6. Angústia

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SAIA DA MINHA CABEÇA.

- Do que você está falando, jovem guerreira? - para o seu terror, aquele fantasma respondeu. - Não quer me enfrentar? Não quer me encarar nos olhos?

- Você não é real. - Atalanta disse, para si mesma. - Você não é real.

Helton riu, se aproximando. Todos os músculos de Atalanta tremiam, fracos.

- Não pensei que teria a audácia... - ele apontou para o braço direito de Atalanta. - De usar meu escudo como se fosse seu.

Atalanta fechou os olhos com força.

Não fazia sentido. Helton estava morto. Ela havia-o matado. Ele não estava ali agora, sua cabeça estava tentando lhe trair.

SAIA.

SAIA AGORA.

- Eu te ajudei, você não se lembra? - a voz do filho de Apolo continuava a ecoar por todos os cantos. Era como se estivesse onipresente. - Você iria morrer para aquele monstro, não iria? Tão jovem, tão fraca... mas mesmo assim conseguiu me derrotar. Como teve a frieza para matar tão nova?

CALE A BOCA. VOCÊ NÃO É REAL.

- Ah, mas EU SOU SIM!

Atalanta foi acertada com um soco na cara, enquanto mantinha os olhos fechados. Aquele soco foi real. Tão real quanto o de cinco anos atrás. Como era possível?

- ABRA OS OLHOS! - ele berrou. - ME ENCARE, SUA ASSASSINA COVARDE!

Atalanta recebeu um golpe potente na base do estômago. Dobrou um joelho por terra, sem fôlego. Precisava abrir os olhos.

Ele ainda estava ali. Usava a camisa laranja do acampamento meio-sangue, como naquele dia de chuva em San Francisco. No entanto, estava desarmado; sem sua espada, sem seu escudo. Apenas tinha os punhos para atacar.

Novamente, Helton veio, Atalanta demorou a reagir; sua mente ainda não conseguia processar. Aquele garoto tinha morrido na sua frente.

- REAJA! REAJA! REAJA! - Helton desferia socos sem parar. Arriscava chutes, todos muito rápidos. Atalanta não conseguia reagir.

Estava sem Ingrid para atacar e ainda não conseguia ser efetiva com aquele escudo.

Não, não... aquela luta tinha de ser fácil. Ele estava completamente desarmado. O que estava lhe segurando?

Atalanta finalmente ergueu o escudo para se defender. Helton, no entanto, continuava socando. Com seus punhos livres e lisos se chocando contra o bronze celestial, ele não tinha muito mais vitalidade para seguir.

Ela ainda estava muito confusa, mas precisava terminar aquele assunto logo. Reuniu toda a força que podia no braço direita e acertou Helton no peito. Ele imediatamente foi arremessado para o chão, sem reação.

A cabeça de Atalanta doeu. Aquela imagem... era idêntica. Suas mãos tremiam como naquele dia.

Ela nunca tinha matado ninguém após aquilo. Era algo que perseguia-a, no fundo de sua mente. Mesmo que tentasse ocultar.

Matar monstros é uma coisa... Matar pessoas? Ela se lembrou de ter dito para Russell naquele dia.

Você fez o que era necessário, não se abale. Seu ex-capitão respondeu.

Atalanta recolheu o escudo e se atirou em cima de Helton. As suas mãos precisavam parar de tremer de alguma forma.

A garota é uma aberração! Só traz desgraça para essa família! Era a voz do seu pai, muito tempo atrás. Se ela não se for, eu vou. Para mim já chega.

A Guerreira da Eternidade (Percy Jackson)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora