pararmos por aqui, Vinnie. - Murmurei, notando as olheiras abaixo dos olhos castanhos e me perguntando se eu havia sido a real causa delas. Talvez. Porque, ele passou uma noite inteira me ligando, me mandando mensagens, esperando por uma resposta que eu estava lhe dando agora e que doía tanto.

- O quê boneca? Eu não estou entendendo você, o quê quer dizer com isso, o quê foi aquele beijo na festa, por que saiu correndo e desapareceu o final de semana inteiro? Eu fiz alguma coisa errada não fiz? Eu machuquei você? - Perguntou levantando os braços, virando as mãos e franzindo a testa deixando toda a sua confusão se apossar da sua expressão, igualando-se aos seus olhos que se moviam de um lado para o outro percorrendo todo o meu rosto, de forma ansiosa e temerosa pela resposta.

- Eu te vi beijando uma garota na festa, Vinnie. - Ele recuou, claramente abalado com o que tinha escutado porque esse certamente foi um dos motivos para eu desaparecer que sequer se passou pela sua cabeça. Vinnie me olhou, pensando no quê falar, mas eu sabia, sabia bem que se ele falasse, ele iria falar o mesmo que falou para todas as outras e eu não queria escutar isso, eu não queria escutar nada que piorasse essa situação.

Eu ri, para disfarçar a vontade de chorar.

- E céus, esse não é o problema. Você é solteiro, Vinnie. E você sempre deixou isso claro. O problema sou eu. Eu não quero esse tipo de relacionamento. Eu não quero ficar com uma pessoa que eu tenho tudo exatamente igual em um relaciomento, uma pessoa que age como se gostasse realmente de mim e que no fim...faz isso com todas as outras. E não é lance de exclusividade. É questão de ser de verdade. O que você faz comigo e com as outras apenas é prazer e diversão, e, se eu quisesse apenas prazer e diversão, eu estaria em um parque de diversões apostando todas as minhas fichas em vários brinquedos, e não aqui, ou ali, nem lá, as desperdiçando com você. - Limpei as lágrimas que eu não consegui impedir de escorreram. - Na primeira vez em que nos conhecemos eu te disse que eu sei quem eu sou, e o que eu mereço. E eu fui sincera. Eu gosto de você mesmo sabendo que não devo, e eu sei que você não é o tipo de cara que eu mereço porque nossos ideais de relaciomento são diferentes, e eu não quero continuar com isso porque eu sei como vai acabar. - Dei alguns passos, olhando o rosto dele com mais atenção, ele parecia prestes de entrar em colapso, sofrer uma parada cardíaca até mesmo de gritar me pedindo para ficar. Os seus olhos castanhos brilhavam como se eles tivessem lágrimas para escorrer por minha causa, como se ele fosse capaz de amar alguém além de si mesmo. - Por isso, tudo o que temos acaba aqui. Eu te agradeço tanto por tudo o que fez, porque, você é um cara incrível Vinnie, mas apesar de tudo isso, não é a pessoa que faria isso dar certo com alguém como eu. E, acima de tudo, eu não sou o tipo de garota certa para você. - As lágrimas tornaram a escorrer pelo meu rosto, quentes e rápidas. Engoli a saliva com dificuldade e, me virei para deixar ele de uma vez.

A mão dele agarrou o meu pulso.

Virei o rosto, e o encarei. Ele me encarava desolado.

- Não boneca, por favor,  não, fica. - Implorou em um sussuro. Eu ri, mesmo que quisesse fazer o que ele tinha acabado de pedir, eu queria chorar, me jogar nos braços dele e dizer que eu fico, eu fico o resto da vida com ele se ele me disser que, também sente o mesmo que eu e quer fazer isso dar certo. Mas, acontece que, como eu imaginei ele não disse nada disso. Apenas ficou me implorando com olhar sem dizer mais nenhuma palavra.

- E se eu ficar? O que vai acontecer? - franzi a testa e comprimi os lábios. - Você vai me foder e depois me expulsar da sua vida ao amanhecer, você vai me dizer que o que nós dois tivemos foi divertido só que não passou apenas de prazer. Você vai me dizer que está solteiro, que tinha deixado claro que é solteiro, você vai rir e me perguntar o que me fez pensar que, eu seria mais do que só mais uma das suas conquistas que preenchem o seu ego, porque a porra do seu coração não entra nesse jogo sujo e prazeroso. E então, eu vou sofrer porque eu sei que nunca vou conseguir esquecer você, não é?

Vinnie abaixou a cabeça, e eu entendi que isso era uma concordância. Ele sabia disso o tanto quanto eu. Mesmo não querendo uma hora ou outra era isso que ele ia acabar fazendo. Ele iria enjoar de mim, e eu iria continuar presa à ele.

- Então, por favor não torne tudo mais difícil, você é o Vinnie Hacker. Vai me esquecer assim que outra garota aparecer, sei disso. - Lhe dei as costas outra vez. Ele apertou forte o meu pulso, antes de relaxar o aperto e devagar deixar que a minha mão passase pela sua e eu pudesse ir sem que ele tentasse me impedir.

As lágrimas escorriam pelo meu rosto uma por cima da outra sem controle, assim como os meus soluços e a vontade de gritar e tentar colocar toda essa dor para fora. Tentar tornar o vazio um pouco menor. E a falta que eu sentia dele menos pior.

Fui andando para casa, isso me ajudou a expulsar toda a dor antes de precisar encarar papai e o seu terrível mau humor depois de um final de semana inteiro enchendo a cara e jogando, com o dinheiro que eu não tinha a menor ideia de como ele arrumava e com quem. Ele me surpreendia cada dia mais.

O meu telefone tocava dentro da bolsa. Provavelmente era Stacy e Elijah perguntando porque eu ainda não tinha chegado no trabalho, sinceramente eu não me importava com mais nada além do que tinha acabado de acontecer.

Eu só conseguia dar replay instantâneo em Vinnie me pedindo para ficar. Em Vinnie, o seu desespero, o abismo de palavras e sentimentos nos seus olhos que, ele não havia colocado para fora porque não eram como os meus, nele abaixando a cabeça e confirmando cada uma das minhas palavras. Eu só conseguia sentir o seu aperto no meu pulso, e, os nossos dedos se tocando e segundos depois se separando cada vez mais longe um do outro assim como nossos corações. Eu só conseguir sentir que, em um momento ele não queria me deixar partir e no outro, isso era tudo o que ele mais queria que acontecesse quando tudo foi posto na mesa.

Eu havia colocado as minhas fichas restantes na mesa e aberto todo o meu jogo, agora, não havia mais volta, não tinha mais uma segunda chance, ou as mensagens dele em minha procura. Eu tinha perdido o jogo. Todas as minhas vidas.

Agora só tinha, eu, meus pensamentos e as lembranças. As lembranças que mesmo sendo poucas, carregavam mais sentimentos do que muitas. E o arrependimento de ter tentando mesmo sabendo desde o primeiro dia que eu deveria ter lhe dito não.

- Merda de droga, agora você me viciou, Vinnie. - Fechei os olhos, deitada na cama pensando em como seria torturoso os próximos meses estudando na mesma universidade e morando na mesma cidade. Eu sabia que não podia simplesmente terminar tudo e ignorar ele pelo resto da vida. E era justamente isso que tornava o fim ainda pior. Ter que ver a causa e sofrer cada dia mais se lembrando de como as coisas acabaram assim e de como o desejo era completamente o contrário.

Enfiei o rosto no travesseiro, lembrando do que queria ter escutado ele dizer. E tornei a chorar porque nada disso um dia iria acontecer, nem havia tido a possibilidade de acontecer mesmo que, eu tivesse dito para ele que sim. E bem, que culpa ele tem.
  
A pessoa que decidiu colocar o coração para dentro desse jogo mesmo sabendo que era péssima em jogos, foi eu.

A única culpada de me por nesse lugar e nessa situação aqui sou eu.

- Eu quero você também... - sussurei abraçando o travesseiro e escutando o barulho de coisas quebrando no andar de baixo.

E em apenas uma noite,
eu tinha voltado para um dia antes de conhecer Vinnie. Rodeada pela casa bagunçada, cheia de dor e nenhum traço de um pai que sinta amor.
As palavras de mamãe começaram a ressoar na minha cabeça. Até que eu acabasse me concentrando em apenas uma frase de toda nossa conversa inteira.
 
Porque, ele não está a procura de amor.

E eu estou. Ou melhor. Eu já estou presa nesse amor.

✔ 𝗕𝗔𝗗 𝗗𝗥𝗨𝗚 ✗ vinnie hacker Where stories live. Discover now