VINTE E DOIS

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Eu simplesmente estou conversando com a Lindalva, mãe do Gabriel.

A gente falou sobre várias coisas, até sobre política, e não rolou briga porque temos a mesma opinião.

E advinha? Ela sabia que eu era a maluca dos vídeos.

- Faz tempo que você é fã do meu filho?- ela pergunta.

- Desde que ele entrou no flamengo, era impossível gostar dele antes, afinal jogava em time rival.

- Era mesmo- ri- vocês já se encontraram, né?

Bom, definitivamente sim.

- Nos encontramos sim, em Angra já que eu moro lá.

- Ele foi legal com você? Não ficou bravo por causa dos vídeos, né?

Então...

- Não, até que ele reagiu bem, assim como os outros jogadores, acho que eles entendem que a maior parte da torcida é assim.

- Amor e raiva juntos, faz parte.

- O jogo vai começar- o Fabinho planeta– ouvi chamarem ele assim– anuncia e todo o nervoso que tinha ido embora nesses 15 minutos de intervalo vai pra puta que pariu.

Começo a tremer de novo.

- Eu não vou aguentar mais 45 minutos- choramingo.

- Deus ilumine todos eles, vai dar tudo certo- ela diz e eu concordo com a cabeça, me levantando.

Voltamos todos pra arquibancada e eu passo a ver o jogo perto da Dhiovanna e o John.

Preciso nem dizer que eu com o meu primo surtamos, né?

- TÁ COM O PÉ TORTO PORRAAAAAA- grito assim que o Gabriel erra um chute que até eu teria acertado e só depois me toco que tô no camarote da família e amigos dele.

Vai se ferrar, Milena.

O John me olha e começa a rir feito um louco, eu faço o que? Dou risada também.

- Porra, Milena, se a gente for expulso daqui eu te mato- ele cochicha e eu cubro meu rosto com a bandeira que me deram, sei nem quem foi.

- É a força do hábito.

O jogo continua e a desgraça do Corinthians quase me faz infartar por quase fazer vários gols.

Do lado do flamengo eles só perdem gol, o Gabriel manda a bola pra longe, isso quando não perde algum lance.

Acho que eles odeiam os torcedores.

Aos trinta e poucos minutos um jogador do Corinthians faz um gol, eu nem sei quem foi porque nesse momento já tava xingando até a outra encarnação do desgraçado.

- Eu não vou aguentar! Não vou mesmo, eu tô sentindo minhas forças indo embora- choramingo me sentando- porque o flamengo tem que fazer a gente sofrer tanto? Fala pra mim, John, não poderia ser fácil?

- Se fosse fácil não seria flamengo.

Eu tiro a força não sei de onde e subo em cima do banco e fico pulando enquanto tenho a bandeira nas minhas costas.

De repente a minha imagem aparece no telão.

Mano?

Acho que a câmera tava querendo encontrar os pais do Gabriel que tão um pouco acima de mim e viram essa maluca aqui.

A torcida começa a gritar:

"Uh é Gabigol, uh uh é Gabigol"

O filho da puta do meu primo começa a rir e eu sinto meu rosto todo ficar quente.

𝗖𝗹𝗼𝘀𝗲 𝗳𝗿𝗶𝗲𝗻𝗱𝘀•• 𝗚𝗮𝗯𝗶𝗴𝗼𝗹Onde histórias criam vida. Descubra agora