8

3.8K 555 109
                                    

×100 comentários.

Carmem;

Rolei na cama e me encostei na parede, sentindo ela gelada contra meus braços. Respirei fundo e fechei os olhos mais uma vez tentando dormir. Eu estou tão cansada..

Abri os olhos vendo a tigela de beterraba. Mexi minhas mãos sentindo elas doerem, a corrente presa nos meus braços e na cadeira que estou sentada.

A respiração quente do Brown, atrás de mim, me deixa em alerta. Meu corpo treme de medo e susto.. de novo. Não. Não, não, não. A mão dele passou a minha frente e pegou o garfo, ele prendeu um pedaço de beterraba e ergueu o braço, parando na frente do meu rosto.

Brown: Amor. - A voz dele saiu como um aviso e eu continuo imóvel. Merda! - Que porra, Carmem!

Sua outra mão segura meu maxilar e ele aperta, me fazendo fechar os olhos pela maldita dor. Filho da puta. Ele chacoalha meu rosto e bufa, eu não vou ceder. Eu não posso ceder.. eu não posso.

Brown: Abre a porra da boca, caralho! - Ele grita puxando meu rosto e apertando. - Eu vou te soltar, eu prometo, mas tu tem que comer. Porra.

Carmem: Eu não quero, Brown. - Respondo chorosa e ele suspira alto. - Eu não gosto, você sabe.. Me deixa sair, eu tô ficando enjoada, por favor.

Ele me olha por segundos e derepente joga o garfo de volta na tigela. Eu solto um suspiro aliviado, talvez ele tenha me entendido e me deixe. O silêncio se instala e ele apenas fica me olhando, segurando meu rosto e com o semblante sério.

De um instante pro outro, ele surta.

Vejo ele pegar a tigela e bater com ela no meu rosto que imediatamente começa a doer. As beterrabas caem em cima de mim e ele grita coisas, muitas coisas, antes de jogar a tigela na mesa novamente.

Brown: Come a porra da beterraba, agora! - Gritou puxando meu cabelo, minha cabeça Inclinou para trás e eu chorei assustada. - Come!

Ele pegou um pedaço de beterraba na mão e trouxe até mim, forçando ela contra minha boca. Gritei tentando empurrar ele e afastar meu rosto, ele apenas colocou mais força empurrando a maldita beterraba entre a minha boca. Chorando e desesperada eu tentei gritar, ele aproveitou a brecha e enfiou a beterraba na minha boca.

Tentei cuspir e ele gritou colocando a mão na frente da minha boca, impedindo de abrir. Me forçando a ficar com a beterraba na boca.. Meu estômago começou a se revirar e doer, eu odeio isso. Eu odeio ele.

O caldo de toda a beterraba escorreu pelo meu rosto e pescoço, junto com o sangue do pequeno corte na testa.. Comecei a engasgar e ele ignorou. Completamente.

Levantei em um pulo. Confusa. Assustada.

Sentei na cama respirando fundo, puxando o ar que começou a faltar. Jesus.. Me descobri e passei a mão no meu rosto escorrendo suor, caralho, isso foi muito real.

Não foi um sonho, foi uma lembrança.

Mas agora ele tá morto. Ele não vai mais voltar ou encostar em mim de novo, ele morreu. O que não morreu foram as lembranças, as coisas que ele fez, tudo o que eu vivi nas mãos dele.. Tudo está comigo. Gravado na minha mente e eu nunca vou conseguir apagar isso.

Eternos Amantes Onde as histórias ganham vida. Descobre agora