Capítulo três

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O dia pareceu demorar para amanhecer e para passar as horas também, mas isso não impediu de Kim Taehyung estar às 8:50 da manhã na casa do melhor amigo e com um objetivo em mente.

Tomou muita coragem para tocar a campainha, tendo noção de que Jimin não estava em casa, mas quem ele mais queria conversar estava e quando a empregada abriu a porta, não acreditou que o Kim estava parado ali logo cedo. A empregada avisou que Jimin não estava, mas Taehyung foi mais rápido em dizer que não era com o amigo que deveria de falar e sim do ômega que estava hospedado na casa dele.

Após dizer o que queria, Taehyung foi guiado até a cozinha onde Jeongguk tomava o café da manhã e amamentava o filhote com o peito, mas o alfa desviou o olhar e engoliu a seco quando ganhou a atenção do Jeon.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou o ômega, cobrindo o rosto do filho e seu seio com uma toalhinha, olhando furioso para o Kim. — Eu não quero falar com você e nem te ver, ontem já foi suficiente.

— Jeongguk, desculpe ter sido rude com você, mas entenda que para mim foi um choque te ter na minha casa depois de tanto tempo e dizendo que eu sou pai. — falou o alfa, engolindo a seco e levantando seu olhar para encarar o moreno. — Foi difícil para mim digerir que você é aquele ômega que eu passei o cio ao longo daqueles cinco dias e engravidou de mim.

— Vai embora, por favor. — pediu Jeongguk, desviando o olhar para não mostrar que estava segurando as lágrimas e trincou a mandíbula. — Eu preciso me arrumar para voltar para Busan, então por favor, vá embora.

— Jeongguk… — chamou o Kim, hesitando um pouco ao se aproximar, mas mesmo assim o fez, se ajoelhando na frente do ômega e tocando a mão dele. — Desculpe por ontem, eu fui rude e idiota em te tratar assim sabendo que eu fui o único alfa do qual você se entregou de verdade naquele tempo, me perdoe de verdade. — pediu, acariciando o dorso da mão do moreno e levando a destra até o rosto dele, acariciando lentamente a bochecha. — Eu sou um idiota.

Jeongguk encarou Taehyung com cautela, parecendo analisar cada passo do alfa e então desceu seu olhar para a mão dele sobre a sua, recolhendo-se gentilmente e suspirando pesadamente.

— Eu não faço a mínima ideia de como é ser pai, muito menos tenho noção de como segurar uma criança e cuidar dela, mas… — Taehyung pensou um pouco, se amaldiçoando por ter sido burro em não usar preservativo e não ter tido noção disso na hora em que transou com o ômega, porque assim evitaria todo esse problema. — Mas eu vou assumir a paternidade do filhote, vou dar meu sobrenome e tudo o que vocês precisar.

— Não. Você parece estar fazendo tudo isso por obrigação e não porque realmente tenha vontade, então eu não aceito e quero que me deixe em paz. — disse o ômega, se afastando completamente do Kim ao se levantar e andar até a sala onde suas coisas se encontra. — E o meu filho não precisa do seu sobrenome apenas para dizer que ele tem um pai alfa, porque ele tem a mim, minha família e os padrinhos dele.

— Jeongguk…?

— Você acha que ser pai é o que, Taehyung? É dar um sobrenome? Ou você acha que é dar presentes e dinheiro para que a criança não passe necessidade? — questionou Jeongguk, colocando sua mochila com poucas roupas nas costas e pegando a bolsa do filhote, ajeitando este sobre seus braços e olhando para o alfa. — Ser pai é perder noites de sono para cuidar do filho quando chora, é saber que ele sentirá frio e dor, mas mesmo assim você estará lá para ele, porque um dia será você que irá precisar dele no futuro.

— Por favor, Jeongguk. — pediu o alfa, engolindo a seco e observando o ômega dando as costas, negando a ajuda da empregada para abrir a porta para poupar dar trabalho a ela e fazendo ele mesmo. — Me escute, Jeon.

— Você deixou claro ontem de noite que ser pai para você era um pesadelo e que houve um engano da minha parte, então eu sugiro que você aceite que eu entendi o recado de que não abrirá mão da sua vida de mulherengo. — falou o ômega, encarando Taehyung de baixo para cima e cutucando a própria bochecha com a língua. — E pensar que eu passei esse tempo todo cultivando algo bom para você, planejando chegar na cidade para contar a novidade e imaginar sua alegria, mas me enganei cegamente com a ilusão que criei. Passar bem, senhor Kim.

[ 𖣔 ]

Jimin não estava conseguindo acreditar que tudo tinha dado errado e que tinha se esforçado tanto para nada.

A vontade do ômega loiro era descer a mão na cara de cafajeste do melhor amigo, mas teve que se conter porque estavam na empresa e deveriam de manter o respeito como chefe e gerente. Mas não faltará vontade em Jimin de quebrar a cara de Taehyung, queria também gritar pelo seu amigo ser mais burro que uma porta, só que calou-se, pensando em algo.

— Você vai para Busan daqui uma semana e não se fale mais nisso, Kim Taehyung. — avisou o loiro, apontando na direção do alfa e faltando espancar o amigo. — Você vai dar um jeito de conquistar a confiança daquele garoto e vai sim cumprir seu dever de pai.

— Jeongguk não quer me ver nem pintado de ouro, Jimin. Imagine chegar lá de repente para ser expulso de novo, não posso fazer isso. — disse Taehyung, suspirando pesadamente e massageando levemente sua testa, pois novamente foi um idiota. — Ele é duro na queda, lembro de como foi difícil tê-lo na cama e hoje vejo que não mudou nada, continua o mesmo ômega.

— E o que você sugere? — perguntou Jimin, olhando para o amigo e vendo como ele parece uma bagunça tão conflituosa consigo mesmo. — Não adianta falar que não irá assumir a criança, porque vai sim e vai cumprir dever de pai, ninguém mandou você engravidar o garoto e não ter um pingo de consciência em pelo menos encapar essa minhoca que chama de pinto. — avisou, bufando alto e encarando a tela do seu celular ao ver a mensagem do seu segurança. — Ele embarcou no ônibus e está voltando para Busan.

— Jimin, você vai para Busan. Pense, seus pais moram lá, você pode simplesmente fazer uma visita e descobrir o paradeiro do Jeongguk nos dias em que passar com os seus pais, me mantendo informado. — sugeriu o Kim, estalando os dedos e rindo consigo mesmo. — Pense bem antes de me bater ou xingar, se você me manter informado e fingir encontrar Jeongguk acidentalmente na cidade, poderá se aproximar mais dele e me passar informações para enfim marcar um encontro do qual eu irei e não você.

— Às vezes tenho que confessar que seu cérebro de minhoca vale de alguma coisa. — resmungou Jimin, pensando que pode sim fazer isso pelo melhor amigo e também dar um jeitinho de concertar tudo. — Mas depois do encontro vai ser tudo por sua conta, não irei mais me envolver e voltarei para Seul.

— Tudo bem. Você me ajudando nisso já estarei mais do que grato e satisfeito. — sorriu o alfa, se divertindo com a carranca do loiro, pois sabia que ele ficaria com raiva de não ter o privilégio de lhe bater como queria.

— Combinado então. — disse o loiro, traçando uma linha em seu raciocínio para planejar tudo o que precisa e também o que vai ter que fazer. — Viajarei daqui uma semana.

— Perfeito! — exclamou Taehyung, piscando para o amigo que apenas levantou o dedo do meio e deu as costas, saindo da sua sala para voltar ao trabalho. — Agora me resta tentar.

Apenas tentar…

Porque Taehyung já sentia o peso de ter que abandonar a sua liberdade e a sua vida de mulherengo para tentar ser pai do pequeno pirralho que oficialmente é seu filho.





Acidentalmente papai [ Taekook ]Where stories live. Discover now