trinta e seis

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Gostaram da capa nova? Eu mesma desenhei e fiquei bem orgulhosa de mim.

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#GasparzinhoEmApuros

EU NUNCA FUI UMA criança medrosa, nem mesmo quando as outras crianças me encurralaram diversas vezes e ameaçaram me bater porque eu era "diferente". Não fui medrosa nem mesmo quando quase quebrei o braço aos onze anos andando de bicicleta pela primeira vez ou quando fugi de casa uma vez.

Eu não tinha medo, nunca tive, porque sempre havia alguém que me salvava das crianças malvadas, me socorria nas quedas de bicicleta e me acolhia quando eu estava triste.

E essa pessoa pode estar morta em alguns minutos por minha culpa.

As luzes gritavam vermelho e azul junto com o som alarmante da ambulância que se movimentava com velocidade em direção ao hospital mais próximo. Havia sangue em minhas mãos graças a pressão que eu fiz com vários esparadrapos contra a perna esquerda do meu amigo. Eu não conseguia olhar para o seu rosto, não queria pensar que ele estava daquele jeito por minha culpa, eu não queria machucá-lo...

— Ele não está respondendo a comandos verbais — disse um dos paramédicos analisando Sunoo enquanto preparava dois acessos venosos.

— A respiração dele está estranha — me controlei ao dizer para não continuar chorando como antes. — Ele tem asma, está com falta de ar.

Sunoo estava com uma máscara recebendo oxigênio, mesmo assim a respiração estava ofegante demais.

E enfim eu entrei em completo desespero quando os sinais vitais dele entraram em colapso. Sunoo tinha os olhos abertos e mexia os dedos dos pés e das mãos, porém não respondia aos comandos dos médicos naquela ambulância, como se estivesse desacordado ao mesmo tempo que não.

— Saturação caindo e batimentos cardíacos aumentando, doutor Choi — disse um dos paramédicos que cuidava dos aparelhos na ambulância.

— Precisamos entubá-lo — respondeu o doutor Choi. — Agora ou ele pode evoluir para algo muito pior.

Meu coração acelerou no momento em que eu vi os médicos injetando medicamentos em Sunoo e iniciando o procedimento para entubá-lo. Meu peito se apertou ao vê-lo naquele estado, tão frágil que eu não conseguia ao menos descrever.

Me afastei virando o rosto para não ver o procedimento. Ninguém naquela ambulância disse para mim, mas ele está em um estado grave, somente de não responder aos comandos e chamados já é visto que ele sofreu uma séria lesão na cabeça, foi a primeira coisa que notaram quando chegaram ao local.

A chegada ao hospital pareceu demorar séculos, o tempo parecia lento para mim e apressado demais para Sunoo. Sentia que ele não teria chances caso demorasse ainda mais para ser socorrido por profissionais que saberiam o que deveria ser feito.

— Você vai ficar bem, Sun — segurei sua mão, me esforçando para não desabar ali.

Eu deveria ser forte, deveria manter a calma e, principalmente, deveria ser positiva. Era o que Sunoo faria se estivéssemos com os lugares trocados, ele teria calma e saberia como agir.

No hospital ele foi socorrido por uma equipe de médicos que imediatamente atenderam Sunoo com a maior precisão.

— Vítima de dezoito anos encontrado inconsciente após atropelamento, é visível uma lesão no crânio e fratura na perna esquerda — disse um dos médicos que estava na viatura. — Glasgow 11, foi entubado na vinda para cá.

Moondust | Jay Park [ENHYPEN]Onde histórias criam vida. Descubra agora