Capítulo 2

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O toque do celular não me permite desfrutar do meu maravilhoso sono, rebolo pela cama a fim de puxar o celular, tateio o criado mudo até sentir o objecto em minhas mãos.

-Alô- atendo sem verificar quem estava ligando

-Alan me ajude- Alice choraminga do outro lado da linha

-Oque aconteceu agora?-pergunto abrindo os olhos

-O meu carro avariou frente ao salão, ajude-me por favor, hoje é o dia do meu noivado- sinto o desespero em sua voz

-Tudo bem, acalme-se eu virei buscar você, mande o endereço.- faço uma pausa-Eu vou fazer um banho rápido e já venho.

-Não-grita- não há tempo, eu ainda preciso provar o meu vestido e escolher os sapatos.

-Quanto tempo você precisa para fazer isso?

-Alan por favor não estrague o meu dia e venha logo, eu não me importo com o seu maldito cheiro ou a sua condição fisica-Berrou

-Mande o endereço-desligo o celular antes que ela responda

Encaro a porta do banheiro e a porta do closet em dúvida, eu não quero que Alice jogue a culpa em mim quando as coisas não correrem como planejado, pego uma camisa qualquer e calções confortáveis a rebelia,eu adoraria poder fazer um banho, calço os chinelos e pego as chaves do carro na cama.

...

-Obrigada por ter vindo me salvar-Alice diz adentrando no carro- A propósito, você está fedendo.

-Você pode ficar com o meu carro, eu não tenho paciência para assistir a entediante sessão de noiva-digo ignorando sua provocação.

Sem mais delongas saio do carro e caminho pelas ruas de Califórnia apreciando seu movimento.

O parque está movimentado, as crianças correm desnorteadas esbarrando uma nas outras, outras riem e outras choram, seus pais divertem-se e preocupam-se, o verde exuberante da grama é agradável aos meus olhos, as flores silvestres cativam-me, o banco azul chama a minha atenção, todos ignoram o metal enferrujado com folhas secas e eu acomodo-me nele.

"Uma flor para a bela dama-sorri estendendo os braços para que ela pegasse na flor

-Eu sou apaixonada por petúnias, como você advinhou?-pergunta cheirando a flor

-Intuição-respondo

-Alan- a menina de olhos castanhos grita eufórica me assustando por um momento. mas seu rosto alegre me acalma instantaneamente

-Sua expressão denuncia que você teve uma ideia, compartilhe-a-jogo os braços para trás descansando a cabeça neles

-Petúnia é o nome ideal para a nossa filha-sorri sentando-se novamente

-Otimo, assim será!-concordo

-Você promete que vai contar a ela como esse nome surgiu? promete que sempre indicará esse banco quando trouxer ela a esse parque?

Eu prometo-prometo interiormente fazer de si meu primeiro amor e o último, prometo seguir você assim como você o está seguindo.

O sol se põe levando a minha alegria, quanto mais eu tento eternizar sua presença, o pôr do sol adorna meu amago com a aproximação do dia que a perderei e outro ser ganharei."

-Porquê alguém com vestes caras, escolheria um banco enferrujado para sentar?-pergunta uma voz agradável, desvencilho-me dos meus devaneios e tamanha beleza do ser parado em minha frente surpreende-me.

-Francamente, isso definitivamente não lhe diz respeito- fecho os olhos ignorando sua presença.

-Me desculpe, mas eu acho que você não precisa ser grosso-responde sentando-se ao meu lado.

-Primeiro levante-se imediatamente, segundo não me lembro de ter perguntado oque você acha- não me preocupo em abrir os olhos para encara-la, o silêncio denuncia a sua presença e eu me vejo obrigado a abrir os olhos.

-Porquê você continua sentada? eu mandei levantar-digo encarando-a pela segunda vez, dessa vez eu me permito observar seus traços sem mudar meu semblante enraivecido, por um instante sua beleza me confunde, me parece tão familiar e eu sei perfeitamente com quem eu quase a estou confundindo.

Afasto os meus pensamentos e aguardo uma resposta que não chega.

-Responda-ordeno

-Primeiro, eu odeio ficar explicando o óbvio. Segundo, você não pode me dar ordens.-seu dedo indicador para em meu peitoral

-Oque seria o óbvio?-pergunto surpreso com tamanha audácia-de qualquer jeito você obedeceu a minha ordem-provoco.

-O óbvio é que esse é um lugar público, e se a minha presença te incomoda, retire-se você.-estoca os dedos em meu peitoral removendo-os de seguida.

O toque do celular congestiona a minha resposta, o nome estampado na tela não me permite ignorar a chamada, sem olhar para a figura irritante retiro-me do local deslizando a tela.

-Você está atrasado.-Santiago grita do outro lado da linha assustando-me, rapidamente verifico as horas e tenho certeza de que eu fiquei e briguei mais do que deveria naquele parque.

-Alguns imprevistos impediram a minha pontualidade- digo procurando um táxi algures.

-Imprevistos no dia do meu noivado Alan-faz uma pausa-Se você não chegar em uma hora, você terá sérios problemas Alan Santana-encerra a chamada antes que eu possa responder.

Trechos do passadoWhere stories live. Discover now