CAPÍTULO 03

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     O campus da universidade Yale é imenso, com três prédios diferentes, quatro quadras, piscinas e uma pista de corrida, além da enorme praça arborizada cheia de bancos que fica entre os três prédios.

     É um pouco engraçado constatar que nos dias que não tenho aula, acabo vindo passar o meu tempo aqui no campus também. Agora estou encolhido no último banco da arquibancada de madeira, com um caderno simples e sem pauta sobre as minhas pernas, enquanto estou mordendo a ponta do lápis de forma distraída e encarando o campo de futebol americano que se estende diante de mim.

     O time de futebol americano da universidade treina quase todas às tardes aqui, mas minha total atenção está no cara absurdamente alto que veste a camisa de número 09. Não consigo ver o seu rosto por causa do capacete e porque ele é veloz como um foguete enquanto corre pela quadra, usando toda a força que aquelas pernas longas e musculosas lhe oferecem.

     Não consigo evitar o suspiro longo que escapa de mim, enquanto observo-o tomar a bola meio oval e pontuda de outro cara e continuar correndo em toda a sua glória. A calça branca (que já está toda suja de terra e grama) que o time tem que vestir parece mais uma espécie de legging, abraçando cara centímetro das suas pernas e bunda com força. E como se já não bastasse ter que olha-lo assim, a calça faz o favor de lhe deixar com um volume nada discreto, e só de pensar nisso, as minhas bochechas começam a arder sem parar.

    Nunca fui apegado a nenhum esporte antes, mas já faz uns três meses que eu venho quase toda tarde assistir os treinos e jogos de futebol americano. Bom, na verdade eu venho ver especificamente Hunter jogar. quem eu quero enganar, né verdade? Eu mesmo?

     Esse cantinho meio escondido da arquibancada se tornou meio que o meu lugar secreto. Eu consigo ter total visão do campo daqui, além de ser um pouco escondido do sol essa hora da tarde.

     Eu provavelmente deveria tentar continuar rabiscando algumas receitas ou fazendo o dever de casa, mas sequer consigo desviar os olhos do homen lindo com a camisa 09, embora tudo que esteja de fora sejam aqueles braços musculosos do mais belo tom de marrom escuro que existe, não que precisasse de mais do que isso para eu ficar babando por ele. Na verdade, acho que se Hunter aparecesse na minha frente nesse exato momento e me desse bola, eu iria lamber cada gota de suor que cobre aquela pele marrom (pensar nisso é meio anti-higiênico, mas não deixa de ser excitante).

    — Sabe. Você deveria falar com ele. — Uma voz idêntica a minha diz, me fazendo olhar para o lado rapidamente e dar de cara com o meu irmão caminhando de forma tranquila na minha direção, com uma mochila pendurada em um dos ombros, já que ele teve aula hoje.

      Uma aura de alegria é quase visível ao redor de Sean, e ele anda com uma confiança invejável, além de exibir um sorrisinho charmoso. O cabelo branco parece ser cortado toda semana, porque ele nunca o deixa ficar um milímetro mais grande do que está agora.

    — E-ele quem? — Desvio o olhar e encaro o meu caderno, o fechando rapidamente quando percebo que estava fazendo um desenho de Hunter jogando.

     — Qual é. Até parece que você não tá caidinho por aquele alí. — Sean senta ao meu lado e me encara com um sorriso afetuoso, e é quase como se eu estivesse me olhando no espelho. Não tem como enganar esse cara, até porque ele é a pessoa que mais me conhece, e virse versa.

     — Ele provavelmente deve ser hetero. — Encolho os ombros e aperto a capa dura do caderno, me sentindo um pouco envergonhado.

     — Você não vai saber se não tentar descobrir ou perguntar para ele. Quer que eu fale?

    — O QUE? NÃO! — respondo rapidamente, porque o meu irmão tem um parafuso a menos, e não preciso de muito para imaginar ele indo até Hunter e perguntando de forma tão tranquila que é como se estivesse falando sobre o clima: "Hey, Você é hétero? Porque o meu irmão alí tá apaixonadinho por você".

     — Não pode se esconder pro resto da vida, irmão. O mundo tá aí pra você explorar. — Sean diz, antes de deitar na arquibancada e colocar os pés no meu colo.

    — Eu só... Acho melhor não arriscar quando as chances são tão mínimas. — Dou de ombros e encaro Hunter novamente, que está de costas para a arquibancada, dando-me uma bela visão da sua bunda musculosa.

     — É melhor se arrepender de algo que fez, do que de algo que não fez, certo? Você deve seguir esse ditado à risca, só que ao contrário né? Não é a toa que ainda é virgem.

    — Quem disse que eu só virgem?! — Faço uma ceninha exagerada, porque conviver com Sean tanto tempo me faz pegar alguns dos seus hábitos, querendo ou não.

    — Estar estampado nessa sua carinha de sonso a palavra "VIRGEM", com enormes letras brilhantes que podem ser vistas a cinquenta quilômetros de distância. Além disso, se em um universo paralelo você tivesse perdido a virgindade e sequer comentasse comigo sobre, eu juro que ia te quebrar na porrada. — Ele explica, me fazendo soltar uma gargalhada baixinha.

    — Só você mesmo, Sean.

    —  Então é por isso que você tem que fazer o negão gostoso alí te enrabar do jeitinho que você merece...

    — SEU IDIOTA!! — Pulo em cima dele e tampo a sua boca, morrendo de vergonha. Ele uiva te tanto rir, e se contorce para se livrar do meu aperto.

     Depois de uma luta meio desajeitada, nos recompomos, ambos com sorrisos no rosto. O meu caderno foi parar debaixo do banco logo abaixo do nosso da arquibancada.

    — Desculpa por ter te dado bolo ontem. — Sean murmura, soltando um suspiro e analisando o campo.

    — Tudo bem. Mas o que você estava fazendo? — Dou de ombros e me encosto na arquibancada, vendo-o abrir um sorriso diabólico e mostrar os dentes brancos.

    — Fui parar na casa de um jogador de Lacrosse gostoso pra caralho, e a gente... — Eu tampo a sua boca novamente, impedindo-o de terminar.

    — Não quero saber dos detalhes sórdidos. Já basta as ligações ouvindo putaria umas cinco vezes por semana. — Aviso, fazendo-o revirar os olhos cinza azulados idênticos aos meus. Outro ponto completamente diferente entre Sean e eu é que eu não curto sexo casual, como ele, e talvez por isso eu ainda seja virgem.

    — Você vai ouvir sim, bocó. É o preço por ter um irmãozão tão gostoso como eu.

    — Somos gêmeos. — Digo, fazendo-o revirar novamente os olhos.

    — Tá, você também é bonito. Mas não vou falar que você é gostoso ou sexy como eu porque isso é meio nojento para se falar do próprio irmão, mesmo que sejamos gêmeos.

    — Concordo plenamente. — Confirmo com a cabeça.

    — continuando a minha detalhada odisseia sobre o sexo de ontem...

     — CALA A BOCA SEAN! EU NÃO QUERO OUVIR!

    — Vai ouvir sim! Eu sou o mais velho e mando aqui! — Ele pula em cima de mim, rindo sem parar.

    — Cinco segundos mais velho!!

     — Foda-se! Sou o mais velho mesmo assim!

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MEU CRUSH SECRETO (COMPLETO)Where stories live. Discover now