Capítulo 7

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Fingir prestar atenção na tela do celular não ameniza a minha raiva, se eu pudesse partir a chávena com o aperto que estou exercendo nela, me acalmaria muito, poder saber se os cacos de vidro em minha pele seriam mais insuportáveis que o meu sentimento de raiva.

Se continuar sentado nessa mesa rodeado dessas 3 pessoas, principalmente da estupida que me tornou motivo de piada, eu acho que jogarei café quente nela, levanto a cabeça encarando todos que não pronunciam nenhuma palavra, esperando que eu faça qualquer coisa com Gabriela. Eu faria se Santiago não demonstrasse gostar muito dela.

Levanto-me fixando o olhar nela, que me fita apavorada, provavelmente esperando que eu revide, sorrio de canto e saio andando em direção ao estacionamento, não estou em condições de participar da ultima aula.

Destranco o carro, abro a porta jogando a minha mochila, e o meu celular, descarto a direção e caminho ignorando a temperatura que me fará suar.

-Surpresaaaaaa-Grito adentrando no apartamento

-Ah vuxe veio- levanta da mesa e em passos curtos corre para me abraçar

-Não Petúnia, estou suado.

-Não tem pubema, eu só queio um abaço antes de ir para escolinha- fala esticando os braços, perseguindo-me

-Não não e não-fujo

-Mxiuuuu, Lucy expulsa esse sinhor do meu apatamento- cruza os braços

- Com muito prazer mocinha, senhor faça-me o favor de sair por essa porta, a princesinha qui é fanática por pontualidade- Lucy diz aparecendo na sala

-Vocês duas se comportem, não tem o direito de me expulsar- faço cara de ofendido

-Se me der um abaço eu te deixo ficar- Petúnia diz fazendo bico

-Sua chata, vou fazer um banho rápido então.

-O namorado da Lucy tá usando o banheiro.

-Lucy- olho para Lucy que dá de ombros com um sorriso zombador

-Petúnia, posso usar o banheiro do seu quarto- peço já sabendo a resposta

-Paiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, ninguém, ninguém, ninguém usa o meu banheiro-grita

-Fanática por limpeza, antivírus, anti vermes e tudo mais relacionado a higiene em excesso- Lucy diz servindo leite

-Por favor princesa-Imploro

-Não estou ovindo não etou ouvindo- fecha os ouvidos com as suas mãozinhas

-Você não quer um abraço? eu não quero sujar você princesa.

-Não, não, não, não 

Depois de tanta insistência, Petúnia finalmente aceita que eu faça uso do banheiro mais infantil do mundo, com mosaicos e azulejos cor de rosa, e vários postes de Barbie, devo admitir que é o banheiro mais limpo e organizado desse apartamento. Tenho umas roupas no quarto de visitas, Petúnia ficou com a suite que tem um banheiro e closet, um quarto que deveria pertencer a mim ou a Lucy, porém ela fez uma chantagem emocional, eu não consegui resistir e Lucy não se importou.

-Agora você pode me abraçar- estendo os braços para receber a garotinha travessa.

O namorado de Lucy aparece um pouco envergonhado, apesar de já o ter visto varias vezes aqui, nunca me importei em familiarizar tanto com ele, e sempre que me vê ele parece tímido.

-Alan nós precisamos levar Petúnia, senão ela vai armar um barraco por uma simples demora de 2min- Fernando diz, estendendo os braços para Petúnia que corre para um abraço, invejo a relação deles, Petúnia fala bem de Fernando e do tempo que eles passam juntos, dos comentários das pessoas dizendo que eles são tão fofos juntos e que ele é um ótimo pai.

-Ei pai acoda, etou me despedindo de vuxe- Petúnia balança os meus ombros com ajuda de Fernando que a está carregando

-Ah desculpa Princesa- Deposito um beijo casto em sua pele macia e Fernando leva ela para o exterior do apartamento.

Caminho em direção a janela apreciando e invejando a conexão surreal que ambos têm, Petúnia aperta as bochechas de Fernando que retribui com um olhar paternal.

-Alan precisamos conversar- Lucy fala tirando-me dos meus devaneios

-Fala Lucy- respondo mal-humorado

-Nem vem Alan, ela é sua filha, você deveria enfrentar seus medos e confessar a sua família que você tem uma filha, desse jeito você poderá passar mais tempo com a sua filha, mas não, você prefere ficar aí invejando a boa relação que Fernando tem com a sua filha que sente tanta falta do pai.

-Chega Lucy, eu sei que você não ficou aqui para falar da minha inveja.

-Não mesmo-faz uma pausa hesitando.

-Desembucha logo- falo impaciente.

-Eu vi a irmã de Hannah, levei Petúnia a sorvetaria porque ela estava triste por sua causa, devo lembrá-lo que ontem você disse que viria e não veio? - reviro os olhos

-Prossiga.

-Ela conversou com Petúnia quando eu me ausentei para escolher os sabores.

-Porque você esta me contando?- Hannah me fez prometer que nunca procuraria sua irmã.

-Alan...

Fernando buzina e eu agradeço.

-Vá, ela não quer se atrasar- seu olhar denuncia sua vontade de querer brigar, sei que se eu me permitir conversar sobre a irmã de Hannah com Lucy, quebrarei a promessa que fiz a ela de nunca procurar sua irmã.

“-Nossa filha- digo aproximando-me da maca que Hannah esta ocupando

-Petúnia.

-Segure-a- estico os braços para que ela pegue na nossa filha.

Sinto a hesitação em seu olhar, incentivo-a com um olhar para que ela sinta o calor de sua filha, o prazer de se tornar mãe, lagrimas inundam seu rosto assim que Petúnia se encolhe em seus braços.

-Minha filha, você foi fruto de um erro, mas não me arrependo de tê-la trazido ao mundo.

Suas palavras magoam, soam como flechas miradas em meu peito, na medida que seus lábios se movem sinto meu peito arder, amar e não ser amado é devastador, quanto mais ela nega o meu amor, mais a amo.”

Trechos do passadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora