Cap XVI - Fique por perto.

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Pov Wanda.

_ Ah, é... Preciso ver o Stranger hoje, tirar algumas dívidas sobre o que Agatha falou. — Viro completamente o rosto para Laura, que estava com um sorriso safado na minha direção, provavelmente percebendo para onde eu estava olhando um segundo antes. 

Frouxa. Ela move os lábios, sem deixar que nenhum som saia, enquanto revirava os olhos. Mas o que...? Bebo o café de uma vez como castigo, totalmente envergonhada, sentindo-o queimar minha garganta. 

_ Tudo bem. Mas não dará para ir hoje, não estamos com o carro, e não dá para te levar na moto porque sairei em breve para pegar umas coisas com o Mason. — Natasha fala casualmente, pega uma fruta e sobe as escadas. Isso me deixa aliviada, porque ela notou os eventos dos últimos segundos, caso contrario não perderia a oportunidade de tirar sarro da minha cara.

_ O que foi isso? — Pergunto para Laura, após me certificar de que Natasha não nos ouviria. 

_ Eu quem pergunto. Achei que você fosse mais durona e tal... — Diz rindo. Apenas semicerro os olhos em sua direção e saio da casa, ou do contrário, ouviria a senhora Barton fazer inúmeras piadas sobre minha mais nova e inusitada situação, a qual ignorarei completamente. 

Estou aqui a uns dias e ainda não conheci a fazenda por inteiro, hora de dar uma caminhada para clarear a mente. Me afasto da casa, aproveitando para contemplar a vista. O lugar realmente é incrível. Tem aves, um lago e algumas poucas plantações, que duvido muito serem cuidadas por Clint.

Fico assim por uma hora, pensando no que a Natasha me falou sobre os meus poderes, e no real peso que essa consequência tem. Havia passado uma hora, quando para em baixo de uma árvore e ouço um barulho de motor se aproximar.

_ Ei. — Natasha fala parando a moto ao meu lado, alguns segundos depois. _ Estou indo ver o Mason aqui perto, quer ir? Tem um capacete sobrando e talvez, você também ter um fornecedor. — Me mostra o capacete. 

_ Posso conjurar coisas com minha mente e não preciso de armas, você sabe disso, não é?

_ Sempre contando com as faíscas vermelhas, não é? — Diz, no mesmo tom. Na verdade, eu não queria subir naquilo, mas queria falar com ela sobre os últimos acontecimentos, e com últimos, me refiro ao uso dos meus poderes, e as aulas com a Ágatha.

_ Se você me derrubar, eu te mato. — Falo pegando o capacete e subindo na moto. _ E tira esse sorriso da cara. 

_ Quem disse que estou sorrindo?

_ Vamos, Romanoff. - Ela dar uma risadinha baixa e em seguida dar a partida. _ Eu queria falar com você... Aí meu Deus. — Grito quando sinto a moto pegar velocidade muito rápido, o que me faz segurar em sua cintura.

Depois de um tempo, e ela ignorar totalmente meus gritos para ela diminuir, assim como todos os tapas dados em seu abdome, totalmente duro, só para constar... A sensação do vento, com o cheiro da vegetação, parece ser libertadora. Me permito aproveito a viagem, que não leva mais que 40 minutos.

_ O que achou? — Pergunta ao estacionar.

_ Cala a boca. — Me limito em dizer. Avisto o Mason deitado um pouco mais a frente da estrada. Nos aproximamos, e ela o acorda gentilmente com um chute no pé. Delicada como um cavalo. 

_ Você não dorme a noite, ou o quê? — Comenta e o homem abre os olhos já sorrindo ao vê-la e, reação totalmente diferente quando seus olhos se voltam para mim. 

_ Bom dia para vocês também. — Levanta, pega uma bolsa onde, antes, estava sua cabeça, e entrega para ela. _ Está tudo aí. Armas, munição, passaportes... Tem um mapa com a localização do trailer, achei melhor não mandar por mensagem. Os ajustes foram realizados conforme você pediu.

_ Obrigada, Mason! Tempo recorde! — Ela fala, e o homem rir.

_ Você me conhece, sou o melhor. E o tempo sairá do seu crédito. — Aponta para a mesma, rindo. 

_ Claro. — Responde, analisando as coisas na bolsa.

_ Enfim, aí tem tudo o que vocês duas precisam para sumir por um bom tempo.

_ Vocês duas? — Estava me mantendo apenas como observadora, até esse momento.

_ Então é isso. Aqui. — Ela me ignora totalmente, entregando um envelope ao homem. _ Nesse endereço você achará o crédito por essas e outras coisas que eu precise. Novamente, obrigada! Você é um bom amigo, Mason.

_ Como eu disse antes, é tudo o que um homem quer ser. — Pisca o olho, erguendo o envelope e, Natasha faz sinal para voltarmos para a moto. Me entrega a bolsa e a ponho nas costas, subimos e seguimos viagem, comigo em total silêncio, pelo menos audivelmente.

Ela estava considerando sair daqui e me levar junto, mas não me disse nada a respeito, então... Como o alguém normal que sou, esperarei ela tomar a iniciativa e me contar, antes de pirar. Ao chegarmos na entrada da fazenda, ela para em um local afastado da casa, e me pede para descer, o faço, e sigo-a na direção do lago que vi mais cedo. 

_ Devo me preocupar ou você vai me contar o que está acontecendo? — Pergunto, ao vê-la esconder a mochila com as coisas que acabamos de pegar do seu fornecedor. 

_ Você não quer levar uma bolsa cheia de armas para uma casa com três crianças, quer? — Apenas suspiro. Ela senta no chão, e me pede para sentar ao seu lado, o faço. 

_ Tem sido cansativo, não é? Voltar? — Ela baixa a cabeça, e nega. _ Porque você quer sair daqui?

_ Eles são pessoas boas, Wanda, uma família feliz... Não quero colocá-los em perigo.

_ Eu entendo. — Ficamos em silêncio, observando as aves sobrevoando e pousando no lago. _ Porque me levar com você? Poderia ir e ficar protegida, assim como eles.

_ Quer me proteger? — Me encara, e aceno positivamente.

_ Então fique por perto. — Volta a atenção para o lago. _ Tudo isso... Tem sido muito intenso. Quando Thanos apareceu, e levou com ele metade do universo, eu perdi muito, muito Wanda. Vi as pessoas mudarem, cada uma vivendo o luto a sua forma. Mas a única coisa que eu conseguia pensar era no que eu tinha antes, em tudo o que não vivi. Queria vocês de volta, consertar as coisas...  Aí você me deu essa chance, e ontem queria ir embora, ou que eu fosse embora, não importa... Só me pareceu errado.

_ Foi errado. Mas minha intenção não era te fazer viver as mesmas coisas, e sim te dar uma vida normal.

_ Normal? — Baixa a cabeça, rindo. _ Quando tivemos uma vida normal? Você já esteve na minha cabeça, sabe uma parte do que passei, e não precisa ser um gênio para imaginar o que você passou também. — Seu ombro fica tenso, e sinto que ela está tentando ser cautelosa. — Pessoas como nós, não têm vida normal. Ontem errei em te pedir para não usar os seus poderes, você precisa tomar essa decisão sozinha. — Ela toca em minha mão, e sinto aquela parte do meu corpo formigar. _ Não é justo para você, então estou disposta a sair daqui, Wanda, se essa for a sua vontade, mas preciso deixar claro que não é a minha, deixar você.

O silêncio paira no ar com a revelação. Não esperava por nada nem parecido, e me sinto tão estranha com o fato de alguém querer cuidar de mim assim de novo. Visão foi o único que me fez sentir acolhida quando cheguei no complexo dos vingadores, digo completamente acolhida... Mas e se eu estivesse errada? E se apenas não percebi o quão grande era realmente aquela família? Fico pensando nisso, enquanto olho para as nossas mãos unidas. 

_ Quando saímos? — Respondo, após o que pareceu ser um longo, tempo. Um sorriso largo aparece em seu rosto, e automaticamente a acompanho no gesto.

_ Depois do fim de semana. — Levanta e me ergue junto. Novamente há uma troca de olhares, mas dessa vez, não era nada estranha. 

Aquilo que não queria definir, estava claro agora. Ali na minha frente, havia uma nova chance.

Welcome BackWhere stories live. Discover now