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Demorei? Claro que não. Eu não faço essas coisas.

Fui apenas comprar cigarro.

Tá aí o capítulo, capetada.

Me sigam no tt: @thaynasioli

E não se esqueçam de usar a #OutsiderCS pra eu ver o que vocês estão falando.

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Afinal, é possível conhecer de verdade alguém?

Eu me questiono, sozinha e pensativa enquanto comia o último donuts de geleia de morango. A cama de Camila parecia enorme sem a presença dela. O quarto estava silencioso e sua ida repentina ao hospital em plena noite de domingo fez com que eu me perguntasse se de fato eu conhecia bem minhas amizades.

Acho que é difícil conhecer a fundo uma pessoa, mas deixe eu me expressar melhor.

Quando eu tinha dezessete, quase dezoito conheci a irmã que a vida não tinha me dado. Numa festa aleatória de uma universidade que eu sequer lembro de quem havia me convidado. Eu só estava lá, apareci de supetão pois nem estudava. Minhas piadas ácidas com as desgraças da minha vida não agradaram a novata estudante de psicologia, embora ela se permitisse rir algumas vezes. Foi conexão a primeira gargalhada, e desde então, mesmo sem tamanho ela me protege como se sua vida fosse depender disso. É preocupada, sabe conversar comigo quando eu vacilo e entre as três é a que sabe mais a fundo dos meus sentimentos, pois não me julga. Na verdade, ela julga e põe o nome "trabalho" no meio. Qualquer comportamento meu? "Freud explica". Qualquer mania minha? "É uma coisa que eu não desenvolvi muito bem na infância e cresceu como uma bola de neve". Essa é Allyson Brooke.

A outra loira, nem sei como de fato chegou na minha vida junto a outra morena do grupo. Quando eu vi, já estavam lá. Lucy também morava na república onde Ally vivia, mas com o quase trancamento do curso de administração, não sei se ainda dorme lá. Sem dúvidas a mais louca e sem noção entre nós. Flerta com qualquer par de coxas femininas. Seu requisito é: se o coração está batendo, vou arriscar uma cantada. É a que mais sabe beber também. Dificilmente fica bêbada e não ensina seu segredo a ninguém. As vezes fica com Verônica, coisa bem casual e segundo ela, para aliviar o estresse do dia a dia. Mesmo a morena querendo por uma aliança em seu dedo, acho meio difícil conseguir. Lucy é bicho solto, gata de rua, boêmia das noitadas.

Verônica, ou apenas Vero… vai entender seu jeito. Ela sempre tem uma observação ácida sobre tudo e todos. Entre nós é a mais séria, ou melhor dizendo e sem medo de errar: amargurada. Sei que se envolvia em algumas brigas de rua por andar com gente barra pesada, mas aparentemente está tranquila agora. Quando estamos sozinha conseguimos manter um bom diálogo entre uma ou outra ofensa de amigas. Até saímos para beber juntas uma vez e admito que foi uma das noites mais divertidas que tive na vida. Não sei muito sobre sua família, de onde veio e ela não dá tanta liberdade para falar sobre esse assunto. Parece um tabu que ela não deseja sequer tocar. É basicamente uma incógnita ambulante. E agora, com essa notícia eu me pergunto com todas as letras: O que de fato está acontecendo com ela?

Com o pote de vidro com donuts na mão e o celular na outra, abro o aplicativo de mensagens.

"Você está aí?" – envio arriscadamente.

Mordo meus lábios. Espero que Camila não brigue comigo por isso. Parte de mim precisa saber o outro lado da moeda.

Mensagem não recebida.

Visto por último, na madrugada pós festa. 

— Porra, Verônica! — eu resmungo sozinha, jogando o celular na cama. — Não diz que as autoridades estão certas sobre você. Que inferno, viu.

OUTSIDERWhere stories live. Discover now