Capítulo 18

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Dul: Seu pai Christopher é o grande amor da minha vida. Sempre vai ser.

Safira: Que pena que ele está no céu... Mamãe por que você casou com meu pai Quinn se não está apaixonada?

Dul: Porque... é difícil explicar.

Safira: Você pode tentar. Eu sou esperta. - o modo como ela fala, concentrada em pegar um pedaço do sorvete, a língua tocando o lábio superior de leve e os olhos juntos pela concentração, me fazem rir.

Dul: É, você é mesmo esperta. Bem, seu pai Quinn...ele sempre cuidou da gente e...

Safira: Então você em gratidão? - Às vezes eu me esquecia de que ela só tinha oito anos, Safira se comunicava como se fosse adulta.

Dul: É. Filha, tem algo que eu preciso te contar.

Safira: Você e meu pai Quinn vão se divorciar?

Dul: Não, é sobre seu pai Christopher. Ele...ele não está lá no céu.

Safira: Mas... mas você falou que ele foi morar lá.

Dul: É porque, durante muitos anos todos nós pensamos que seu pai Christopher tinha morrido. Mas na verdade, ele estava...perdido.

Safira: Perdido? Como? Onde?

Dul: No Marrocos.

Safira: Por que ele não voltou pra casa? Por que não ligou?

Dul: É uma longa história, e prometo te explicar tudo, mas por hora preciso que confie em mim, tudo bem?

Safira: Tudo bem.

Dul: Seu pai... não podia voltar, e não sabia sobre você. Mas ele te ama muito, e quer uma chance de se aproximar de você. Mas preciso te contar outra coisa antes. O seu pai Christopher... foi ele quem bateu no seu pai Quinn.

Safira: Por que? - o choque está estampado no rosto dela. - Eles são amigos!

Dul: Porque ele estava chateado, é difícil explicar.

Safira: Mas você disse que não se pode resolver as coisas batendo, mamãe!

Dul: E não devemos mesmo. Ele fez errado em bater, mas já pediu desculpas ao seu pai Quinn.

Safira: Por isso ele foi falar comigo na escola?

Dul: Sim. - percebo quando ela vai murchando. - O que foi, filha? Eu pensei que você ia ficar feliz.

Safira: Agora que eu tenho meu pai Christopher, não vou mais poder ter meu pai Quinn?

Dul: Ah, é isso? Claro que não, filha! Tenho certeza de que dentro do seu coração tem espaço para amar todo mundo, e quanto mais pessoas nos amam, melhor ainda, você não acha?

Safira: Então... eu posso ter dois papais? E o vô Magno também vai continuar sendo meu vovô?

Dul: Claro, meu amor. - Ela sorri, e o modo como parece com Christopher é incrível. - E então, o que você acha? Quer conhecer seu papai?

Safira: Quero!

Dul: Amanhã nós vamos na casa da vovó Sther, para você conversar com ele.

Safira: Legal!

Envio uma mensagem a Christopher depois de deixar Safira em casa, peço para que me encontre no meu escritório na ONG. O céu começa a escurecer e há poucas pessoas que ainda estão trabalhando, uma das garotas me avisa que Christopher chegou. Peço para que mande ele entrar:

Dul: Chris! - travo a porta atrás de mim e me atiro em seus braços, mesmo tendo passado parte do dia ao seu lado, não chegava nem perto de ser o bastante. Seus lábios encontram os meus, deixo que ele conduza nosso beijo até que nos falte ar.

Ucker: E então?

Dul: Eu falei com a Safira. - seus olhos se arregalam da mesma maneira que os dela, a semelhança era impressionante. - Ela quer conhecer você.

Ucker: Jura? Ah meu Deus, amor, isso é incrível! - ele me segura pela cintura para girar no ar. - Estou ansioso, eu... eu nem vou conseguir dormir essa noite! O que... como devo falar com ela? Eu...

Dul: Fique calmo, meu amor - dou um riso baixo e beijo sua bochecha - vai dar tudo certo. Eu vou levá-la até lá e vocês vão ter tempo para se conhecerem, seus pais vão te ajudar. Só... não fale do Quinn, ok? Sei que é difícil, pra mim também é, mas eles têm uma relação, entende? Ela não tem ideia da pessoa que ele é.

Ucker: Prometo não dizer nada.

Dul: Vou pedir o divórcio. - Os olhos azuis dele reluzem.

Ucker: Você...

Dul: Eu não posso mais viver debaixo do mesmo teto do homem que fez tanto mal a você.

Ucker: Meu amor, não sabe como ouvir isso me deixa feliz, mas tem que ir com calma. Ele não pode saber de nada, preciso de provas que o condenem.

Dul: Tem razão - suspiro - tenho que me conter.

Chego em casa com a mente em um turbilhão, Christopher tinha razão, teria que sustentar esse casamento com Quinn por mais um tempo, embora todas as vezes que olhava para sua cara sentia uma enorme vontade de vomitar e depois socá-lo até que ele estivesse desfigurado. Ouço a voz de Safira vinda da biblioteca e me aproximo devagar:

Safira: Tem certeza, vovô?

Magno: Ora, claro que sim, meu anjinho. Este homem que você quer conhecer e chamar de pai não queria você, por isso deixou sua mãe aqui, grávida. Nem sabemos direito o motivo dele ter voltado. Pode estar fugindo da polícia, ser um bandido perigoso. Não percebe que ele está aqui para separar nossa família? Para te separar do seu pai? De mim? As pessoas que cuidaram de você e te deram todo o amor. - empurro a porta com força, assustando os dois.

Dul: Pare de contar mentiras, doutor Montéquio.

Magno: Ora, Dulce, não seja leviana, eu estou precavendo minha neta! Nós não sabemos o que esse homem quer!

Dul: Esse homem é o pai dela, e nunca faria mal algum a ninguém, especialmente a Safira, então pode ter certeza de que no que depender de Christopher, Safira não vai perder nada, nem ninguém.

Safira: Você promete, mamãe?

Dul: É claro, meu amor.

Safira: Viu vovô, eu disse ao senhor, eu posso ter dois pais, e o senhor pode ser meu avô também, não é, mãe?

Dul: É sim, filha. O seu avô está falando coisas da qual não sabe - digo, dando a Magno meu olhar mais duro possível. Já fez seus deveres?

Safira: Já.

Dul: Então suba, filha. Vá brincar no seu quarto. O senhor nunca mais envenene a Safira falando de coisas que não sabe, me ouviu bem? Essa pode ser sua casa, mas ela é minha filha e vou protegê-la de qualquer maldade, independente de onde venha.

Magno: Eu estou tentando protegê-la, Dulce. Por mais que você não veja isso, já que obviamente escolheu seu lado, o lado errado, é o que digo.

Dul: Não tem lado nenhum, seu Magno, isso não é uma competição. Eles têm direito de se aproximar, como pai e filha. Não é difícil entender isso. - ele bate sua bengala de prata no mármore, passando por mim em direção a saída, antes de me lançar um olhar que faria qualquer um se tremer de medo, mas não eu. Convivi tempo bastante com Magno Montéquio para saber bem que não o devo deixar me intimidar. Demoro um instante para ver que Quinn está ali. Magno sai e nos deixa a sós, fechando a porta atrás de si.

Quinn: Meu amor, estava preocupado! Onde você estava?

Dul: Estava com Christopher. - ele empalidece, surpreso.

Quinn: C...como assim, meu amor? Fazendo o que com ele?

Dul: Falamos sobre a Safira.

Quinn: Claro, claro.

Dul: Eles vão passar o dia juntos amanhã. Também vou estar lá.

Quinn: O que?

Dul: Algum problema?

Quinn: Não, é claro que não - ele me abraça de repente, apertando até quase me sufocar - é que eu tenho medo, ele pode querer fazer sua cabeça, pode querer tomar nossa filha de mim. Você não vai deixar que ele faça isso, vai Dulce?

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