Capitulo 26

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Sigo com os últimos ovos mas algo acontece, algo que nem mesma eu esperava, ele deu tantos passos para trás que acabou caindo de costas dentro da piscina, fazendo água voar para todo lado.
— Meu Deus, Patrão — Bety fica preocupada enquanto rodeia a piscina buscando sinal de vida daquela criatura que ela chama de patrão.
— Eu acho que ele não gosta de Deus não hein — me aproximo da piscina junto a ela e encaro as águas azuis, só consigo ver os cabelos negros dele balançando com a água. O idiota está de pé no fundo da piscina, bem que podia morrer afogado.
— Ele vai acabar se afogando assim, Patrão suba logo.

— Deixa ele aí, isso vai ensinar ele a não brincar comigo — viro as costas para sair dali antes que ele volte a superfície mas sinto uma mão molhada segurar minha perna direita, acabo me desequilibrando e caindo de quatro outra vez, o restante dos ovos caíram no chão sujando mais ainda o lugar — ME SOLTE — Tento me livrar de sua mão mas não consigo e de uma só vez sou arrastada para dentro da piscina. Tem água pra todo lado, olho de uma direção para outra segurando a respiração mas não o vejo ali no fundo. Sinto algo segurar o meu braço, era ele, estava atrás de mim.

Me viro devagar e o vejo me encarando ali embaixo da água, estamos flutuando, ambos com os cabelos dançado na imersão da água. Olho para cima e vejo o rosto desfocado de Bety nos olhando, parece estar nos chamando de volta. Mas qual a diferença de estar lá ou aqui em baixo? Morrer na superfície ou afogada? Quando volto minha atenção para frente sinto seus lábios contra os meus, enquanto suas mãos seguram o meu rosto. Sim, ele está me beijando, mas por que? Eu não sei, tento empurra-lo... não, na verdade eu apenas finjo.

O que é isso tudo? Esse beijo ali em baixo da água torna tudo mais demorado, como se o tempo estivesse congelado. Não faz sentido algum ele fazer isso depois de me humilhar a alguns minutos, o que está tentando provar? Levo as mãos em seus cabelos que flutuam, mesmo em baixo da água consigo sentir a textura, mas não sinto apenas isso, sinto seus lábios também e dessa vez não parece uma afronta, ele está mesmo me beijando de uma forma inexplicável e eu devia para-lo. Mas não quero. O que ele está pensando nesse momento? O que eu estou pensando neste momento? “Não se apaixone pelo diabo” não foi isso que a Morgana disse? Mas e se ele não for o diabo como tenta parecer?

E se aquele beijo for uma brecha para descobrir quem de fato está debaixo daquela máscara de egoísta sem sentimentos? Será que ele é como eu? Será que ele também tenta disfarçar suas emoções pois sabe que elas podem ser fatais?
E se for isso, por que iria mostrar essa brecha logo para mim. Ele para de me beijar e sobe para a superfície, deve ter acabado o seu oxigênio já que estava ali a mais tempo que eu. Eu devia subir também, mas continuo ali encarando as águas e o piso de cerâmica da piscina. Algo me puxa para cima e respiro fundo o ar fresco, acabo tossindo, devo ter engolido um pouco de água.

A primeira coisa que vejo é ele, seus cabelos molhados estão tapando boa parte de sua testa e olhos, assim até parece um nerd. Mas não é só isso que vejo, ele está sorrindo, sorrindo para mim.
— O que foi? Tem algum palhaço aqui? — reclamo enquanto flutuamos na piscina.
— Não. Não é nada — é só o que ele diz.
— Agora você vai aprender a não me provocar — me aproximo da beirada da piscina.
— Kaila, está bem? — Bety vem ao meu encontro.
— Estou, eu acho.
— Eu nunca vou parar de te provocar, garota.
— Então nunca vou parar de te desafiar — trocamos um último olhar antes de eu deixar o lugar indo rumo ao meu quarto. Precisava me secar, trocar de roupas, arrumar aquele cabelo todo molhado e me preparar para o jantar.

Bety me seguiu até certo ponto mas depois voltou para ver se o seu patrão mimado estava bem. Pelo visto ele ainda continuava na piscina, talvez estivesse planejando algo maquiavélico para me ferir, mas já sabendo que sempre irei revirar. Dessa vez usei ovos, da próxima vai ser uma arma bem carregada.

Demorei algum tempo para arrumar o cabelo e as luzes do quarto já estavam acesas, pela janela era possível observar o céu noturno que havia chegado a alguns minutos. Tudo sempre ficava silencioso, era uma paz tranquilizante mas assustadora ao mesmo tempo. Bem distante dali era possível ouvir o som de grilos quase em sincronia, talvez estivessem cantando para a lua que brilhava forte entre as poucas nuvens no céu. Pronto, terminei, meu cabelo agora esta impecável apesar de que eu não sei quase nada sobre penteados. Será que terei aulas sobre isso também? Isso sim seria bem útil.

Não faz nem uma semana que estou nesta mansão mas já sinto que estou aqui a meses. Toda essa guerra com o diabo acabou sendo bem exaustiva e no fim ainda não sei quase nada sobre suas reais intenções em relação a mim, ou quem são as pessoas de quem Bety estava se referindo naquela nossa conversa. Amanhã começam as minhas aulas e se eu me sair bem talvez consiga subir ainda mais os meus níveis. Ainda estou no nível dois, preciso subir mais para poder exigir um celular e assim entrar em contato com um pouco do mundo exterior.

Meu Diabo FavoritoOnde histórias criam vida. Descubra agora