Capítulo 1 - Helen

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­­Mais uma manhã ensolarada neste verão gostoso em Campos/RJ, as crianças da rua já nos seus divertimentos matinais, e o som da alegria contagiante delas já invade a janela do meu quarto. Minha rua é bem agitada e animada por essa turminha. Na minha época não era diferente, nossa roda de amigos ia até tarde da noite, ainda mais nas férias como agora.

Segunda semana de janeiro e eu sigo aqui com a arrumação da minha mudança, finalmente resolvi aceitar os pedidos da Ariane e ir para o Rio morar com ela. Ariane é minha amigona de infância, crescemos juntas, estudamos juntas a vida toda, até que ela resolveu transferir a faculdade dela pra cidade do Rio, afim de conseguir estágio em boas Empresas. Ari está cursando administração e seus pais a ajudam no aluguel de um apartamento para ela que ao mesmo tempo é perto da faculdade e da Empresa onde ela está estagiando.

Aqui em Campos, eu lecionava para o primeiro ano do ensino fundamental em uma escola particular onde eu também estudei toda a minha vida. Então, atendendo aos seus convites e não resistindo mais a tentação, aceitei estar indo morar com ela este começo de ano. Com as novas responsabilidades financeiras que seguiriam com toda essa mudança, dividir aluguel e administrar nossa casa juntas, tudo teve de ser bem planejado neste último ano, mesmo contanto com a ajuda de meus pais nesta fase inicial onde eu ainda não estaria empregada lá, ainda assim me preparei, deixei avisado na escola de minha saída, juntei bastante dinheiro neste último ano, procurei ser bem econômica, sem contar que sempre fazia meus bicos de manicure e cabelereira, sempre tive este talento desde cedo, pelo fato de minha mãe Marisa, ter um salão de beleza na nossa rua desde a sua juventude, casou, teve eu e meu irmão Henrique, mas sempre esteve por lá, trabalhando e administrando aquele xodó dela. Neste meio, aprendi muito também com ela e as suas funcionárias/amigas. Augusto meu pai querido, chamo ele assim e ele se derrete, é um homem e pai maravilhoso, exemplo pra mim e meu irmão. Ele trabalhou muitos anos em Plataformas de Petróleo e hoje curte sua aposentadoria, mas ao mesmo tempo é sócio junto com meu irmão em uma oficina de carros, onde fazem variados serviços neste segmento. Meu irmão Henrique, que carinhosamente chamo de Rique, é mais velho que eu, tem 29 anos, é noivo da Sara e estão pra casar em 7 meses. Rique tem se especializado muito na mecânica e tem se voltado também para atender serviços em veículos grandes e não só carros de passeio.

E aqui estou eu, terminando de fechar minhas caixas, inicialmente com as coisas mais importantes, irei levando aos poucos para não dar a mamãe a sensação de que saí de casa, vejo que ela e meu pai, ao mesmo tempo que estão me apoiando, não estão tão felizes assim, pois queriam me ver sair daqui de casa, casada e realizada. Por enquanto, não adianta, aqui perdi muito tempo num relacionamento fracassado com Gustavo, que me fez perder alguns anos de minha vida e não me acrescentou nada. Um amigo meu que conheci na Igreja que frequentamos, veio do Rio para morar aqui em Campos e trabalhar em Plataforma, passou a frequentar nossa Igreja, foi fazendo amizade conosco e acabou me conquistando aos poucos. Iniciamos nosso namoro eu tinha 20 anos de idade, ele foi meu segundo namorado, o primeiro foi o Pedro, também de nossa Igreja, que namorei dos 17 aos 19 anos, mas não deu muito certo e terminamos, porém, continuando amigos. Gustavo ia de tempo em tempo ao Rio, ver sua Família, que só conheci uma vez, num aniversário dele aqui.

Gustavo com o tempo, foi se tornando ciumento e possessivo e eu nova, boba, fui levando toda a situação como normal, achando que era cuidado excessivo dele comigo por me amar. Não passava isso para minha família, até que Ariane presenciou uma cena dele comigo e meus amigos, vendo que a atitude de Gustavo era de um homem possessivo e ciumento, ela abriu meus olhos. Ela sempre foi mais agitada, dona de si, aventureira, isso a fazia ver as coisas com olhos mais atentos. Foi graças a ela que comecei a conversar com mamãe que levou a história toda até meu pai e ambos me aconselharam muito ao ouvir de mim sobre nosso namoro. Foi um tempo de muita observação minha com relação ao meu namoro e foi onde pude ver como na verdade ele era grosso comigo, quando falava discretamente ao pé do meu ouvido entre dentes o que não o estava agradando quando estávamos reunidos com os amigos e até mesmo no Culto. Na minha casa, ele pouco aparecia para estar em Família, só ia mesmo para nossos namoros na varanda de minha casa alguns dias na semana, porque na verdade mesmo, nós saíamos muito, sempre pela rua passeando, lanchando e quase sempre só nós dois, ele fugia ao máximo de estar me dividindo com as pessoas do meu convívio, isso me entristecia, porém não estava atenta a gravidade do que isso tudo se tornava. Confesso que esse tempo com ele, me afastou um pouco da família e de meus amigos. As escamas foram caindo de meus olhos e por fim, pesei tudo e vi que não era o que eu queria para minha vida.

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