O toque do celular não me permite desfrutar do meu maravilhoso sono, rebolo pela cama a fim de puxar o celular, tateio o criado mudo até sentir o objecto em minhas mãos.-Alô- atendo sem verificar quem estava ligando
-Alan me ajude- Alice choraminga do outro lado da linha
-Oque aconteceu agora?-pergunto abrindo os olhos
-O meu carro avariou frente ao salão, ajude-me por favor, hoje é o dia do meu noivado- sinto o desespero em sua voz
-Tudo bem, acalme-se eu virei buscar você, mande o endereço.- faço uma pausa-Eu vou fazer um banho rápido e já venho.
-Não-grita- não há tempo, eu ainda preciso provar o meu vestido e escolher os sapatos.
-Quanto tempo você precisa para fazer isso?
-Alan por favor não estrague o meu dia e venha logo, eu não me importo com o seu maldito cheiro ou a sua condição fisica-Berrou
-Mande o endereço-desligo o celular antes que ela responda
Encaro a porta do banheiro e a porta do closet em dúvida, eu não quero que Alice jogue a culpa em mim quando as coisas não correrem como planejado, pego uma camisa qualquer e calções confortáveis a rebelia,eu adoraria poder fazer um banho, calço os chinelos e pego as chaves do carro na cama.
...
-Obrigada por ter vindo me salvar-Alice diz adentrando no carro- A propósito, você está fedendo.
-Você pode ficar com o meu carro, eu não tenho paciência para assistir a entediante sessão de noiva-digo ignorando sua provocação.
Sem mais delongas saio do carro e caminho pelas ruas de Califórnia apreciando seu movimento.
O parque está movimentado, as crianças correm desnorteadas esbarrando uma nas outras, outras riem e outras choram, seus pais divertem-se e preocupam-se, o verde exuberante da grama é agradável aos meus olhos, as flores silvestres cativam-me, o banco azul chama a minha atenção, todos ignoram o metal enferrujado com folhas secas e eu acomodo-me nele.
"Uma flor para a bela dama-sorri estendendo os braços para que ela pegasse na flor
-Eu sou apaixonada por petúnias, como você advinhou?-pergunta cheirando a flor
-Intuição-respondo
-Alan- a menina de olhos castanhos grita eufórica me assustando por um momento. mas seu rosto alegre me acalma instantaneamente
-Sua expressão denuncia que você teve uma ideia, compartilhe-a-jogo os braços para trás descansando a cabeça neles
-Petúnia é o nome ideal para a nossa filha-sorri sentando-se novamente
-Otimo, assim será!-concordo
-Você promete que vai contar a ela como esse nome surgiu? promete que sempre indicará esse banco quando trouxer ela a esse parque?
Eu prometo-prometo interiormente fazer de si meu primeiro amor e o último, prometo seguir você assim como você o está seguindo.
O sol se põe levando a minha alegria, quanto mais eu tento eternizar sua presença, o pôr do sol adorna meu amago com a aproximação do dia que a perderei e outro ser ganharei."
-Porquê alguém com vestes caras, escolheria um banco enferrujado para sentar?-pergunta uma voz agradável, desvencilho-me dos meus devaneios e tamanha beleza do ser parado em minha frente surpreende-me.
-Francamente, isso definitivamente não lhe diz respeito- fecho os olhos ignorando sua presença.
-Me desculpe, mas eu acho que você não precisa ser grosso-responde sentando-se ao meu lado.
-Primeiro levante-se imediatamente, segundo não me lembro de ter perguntado oque você acha- não me preocupo em abrir os olhos para encara-la, o silêncio denuncia a sua presença e eu me vejo obrigado a abrir os olhos.
-Porquê você continua sentada? eu mandei levantar-digo encarando-a pela segunda vez, dessa vez eu me permito observar seus traços sem mudar meu semblante enraivecido, por um instante sua beleza me confunde, me parece tão familiar e eu sei perfeitamente com quem eu quase a estou confundindo.
Afasto os meus pensamentos e aguardo uma resposta que não chega.
-Responda-ordeno
-Primeiro, eu odeio ficar explicando o óbvio. Segundo, você não pode me dar ordens.-seu dedo indicador para em meu peitoral
-Oque seria o óbvio?-pergunto surpreso com tamanha audácia-de qualquer jeito você obedeceu a minha ordem-provoco.
-O óbvio é que esse é um lugar público, e se a minha presença te incomoda, retire-se você.-estoca os dedos em meu peitoral removendo-os de seguida.
O toque do celular congestiona a minha resposta, o nome estampado na tela não me permite ignorar a chamada, sem olhar para a figura irritante retiro-me do local deslizando a tela.
-Você está atrasado.-Santiago grita do outro lado da linha assustando-me, rapidamente verifico as horas e tenho certeza de que eu fiquei e briguei mais do que deveria naquele parque.
-Alguns imprevistos impediram a minha pontualidade- digo procurando um táxi algures.
-Imprevistos no dia do meu noivado Alan-faz uma pausa-Se você não chegar em uma hora, você terá sérios problemas Alan Santana-encerra a chamada antes que eu possa responder.
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Trechos do passado
UngdomsfiksjonGabriela tinha tudo e nada, o espezinho de quem a deveria amar levou-a a cercania da aversão. Alan desconhece o prazer de se sentir amado. Frio, arrogante, crédulo, cético a dor da perda levou-o a criar suas versões mais obscuras.