𝐕𝐈𝐍𝐓𝐄 𝐄 𝐂𝐈𝐍𝐂𝐎

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Nunca antes havia visto Shanti chorar daquela forma

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Nunca antes havia visto Shanti chorar daquela forma. Era como se a qualquer momento seu coração pudesse explodir de tanto desespero. A cena assustou até mesmo o médico, que tentava nos atualizar sobre o estado de Casper.

— Primeiro o rei... agora meu irmão — murmurou Shanti, entre lágrimas que lavavam sua maquiagem e mostravam as sardas escuras em sua pele.

Se ela soubesse que estavam aparecendo, certamente choraria ainda mais.

Fiquei em silêncio, com o rosto virado para a janela, tentando encontrar um pouco de paz enquanto admirava a paisagem. O sangue de Casper ainda manchava minhas roupas e, embora não fosse visível, minhas pernas tremiam.

Ao longe, vi o céu clareando. Havíamos passado a manhã inteira em frente à porta daquele quarto, esperando por notícias positivas.

— Ele está tirando tudo de mim! De nós! Tenho certeza de que é uma maldição. Nosso reino está condenado. Caímos em desgraça e...

— Cala a boca, Shanti — Kaan agarrou seus braços com brutalidade e a sacudiu.

— Não sabemos ao certo a causa. Talvez seja uma doença desconhecida. Mas ontem, o príncipe esteve em contato com o rei durante o ritual — explicou o médico, aproximando a vela do rosto para iluminá-lo em meio à penumbra da manhã.

— A partir de hoje, tanto o rei quanto o príncipe estão em isolamento — acrescentou o sacerdote.

— E-eu também estive em contato com o rei — Shanti tremia. Não sabia dizer se era real ou apenas o efeito das chamas do castiçal nas mãos de seu marido.

— Sua Alteza está grávida. Seria melhor se permanecesse em isolamento, para sua segurança e a de todos. Não podemos deixar que essa enfermidade se espalhe.

— Levem-na — ordenou Kaan aos guardas postados na porta do quarto do príncipe.

— K-kaan... Não! Não vou me trancafiar em um quarto!

Ela tentou escapar para longe dos guardas que a agarraram rudemente pelos braços e a arrastaram para longe. Seus gritos histéricos ecoaram pelos corredores distantes à medida que a levavam para longe.

— Tentaram de tudo? — Encarei o médico.

— Sim, senhorita, de tudo. — Os olhos cansados do velho mostravam claramente que era um homem experiente.

— Mas não magia.

— Bem, não. — O desconforto o alcançou com minha afirmação. — Isso está além do meu conhecimento.

— Não vamos tentar magia. — O sacerdote disse, caminhando de um lado para o outro, exibindo seu corpo magricelo e alto. Era um velho assustador. — Está fora de questão.

— Por quê? Se isso pode salvar o rei e o príncipe herdeiro, por que não tentar?

Ele riu com deboche.

A Contadora de Histórias | LIVRO 1 E 2 [𝗘𝗠 𝗥𝗘𝗩𝗜𝗦𝗔̃𝗢]Where stories live. Discover now