Capítulo 12~ Te conto no caminho pra casa.

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Pov'Andrew.


  Já trabalhava na narco a quase seis anos, conheci Alex bem no início, foi a primeira pessoa que fiz amizade, depois dele Nico, tinha muitos colegas ali, mas amigos apenas eles, assim como minha esposa, eu amava estar ali, sempre soube o que queria ser, minhas mães quase tiveram um infarto quando falei que seguiria na área. Porém não teve volta, estudei e me dediquei para conseguir, por isso quando Meredith contou sobre seu desejo, apesar de saber que nem sempre era "leve" a incentivei.

- Nico? - chamei o cara asiático.

- Andrew! Qual a novidade?

- dia 08 será aniversário de Meredith e nosso primeiro mês casados, vamos aproveitar tudo e fazer uma festinha pra inaugurar a casa nova, espero te ver lá.

- pode contar comigo, preciso levar três presentes? - sua pergunta era divertida.

- como ganhei um bom presente de casamento, só o da Mer - respondi no mesmo tom descontraído.

- pode deixar, também vou levar uma birita barata.

- vai comprar na farmácia? Álcool puro!

- exatamente - ele bufou.

- vai levar o namorado! Ou já trocou?

- um novo todo mês - seus olhos reviraram.

- claro que sim! Não vai faltar.

- não vou.

- agora tô indo, hora de buscar a patroa - dei uma batidinha no ombro dele - cria juízo.

- vou tentar - ele riu.

  Passei na sala de Catherine para um último papo sobre o caso que estava trabalhando, ainda não se sabia muito, ninguém tinha nada além de um codinome, nada, nem uma única foto manchada, ou indícios de onde achar a tal princesinha do tráfico.

Cheguei na delegacia e decidi entrar para conhecer o lugar, haviam duas pessoas sentadas esperando, alguns policiais que me olharam torto, imagino que por minha farda, um homem alto e negro foi saindo de outra sala, junto com uma mulher latina, alta e que dava medo só de olhar, ambos me olharam.

- posso ajudar? - o homem perguntou.

- sim! Procura a delegada - falei.

- sou o delegado Reade, pode falar.

- procuro A DELEGADA GREY - repeti, o cara me olhou feio.

- não tem nada que a Grey possa fazer que eu não posso.

- tem sim! Onde a encontro?

- oi, eu sou a callie, te levo até a sala dela.

- Callie, Andrew! Obrigado... Com licença - falei para o idiota.

- não liga pro cara lá, ele acha que é melhor que todo mundo... Então você que é o marido da Grey?

- como sabe?

- ficou na cara quando falou "tem sim" e a aliança! Deduzi, sou investigadora - ela se explicou.

- e quem é o idiota?

- Edgar Reade, como disse um idiota - ela riu - entregue, pode entrar ela está sozinha.

- obrigado.

Dei duas batidas na porta e ouvi o "pode entrar" abri devagar e vi minha esposa sentada em uma cadeira grande com as pernas sobre a mesa.

- bom dia delegada.

- amor!

- é assim que recebe todos?

- o delegado do turno já chegou, imaginei que seria alguém da delegacia... Estava lendo isso, coisa chata demais.

- pronta para ir pra casa?

- sim - Meredith levantou - mamãe ligou perguntando se queremos almoçar com ela, e Julieta nós convidou pra jantar.

- e nos aceitamos algum dos convites?

- marquei os dois pra amanhã, hoje só quero ficar em casa e dormir.

- você quem manda, vamos?

- sim! - ela pegou sua bolsa e o celular - preciso esquecer esse dia.

- o que aconteceu?

- te conto no caminho pra casa - sua resposta foi curta e seca, acho que minha esposa não teve um bom primeiro dia.

- certo, conheci um tal de Reade... Que cara babaca.

- nem me fala.

Quando sai com Meredith, o cara idiota ainda estava na frente da delegacia, ele nos olhou juntos e viu nossas mãos unidas, seu rosto se retorceu, abri a porta do carro para Meredith e fui para o lado do motorista.

- pelo visto o babaca não gosta de você.

- e deixou claro pra metade da delegacia que não aceita ordens de uma mulher branca, loira e privilegiada, que possivelmente dormiu com alguém pra conseguir algo.

- ele falou isso? - meu sangue ferveu, não pensei duas vezes e sai do carro.

- Andrew? - Meredith chamou, andei até onde o filho da puta estava.

- Reade? - chamei.

- o que? - ele me olhou.

- a próxima vez que você insinuar que minha esposa dormiu com alguém pra estar aqui eu juro que...

- Andrew, para! - Meredith mandou - eu não preciso que me defenda.

- eu sei que não! - falei sem desviar o olhar o tal Edgar.

- outro branco privilegiado, acha que tenho medo de você só por que veste uma farda da narco?

- não é pra ter medo, e chega a ser ridículo você se vitimizando por sua cor... Fica longe da minha mulher.

- ou o que?

- fica longe dela - mandei.

Voltei para o carro e Meredith me seguiu, queria ter enfiado a mão na cara daquele cretino, mas aguentei.

- nunca mais na sua vida faz isso - Meredith mandou com raiva.

- nenhum filho da puta vai ofender a minha mulher.

- primeiro que eu não sou a porra de um objeto, pra você falar nesse tom, segundo que eu sei me defender e terceiro que você ter indo até ele me faz parecer fraca e eu não sou.

- eu sei que não.

- mas ele que me fazer ser, e agora conseguiu... Melhor ir pra casa logo, tô cansada.

- amor!

- Andrew, eu não quero brigar, vamos pra casa.

- ok!



👮🏻‍♂️👮🏼‍♀️🎯



O caminho todo pra casa foi em total silêncio, quando parei o carro Meredith saiu sem me esperar batendo a porta com força, que maravilha menos de duas semanas casados e já estamos na primeira briga, eu não podia nem reclamar já que foi culpa minha, mas o que ela esperava?

- amor vamos conversar!

- tô cansada Andrew, a noite foi longa, não dormi, tô com dor de cabeça - era possível ouvir os saltos grossos da sua bota batendo na madeira da escada, subi sem tanta raiva - só quero dormir.

- desculpa!

- droga Andrew, eu não quero conversar - ela falou alto.

Beleza melhor esperar!

Sentei no sofá e fiquei esperando ela tomar banho, depois fui também, quando sai do banheiro Meredith já estava enfiada debaixo do cobertor, não dormia, mas me ignorou. Deitei também no meu lado, me aproximei dela, mas a garota nem ligou, fechei meus olhos para tentar dormir, a noite foi longa realmente.

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