Acordando

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No principio apenas luzes pequenas brilhavam na escuridão, ele flutuava no espaço e sem horizonte a que se agarrar. Depois, vozes como neblina em seus ouvidos pareciam se espalhar por todas as direções, mas sempre que tentava alcançá-las se dissipavam e o silêncio retornava.

Uma magia estranha percorria seu corpo e sua vida mantinha-se por meio dela, voltando a pulsar, um pouco de cada vez, só um pouco. E então havia cores, cheiros, coisas conhecidas nas quais finalmente ele pôde tocar...

Estava perdido em uma lembrança agradável, o perfume das miosótis no jardim embalando sua semi consciência. Ouviu a risada calorosa da mãe e o amarelo do pôr do sol, que passava pelos seus olhos fechados, fazia do mundo vermelho vivo.

- Vamos, está na hora de acordar Ced- o menino se enroscou no colo da mãe e murmurou algo ininteligível enquanto a ouvia rir novamente.- Sinto muito dorminhoco- disse ela cutucando-o.

- Não quero abrir os olhos mamãe, estou dormindo - ele resmungou fazendo um biquinho.

A mulher acariciou seu cabelo lentamente, depois sua testa e então atrás das orelhas: era um lugar onde ele sempre sentia dor.

- Não dá pra viver de olhos fechados, meu filho- O calor confortável diminuiu aos poucos e a luminosidade vermelho amarelado sumiu de suas pálpebras, o rapaz tentou abrir os olhos, mas não conseguiu foi estranhamente cansativo.

Suas sobrancelhas se erguiam repetidamente, no entanto os olhos não se abriram. Depois de alguns segundos de esforço deliberado, era possível para alguém que estivesse observando seu rosto, reparar nas suas íris e notar a cor cinza que as caracterizavam.

Cedrico piscava muito franzindo os olhos mal aguentando a luz branca do lugar onde se encontrava, mas mesmo com ardência nos olhos conseguiu reconhecer a pessoa que estava perto de sua cama com a cabeça entre as mãos.

- Pa...pai- sua voz soou rouca como quando acordava gripado, sua boca estava seca.

O pai de Cedrico, com olhos inchados e com uma aparência de quem não dormia direito havia dias encarou o filho entre surpreso e assustado. Entrementes, o rapaz olhava para a sala ao seu redor notando que estava numa enfermeira, seria o St. Mungus? Perguntou-se.

- CED! FILHO! Oh, graças a Merlin! - Amos Diggory exclamou com uma voz quebrada que surpreendeu o filho.

- Pai A-ai - Cedrico tentou abraçá-lo, mas seus braços não lhe obedeceram completamente.

- Oh, meu filho, me desculpa ainda estou me acostumando - Amos disse dando uma risadinha nervosa e soltando o filho, olhou nos olhos dele.

- Estão um pouco vermelhos...

- Luz... estão doendo. O quê, porquê estamos... no St. Mungus?- disse Cedrico sentindo o maxilar um tanto rígido.

- Vai com calma Ced, essa é só a terceira vez que você abre os olhos e a primeira que fala. - Notando a expressão confusa do filho Amos completa:

- Filho você ficou em coma por duas semanas só acordou recentemente eu não estava aqui na primeira vez quem estava era Florean, ele e Rowena ficam com você quando tenho que ir para o ministério - Amos disse o nome dos avós de Cedrico com um pequeno sinal de desgosto na boca franzida.

- Certo. - Disse Cedrico, cruzando os braços que ainda tremiam de quando tentou retribuir o abraço do pai.

- Você se lembra de algo que falamos? - lhe perguntou Amos de supetão.

- Não, não lembro, nem me lembrava que acordei outras vezes...

- Você tentou falar e eu comecei a explicar alguns, - seu pai limpou a garganta e completou: - Acontecimentos. De todo jeito o curandeiro Davis me alertou que talvez você ainda não estivesse processando o que eu dissesse.

O Eixo do GirassolOù les histoires vivent. Découvrez maintenant