𝐓𝐑𝐄𝐙𝐄

224 24 143
                                    

Não sabia o que pensar, não enquanto era enfiada em um vestido tão caro que só poderia pertencer à princesa, ou uma dama da realeza

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Não sabia o que pensar, não enquanto era enfiada em um vestido tão caro que só poderia pertencer à princesa, ou uma dama da realeza. O tecido azul claro era delicado ao toque, e me perdi em meio aos belos bordados dourados do busto.

Parecia bonito demais para sequer ser tocado por mim. Além disso, não precisava de nenhum luxo. Não me importava com minha aparência, só queria vê-los.

Parecia que Jude havia mudado de ideia, embora eu não soubesse o que o tinha levado a isso. Quando entrei no meu quarto, deparei-me com Esma à minha espera. Sem muitas explicações, ajudou a me vestir.

A senhora me obrigou a tomar banho em um outro quarto do palácio, um com uma banheira e uma penteadeira decentes. Lavou meu cabelo e esfregou minhas costas, me fazendo sentir como uma criança pequena sob seus cuidados.

— Isso é um exagero. — Finalmente consegui reclamar.

— Não deixaria sua família vê-la naqueles trapos que você usava, e o uniforme não é apropriado para você — falou, arrumando a saia do vestido. — Deve voltar linda como uma princesa, com joias em suas mãos, para que saibam que você está bem cuidada.

Meus cabelos curtos foram penteados, agora um pouco mais longos desde minha chegada, mas ainda mal passavam da nuca. Em minha cabeça, colocou um arco de galhos dourados e em meus dedos, anéis de ouro, exatamente como disse que faria.

Encarei meu reflexo no espelho. As sobrancelhas grossas que herdei de minha mãe, que sempre me incomodavam, não pareciam tão ruins, estavam em harmonia com meus olhos puxados e castanhos claros.

— Não cubra a cicatriz. — Afastei meu rosto quando tentou pintar minhas sobrancelhas.

— Por que não?

— Quem estaria enganando cobrindo uma cicatriz? Minha família? — Me levantei, ouvindo seu suspiro cansado. — Sinto-me ridícula, uma palhaça de bochechas vermelhas.

Encarei a figura no espelho e soltei um riso bobo. Estava tão bem-arrumada que, talvez, se não fosse pelos cabelos curtos, poderia ser confundida com a filha de um nobre.

— Ainda reconheceria seus olhos travessos em qualquer lugar. — Me entregou um dos seus raros risos, dando tapinhas em meus braços. — É hora de ir.

Era fim da tarde quando me levou até a carruagem que partiria em breve. Sorri e a agradeci com um abraço, e ao entrar no veículo me joguei sobre o banco, tentando organizar as camadas de tecido sobre mim, de uma forma que eu não me afogasse em panos.

Usava botas novas por baixo do vestido, mas não havia problema, já que era impossível vê-las devido ao comprimento da saia. Embora Esma tenha ficado irritada quando descobriu que eu não passaria a noite torturando meus pés com sapatos altos.

Ao olhar para o banco em minha frente, deparei-me com Jude. Estava elegantemente vestido como sempre, mas seus cabelos bagunçados pareciam ter sido moldados por uma tempestade.

A Contadora de Histórias | LIVRO 1 E 2 [𝗘𝗠 𝗥𝗘𝗩𝗜𝗦𝗔̃𝗢]Where stories live. Discover now