Capítulo 55

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— Olha — apontei — tem uma piscina de bolinhas gigante — algumas crianças brincavam e riam enquanto eram vigiadas por seus pais que estavam sentados em bancos próximos.
— Nem pense nisso — Lúcifer segurou a minha mão — vai ficar perto de mim o tempo todo, não quero você me fazendo passar vergonha.
— Ninguém vai perceber se eu entrar só um pouquinho.
— Kaila, você não vai entrar ali  — passamos rápido pelo brinquedo e o diabo estava segurando firme a minha mão. Se dependesse dele eu não iria em lugar algum sem supervisão.
— Ali — apontei para outro brinquedo — um pula-pula de dinossauro, cabe nós dois nele.
— Não — ele resmungou.
— Ali, uma barraca de fotos animadas.
— Não!

— Ali, pista de carrinho de bate-bate.
— Já disse que n... espera, onde?
— Bem ali — apontei para a grande pista de carrinhos que ficava no fim do corredor a nossa direita.
— Como conseguiu ver de tão longe?
— Tenho olhos de águia.
— Ok, vamos no bate-bate, mas só um pouco, me entendeu?
— SIM CHEFE. A Horrania ia amar esse lugar — andamos em direção ao brinquedo.
— Vou levar vocês duas em um mega parque amanhã, quem sabe assim ela para de nos chantagear.
— Sério? Vamos ao parque amanhã?
— Você nem disfarça que é uma criança crescida né.
— Mas eu não sou. Apenas gosto dessas coisas.

Chegamos perto da cabine e Lúcifer pediu dois bilhetes, haviam outras pessoas esperando para entrar no brinquedo e a barreira de proteção foi aberta para que entrássemos. Fui rápido pegar o carrinho vermelho, uma réplica de Ferrari. Por dentro era aconchegante e pequeno, haviam poucos comandos, o acelerador, o freio, alguns botões que eu não tinha a menor ideia do que faziam e o volante que possuía algumas luzes bem maneiras.

Lúcifer ia pegar o carrinho que
estava ao meu lado mas outro jovem entrou na frente. Ele aparentava ter a minha idade, estava bem arrumado e por alguma razão me deu um sorriso ao adentrar em seu mini veículo. O diabo não gostou nada daquilo e eu fingi não ter visto nada.
Lúcifer teve que pegar outro carrinho e em menos de dois minutos estávamos dando partida indo para o centro da pista. Virei o volante para a esquerda e contornei os demais veículos para poder ficar atrás do diabo, mas parece que todo mundo pensou a mesma coisa pois os carros entraram em zigue-zague, alguns colidindo, outros desviando e todo mundo rindo. Foquei minha visão para achar Lúcifer e me assustei ao ver que o seu carrinho vinha em toda velocidade em minha direção mas antes que pudéssemos colidir algo acertou a minha lateral, era o carrinho do mesmo jovem de antes. A batida me empurrou para a lateral da pista enquanto tudo girava a minha volta, pisei rápido no freio e estabilizei minha Ferrari.

— EI moça — o jovem me chamou — fica experta ou eu posso te atropelar — ele sorriu outra vez e deu uma piscadela enquanto aproximava-se piscando as luzes do carrinho, como ele estava fazendo aquilo? — não se machucou, né?
— Estou bem, me pegou desprevenida — respondi enquanto virava o carinho o retirando da lateral da pista.
O jovem insistente acelerou em minha direção mas algo o acertou em cheio na lateral, fazendo o seu carrinho girar por toda a pista até colidir com a proteção do outro lado. Como já suspeitava, o responsável por fazer isso foi Lúcifer. De onde ele tirou tanta força e velocidade? Será que tomou distância só pra poder fazer aquilo.

— EI Cara! — ele acenou para o jovem que estava se recompondo — fique experto ou sou eu quem vai te atropelar.
O garoto ficou sem entender nada mas escolheu ficar bem distante do meu carrinho durante toda a brincadeira.
— O que foi aquilo? — perguntei após deixarmos a ala dos brinquedos eletrônicos.
— Aquilo o que? — ele se fez de besta.
— Você quase jogou o cara pra fora da pista.
— Ele estava no meu caminho, foi só isso.
— Ele só estava falando comigo, isso sim.
— Ele estava dando em cima de você.
— E o que tem isso? — hora de provoca-lo um pouquinho, assim ele paga por me dar uma resposta qualquer na noite passada.
— Não tem nada — ele respondeu depois de me olhar com uma cara de assassino psicótico.
— Você está com ciúmes Lucizinho? — agarrei o seu braço.

— Não confunda as coisas, Kaila.
Entramos na área de roupas, haviam várias vitrines e manequins chiques. Bancadas de sapatos, áreas para joias e tudo o que envolviam vestimentas.
— Vai comprar algo? — perguntei.
— Vou encomendar um terno branco, em breve precisarei de um. Chegamos — entramos numa área repleta de assentos, ternos, gravatas, relógios caros e uma das atendentes veio ao nosso encontro.

— Em que posso ajudar? — ela foi logo de sorrisinho besta pro diabo.
— Vim encomendar um terno, fiquei sabendo que vocês são os melhores e que fabricam a medidas.
— Sim, fabricamos o que o senhor desejar, venha, vamos tirar suas medidas.
Lúcifer se livrou de mim e seguiu a vaca risonha até o centro de um pequeno altar arredondado enquanto eu me sentava o mais próximo possível para ficar de olhos bem abertos. A talarica nem sequer me olhou ou perguntou quem eu era, foi logo por as garras no diabo.
— Poderia retirar a blusa, por gentileza? — ela pediu enquanto pegava uma espécie de fita métrica. Cerrei os punhos, não acho que pra tirar as medidas tem que ficar pelado, talvez eu deva processar essa loja.

— Claro — Lúcifer retirou toda a parte de cima e a vaca da funcionaria ficou deslizando a fita por todo o seu corpo, encostando onde podia e queria. Ela se agachou e começou a medir suas pernas, o tamanho, grossura. E claro, colocando a mão onde queria.
— Daqui a pouco vai pedir pra ele jogar o pau pra fora e vai medir com a lingua né minha filha — acabei falando alto demais e todos me encararam. Queria saber por que esse tipo de coisa só acontece comigo.

Meu Diabo FavoritoOnde histórias criam vida. Descubra agora