Capítulo 33

1.8K 170 68
                                    

Julietta Collins ♠️

A vida é um sopro.

Eu odeio essa porra de frase, odeio ainda mais quem fica dizendo essa merda.

A vida não deveria nunca ser um sopro, deveria ser um longo suspiro que a gente pode ter controle quando chegar ao sim. Não a porra de um sopro que vem na mesma velocidade que se vai, tirando tudo de nós sem que a gente possa fazer nada.

Desde a morte da minha irmã, minha vida acabou. Tudo que eu sinto é dor e mais dor, me comendo por dentro até que não haja mais nada de mim.

Toda vez que eu entro na porra do estádio eu sinto uma vontade enorme de gritar até minhas cordas vocais estourarem. Jogar sem minha irmã do lado me faz querer tirar a minha própria vida.

Sem contar que meus pais agora fingem ser os pais do ano, criando murais, missas aos sábados e memoriais. Como se estivessem sofrendo.

"Ridículo"- Effie murmura assim que saímos da igreja.

Desviando das câmeras e os repórteres, nós fomos para trás dos carros. Alissa se encostou em um carro e suspirou.

"Eu queria ela de volta"-Murmurei.

"Eu faria literalmente qualquer coisa para trazer nossa irmã"-Effie se escora em mim.

"Ela faz tanta falta "- A voz de Alissa quase não sai quando ela se pronúncia.

"Oi meninas"-Os três cavaleiros aparecem.

"Olá"- Respondemos juntas.

"Vamos almoçar?"-Oliver se aproxima-" Tem um restaurante aqui do lado"

"Tudo por nossa conta"-Lay balança os dedos com a carteira de couro.

Isso parece melhor que ir para nossa casa vazia e ficar tremendo de medo do nosso pai abrir nossas portas e nos jogar para outros homens.

"Tudo bem, nós vamos"- Effie se desencosta de mim.

Atravessamos entre os carros e paramos na calçada, Lay e Alissa foram na frente, logo atrás Oliver com Effie me deixando sobrando com Matthew.

"Como as coisas estão indo?"- Ele pergunta enquanto acompanha meus passos.

"De mal a pior"-Digo baixo olhando os pisos sobre qual pisamos.

"Bom, quando eu perdi minha avó eu sofri muito. Ela era a única que me protegia da minha família problematica. Até hoje sinto o buraco que se formou em meu peito"- Fico surpresa por sua declaração.

"Como fez para parar de doer?"-Pergunto a ele.

"Não fiz nada, deixei o tempo cuidar disso."-Ele dá de ombro.

"Parece muita coisa"-Mordi meu lábio.

Ele passou o braço por meu ombro me trazendo para perto do seu corpo -"Não se preocupa, uma hora você se acostuma com a dor e então aprende a viver com ela"

Eu não quero me acostumar com a dor, eu quero minha irmã...

Chegamos ao restaurante e escolhemos uma mesa mais isolada, então nós sentamos em pares como antes. Eu não estava com muita fome, então pedi apenas um frango e salada.

Na televisão estava passando um jogo, então me concentrei nele para não ter que conversar. Apesar dos meninos estarem tentando puxar assunto a todo instante.

"Aqui está seu refrigerante"- A garçonete desliza o copo para frente de Matthew, com um sorriso brilhante.

Senti a vermelhidão passar por minha garganta e subir para minhas bochechas, meus punhos se apertaram e eu precisei respirar fundo. O que há de errado comigo?

Devil's childrenWhere stories live. Discover now