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O nosso sexo é bom e Sakura sempre soube conversar. Desde que éramos mais novos, eu detestava o quanto ela conseguia socializar e emaranhar qualquer idiota que não se sentisse ameaçado pela minha presença em seu charme.

É verdade que os nossos corpos se conectam perfeitamente e tudo em mim gosta de tudo dela. Depois de tantos dias, semanas e meses, ela sempre acaba desconfiando sobre uma segunda pessoa. E especialmente hoje, especificamente enquanto ela dirigia tão cuidadosamente pelas ruas chuvosas e perigosas da capital, levando-nos de volta para casa depois da minha cirurgia, me fez temer quanto ao nosso velho amigo, que eu soube há alguns dias que no início do ano, isto é ─ há muito mais tempo do que estou fora, inclusive já havia voltado muitas vezes para ela entre esse meio tempo ─, alcançou seu objetivo, se tornou Prefeito na cidade vizinha.

Naruto Uzumaki. Nunca passou de um grande filho da puta. Eu o odeio, e Sakura sabe disso. Mas eu odiá-lo, não foi motivo para ela se afastar.

Fomos colegas no fundamental. E no ensino médio também. Depois disso Sakura ingressou na sua faculdade de medicina e eu optei pelas forças armadas, sinceramente, na época era minha única escolha sendo que era tudo o que eu conhecia, pelo histórico extenso da minha família na Polícia civil, Exército e Inteligência Secreta. Com o tempo eu me acostumei e hoje em dia ─ Sakura adora xingar ─ eu respiro esse trabalho.

Logo quando nos graduamos no colegial, soubemos que aquele loiro idiota também seguiu o caminho do seu pai: um grande discursador mentiroso e irreal. Naruto iniciou sua vida política. E agora que ele já é conhecido pelos seus discursos esperançosos e aconchegantes, minha certeza apenas se acentuou: não passa de um idiota.

E eu odiaria perdê-la para um idiota.

É o que penso enquanto meus olhos divagam pelo seu perfil delicado, o cenho encrespado vivificava a cor dos olhos esmeraldinos, forçando-os a enxergar sobre o volante, os semáforos, carros e pedestres sob aquela chuva.

Será que eles têm conversado enquanto estou fora?

Será que sorri trocando mensagens com o imundo tanto quanto sorri comigo?

Pare de pensar essas coisas, Sasuke.

Vocês não estão mais no colegial. Sakura é sua mulher agora. E aquele imbecil pode ser um cretino, mas é um político-cretino-casado.

─ Você está bem? ─ saio do meu transe quando ouço sua voz preocupada perguntar. Meus olhos ganham foco novamente, encontrando aquela forma adorável em que ela põe o cabelo atrás da orelha. Me faz percebê-la usando brincos. Sakura nunca usa brincos.

─ Brincos novos? ─ merda, não consigo me conter. Acabo perguntando sem ao menos respondê-la.

Sakura sorri e termina de estacionar o carro em nossa garagem, acionando o fechamento automático do portão logo em seguida.

─ Sim, eu ganhei na festa dos aniversariantes do mês no hospital.

Eu levo um tempo para assimilar sua informação. Sakura desce do carro e alguns segundos depois se curva, batendo levianamente no vidro para me fazer olhar: ─ Você não vai descer?

Eu desço e a sigo para casa, o braço operado dói instantaneamente pelo simples movimento.

─ Mas nós estamos em dezembro ─ digo. ─ Seu aniversário é em março.

Sakura não fala nada enquanto eu a sigo pela casa. A imito ao tirar os sapatos na entrada, mas depois passamos pela sala, lavanderia, banheiro.

Ali, eu paro em suas costas e assisto seus olhos bonitos se erguerem para me olhar através do espelho. Minha presença a pressiona, eu sei disso. Minha constatação pede uma explicação para o que ela me disse e eu não pedira, se não tivesse me sentindo um idiota, fodidamente ameaçado.

Os dias perdidos - SasusakuWhere stories live. Discover now