Shark Tank (Concluída)

Capítulo 3 - Colegas

Karla Camila Cabello Duarte

Hábitos são desenvolvidos ao longo dos anos. Alguns deles, são despertados ainda quando se é uma criança. 

Eu, por exemplo, gosto das coisas no meu tempo, segundo as minhas ordens, do jeito que eu mandar. Aprendi assim. Cresci dessa maneira. Logo, Lauren não tinha o direito de me fazer esperar tantos minutos enquanto direcionava sorrisos largos para a "colega" a qual foi se despedir. 

Para não parecer incomodada, muito menos ansiosa para o que vinha a seguir, resolvi admirar o ambiente da festa de minha amiga. 

Era uma noite com tempo agrádavel, muita música, quando comentei com Keana e Dinah que eu precisaria me retirar mais cedo do evento. 

Dinah conhecia plenamente os meus motivos. Keana, não.

Olho ao redor, esboçando um sorriso a cada convidado e colega que passava ou me cumprimentava. Achavam que eu estava lhes direcionando atenção, sendo que o meu foco, naquele momento, era estrita e unicamente à morena de braços tatuados que conversava com uma das garçonetes. Era uma mulher tão bonita... cheirosa. Sinto meu ventre embrulhar apenas em imaginar que terei a honra de tocá-la mais intimamente nesta noite. 

— Acredito que terminei. — ela chegou próxima a mim e disse cheia de vergonha, colocando uma de suas mechas atrás da orelha. Eu posso fazer isso por você, querida. Penso e me mantenho em silêncio. — Podemos ir.

— Ao meu ver,  a senhorita é uma mulher muito badalada, sim? — indaguei sem nenhuma pressa, tentando conter o meu olhar que hora ou outra escorregava até sua boca carnuda.

Será que era uma gerente comercial? Pelo seu modo despojado e nada enlatado de falar, poderia ser uma detentora de artes de alto valor, provavelmente trabalhando com trading. 

Os braços tatuados, o piercing discreto no nariz... de fato, uma mulher muito, muito bonita, além de misteriosa quanto a seu atual cargo e intenções.

— Não tanto quanto a senhora, certamente. — me esboçou um lindo sorriso ao qual rapidamente a retribui.

— Já lhe pedi para não me chamar de senhora. — provoquei, pois pouco me importava a maneira que fosse se referir a mim, no entanto que terminasse no meu colo,  beijando minha boca, dormindo na minha cama. – Não seja formal em demasia, Lauren. Isso acaba com o clima do que estamos prestes a fazer.

— Você me chamou de senhorita primeiro. — respondeu em gesto de refúgio. E ela estava certa. "Senhorita" cabia perfeitamente à Lauren.

— É. — parei para pensar por alguns segundos. — Você tem razão. — em seguida, mostro com uma de minhas mãos o caminho que ela deveria seguir. Estávamos perdendo tempo aqui, paradas. — Podemos?

— Sim. — ela assentiu, educada. 

Lauren passou pelo meu corpo, ficou à minha frente, fazendo-me acompanhá-la apenas com os olhos, em especial seus quadris apertados pelo tecido do vestido: tão grandes e redondos que me fizeram perder a linha de raciocínio durante minhas passadas. Que mulher!

— Qual carro? — parou no estacionamento, após sairmos pela porta dos fundos a fim de não causar muito alarde aos meus amigos e conhecidos.

— A BMW preta. — apontei com o olhar, onde Lauren rapidamente entendeu a direção do meu comando. Logo, prosseguiu seu caminho. Por estar atrás dela, a fragrância do perfume que a morena de braços tatuados usava vinha toda pra mim. Cheirosa e linda. Eu teria uma noite de sorte com ela, certamente. — Boa noite, Antônio.