94. Tempo

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Eu estava sentada -- medidas preventivas de Rose -- observando Edward na pequena solidão.

Infelizmente ou felizmente, não conheci Edward antes de Bella, nem mesmo antes de Renesmee. Já li na memória de Esme, há alguns meses, que ele era depressivo, quieto, sombrio, e solitário. "Uma alma vagando pela Terra, afinal seu destino não tinha cumprido.", palavras de Esme.

-- Eu não era bem assim. -- respondeu Edward, assustando Gabi, porém me deixando nervosa por ter bisbilhotado meus pensamentos. -- Já tentei não ouvir, não ler pensamentos. Quando encontrei Bella, estava em outra fase, e por isso pensei que ela era um problema.

-- Sabem que eu não estou entendendo, não? -- cochichou Gabi, mas para ela do que para nós.

Continue, ainda não entendi.

-- Tudo bem. -- concordou Edward. -- 1960 á 1990 poderia ser a época da dança, porém era uma das épocas mais românticas que vivenciei. Jantares a luz de velas eram mais comum do que celulares hoje em dia.

"E eu não tinha ninguém. Nada para compartilhar meus poemas, meus pensamentos. Por outro lado, eu ouvia o pensamento de todos, e isso era frustrante.

"Eu sabia, mais que todos, o tamanho do amor de Esme e Carlisle, Rosalie e Emmett.... Eu sabia tudo sobre os amores de todos e era insuportável ver que a grande maioria era correspondida de forma agradável."

-- Como você era egoísta! -- brinquei, escondendo o choro. Era realmente depressivo ouvir aquilo.

-- No dia que Isabella Swan cruzou meu caminho, eu estava diferente. -- continuou Edward. -- Eu estava realmente sombrio, fazendo o possível para afastar o romantismo.

"O destino não quis isso, nitidamente. Eu estava enferrujado quando soltei músicas para Bella. Sempre pensando que ela era um problema para mim.

" Hoje vejo que ela era a solução. Ela é a solução para minha vida decadente dos anos 60. Afinal, com ela é só silêncio."

Acho que Edward escutou os passos, pois assim que ele acabou, Aro abriu a porta.

-- Ora, ora, se não é Edward Cullen sem Isabella Swan.

-- Rá Rá! -- Edward soltou.

-- Por anos pensei em modos de ter você em meu clã. Nunca me veio a ideia de que era só fazer meu irmão se casar. -- comentou Aro, sorridente. -- O pior é que perdi as chances de guerra. Tão deprimente!

Me levantei da cadeira, recobrando os sentidos.

Rose, Emmett e Caius tinham partido atrás de respostas com Carlisle, porém deixaram Gabi, Ed e eu para esperar numa salinha de recepção de Aro com o intuito de falar com o próprio.

-- Aro, não é hora de piadinhas. Acho que nessa hora você deve estar sabendo que eu estou grávida. -- anunciei.

-- Não sabia, cunhada! Meu Deus! Vou ser tio! Oh! -- ele se aproximou de mim e tocou minha barriga.

-- Sabe que não dá para sentir ainda. -- disse Gabi.

-- Ah, pequena! -- exclamou Aro sem tirar os olhos de mim. Depois de segundos, retirou a mão. -- Luiza, bela menina você tem aí. Dou dois dias até o parto. Era isso que queria?

-- Não, Aro. Mas o que disse respondeu meia pergunta.

-- Iríamos perguntar se isso era possível, mas você já disse até o sexo. -- explicou Edward.

-- Sabe Luiza, você é muito boa aliada. Mas é melhor ainda como adversária. Seu dom é o tudo. Você é nossa destruição. -- disse Aro.

Gabi abriu uma cara feia e assustada, e eu apenas virei o rosto.

--Ou talvez seja nossa salvação. -- emendou Aro.

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Carlisle estava com olheiras mais roxas e marcantes. Para Carlisle, a vida não era fácil. Viveu uma vida coordenada pelo pai, e assim que o vampirismo lhe encheu, ele passou a viver no escuro, em esgotos. Quando achou Edward e Esme, Edward se rebelou contra ele. Rosalie -- possível par perfeito para Edward-- não queria nada com Edward, e "forçou" Carlisle a criar Emmett. Alice e Jasper invadiram a vida do clã, sem dar alternativas.
Aro batia no pé de Carlisle por ter um clã grande, afinal Bella tinha acabado de chegar e com Nessie, que lhes deu quase uma morte. Quando tudo parecia eternamente pacífico, eu apareço, abalando estruturas.

-- Ele não se incomoda. -- comentou Edward. Eu levantei uma sobrancelha. -- Do que adianta a eternidade petrificada? Isso tudo é bom. Tragédia é algo humano, e Carlisle adorava sua humanidade.

-- Ainda sim é desconfortável fazê-lo sofrer. -- respirei fundo, e me levantei, cruzando a sala para encontrar Esme e abraça-lá.

Ela sorriu com a surpresa.

-- Que bom que voltaram. Nessie ligou. Ela fisgou "Jacob". Temos que agir rápido.

Assenti e subi as escadas até o escritório, acompanhada por Edward, Gabi, Carlisle e Esme.

Respirei fundo antes de abrir a porta.

Só havia duas possibilidades: Matar Jake, ou encontrar um modo de prender o espírito maléfico.

Abri a porta. Fui de encontro a Caius que me beijou intensamente, porém rápido.

-- Todos aqui? -- disse Rose.

Bella e Luith haviam fugido da casa, depois de deixar a mãe cuidar de Jacob. Seth e Leah estavam ali, encolhidos no canto da sala, talvez com vergonha por Jake. Emmett se localizava ao lado de Rosalie. Alice e Jasper tinham voltado e estavam junto à um homem mais alto que Jasper, porém mais magro, de terno.

-- Este é o Michel, da Alemanha. Ele era um filho da Lua, mas foi transformado em vampiro. Era um hábito comum, afinal a maioria só sabia matar vampiros e não lobisomens. -- explicou Alice. -- Ele tem oitenta e dois anos, mas paralisou aos vinte e oito.

-- Prazer, família Cullen. -- apesar de falar muito bem inglês, ele tinha um sotaque forte. -- Eu presenciei este espírito. Ele é rasteiro. Quando o vi, Ghirdade possuiu a líder de minha antiga matilha. Agia normalmente, porém sempre nos incentivando a matar os vampiros.

-- Tem como não machucar meu amigo? -- Bella perguntou ao rapaz.

-- Eu e meu amigo, lemos uma lenda sobre um pote mágico que aprisionava qualquer espírito. Mas lobos não são conhecidos pela inteligência, por isso nunca achamos o endereço.

-- E qual é a charada? -- Leah perguntou.

-- "O fruto do impossível, lava almas. O fruto do impossível não é um mapa, mas é a jarra para guardar. O fruto do impossível, qualquer espírito nele pode-se aprisionar." -- recitou o homem.

Automaticamente coloquei a mão na minha barriga. O fruto do impossível.

-- Obviamente, travávamos na parte do impossível. -- comentou Michel.

Todos arregalaram os olhos, inclusive eu.

-- Meu bebê é o fruto do impossível. Vampiros não engravidam. -- respondi. -- Meu filho é o pote. Minha filha vai morrer.

Anoitecer [SEM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora