38. vinnie hacker

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Molly havia entrado no meu quarto para poder conversar com a Liana fazia quase duas horas. Eu não tinha a menor ideia do que elas estavam conversando ou se Liana realmente tinha acordado, e se tinha a conversa podia estar muito mais séria do que supôs que seria.

Como Liana iria ficar temporariamente morando comigo, essa ideia era um sonho tornando-se realidade, eu estava cozinhando algo para ela, ou tentando. O livro de culinária da minha avó era bastante explicativo mas quando se tem uma pessoa que não cozinha fazem meses, tudo se torna bastante complicado.

- Você vai ter que aprender a cozinhar ou vai deixar ela morrer antes mesmo de pensar em te dar outra chance. - falei comigo mesmo, mexendo a panela com o ensopado de frango cheio de legumes que fariam algum bem para a Liana, assim eu esperava.

- Liana não disse que cozinhava. - Olhei para a bancada, Dona Molly me olhava tentando não rir da bagunça que eu havia feito na cozinha para poder descascar e cortar os legumes, o frango, o alho e tudo que virou o ensopado e o arroz. Meu passado de ajudante com a minha avó demoraria para despertar nas minhas memórias.

- Porque eu não cozinho. - Respondi, ao som da minha futura sogra rindo da minha situação.

- A Liana já acordou, e terminamos de conversar. Ela provavelmente virá falar com você. - Pensar nessa possibilidade fez com que eu derrubasse a colher de pau fazendo com que uma batata voasse pela cozinha e caísse no chão segundos depois da colher, molho se espalhou pelo chão. Passei a mão pelo queixo suspirando.

- Imaginei que ela fosse fazer isso. - Murmurei, me ajoelhando e pegando a batata jogando-a no lixo.

- É, eu preciso ir agora, mas gostaria de voltar amanhã de manhã, se não for um problema.

- Claro que não, a senhora pode aparecer quando quiser, se quiser dormir aqui hoje também pode, não tem problema. - Falei, lavando a colher de pau e passando um pano pelo chão limpando todo o molho do ensopado antes que eu acabasse escorregando e piorando o estado da cozinha e o meu.

- Obrigada querido mas não será necessário, eu quero resolver algumas coisas antes de ir para o hotel. - Olhei para dona Molly, ela sorriu de lado me dando uma resposta sem o uso de palavras, para o que eu imaginei que seria as suas coisas pendentes a serem resolvidas. Ela iria até o pai de Liana  e usar toda a sua educação para machuca-lo como ele machucou a sua filha, coisa que eu certamente não tenho por preferir usar força física. Eu precisava aprender a ser mais como ela e a filha.

- A senhora vai sozinha? - Murmurei, para caso Liana estivesse na sala não pudesse me escutar.

- Não. Um amigo me acompanhará. - concordei, tampando a panela e desligando a última boca ainda acessa do fogão.

- Tome cuidado. Eu vou cuidar bem da Liana.

- Eu sei que vai, qualquer coisa pode me ligar, tem o meu número. -

- Sim, senhora. - Acompanhei ela até a porta, cuja abri para que Dona Molly pudesse passar deixando o meu apartamento. Ela me olhou, segurando a bolsa preta com uma das mãos.

- Obrigada mais uma vez, diga ao seu amigo que eu também agradeço a ele. Liana tem sorte de ter vocês ao lado dela. - Ela me abraçou mais uma vez antes de entrar no elevador e ir embora.

Fiquei encarando a porta do elevador ainda pensando em tudo o que estava acontecendo, e no que podia acontecer, seria mentira dizer que eu não estava com medo de como a minha conversa com Liana acabaria. Eu podia literalmente contar as batidas do meu coração. Poderia suar de nervoso a qualquer momento.

Fechei a porta e aproveitei enquanto ela ainda estava no quarto, certamente refletindo sobre a conversa com a mãe e pensando em tudo que havia lhe acontecido, para limpar a cozinha. Dar para Liana todo o tempo que ela precisava para se recuperar por dentro era a coisa mais importante no momento, afinal ser agredida por aquele canalha certamente era a última coisa que se passava pela cabeça dela.

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