Draga

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Vi

  No dia seguinte eu fiz exatamente o que disse que faria, eu desci até Zaun na intenção de procurar algo referente ao Urgot, sem as manoplas, infelizmente elas atraem muitos olhares, e estar sem elas me obriga a ter toda a atenção redobrada aos mínimos detalhes.

  Na descida do elevador pneumático meus olhos rodavam pelas paredes do lado de fora, havia uma tinta vermelha desenhando o símbolo de uma aranha, e pela conversa com Ekko, esse é o símbolo do tal Urgot.

  Quando a porta abriu eu desci do elevador e iniciei a exploração do território Zaunita, eu notei alguns desenhos novos, pichações que eu nunca havia visto, a ausência de novos desenhos da Jinx também foi notada por mim, e aquele símbolo de aranha nas paredes se repetia em excesso, a tinta vermelha só deixava o desenho mais estranho, mas isso nem era o mais assustador, o que causava arrepios era notar que os desenhos pareciam ter padrões, como se significasse algo.

-Mas que loucura é essa?

Eu encarei o símbolo em uma parede aleatória, peguei o mapa de Zaun e analisei marcando no mapa aonde estavam os símbolos, eu vaguei praticamente a cidade toda, pelo menos as partes de ruas e vielas.

  E os símbolos existiam mais em uma região do que em outra, o que fugiu um pouco do padrão que eu cogitei no começo.

  A tarde já estava no fim quando eu me sentei em uma calçada e tentei buscar algum signficiado para isso tudo, após algumas tentativas inúteis e uma hora de pensamento, eu unifique os símbolos do mapa, o desenho que formou ao ligar cada ponto me surpreendeu, diante dos meus olhos estava a palavra Draga, meus olhos se arregalaram e eu senti uma gota de suor cortar meu rosto.

  Draga era uma prisão na parte mais esquecida de Zaun, o sumidouro, lá era o local aonde todos que não tem destino apodrecem.

   Era como um lixão que foi juntando dejetos de Piltover e Zaun em uma fumaça altamente tóxica e cheia de resíduos químicos, aquela prisão com certeza, supera em muito Aguamansa.

  Eu engoli a seco correndo meus olhos pelo mapa, guiando minha mente até a entrada do sumidouro, parece que é lá que está o problema referente ao Urgot, mas se for, então temos dois problemas.

O primeiro deles é que eu nunca estive em Draga, é mais arriscado do que chegar até aqui.
O segundo é que não sabemos ao certo com quem estamos mexendo.

  Mas só existe uma forma de descobrir tudo sobre isso.

   Eu me levantei guardando o mapa no bolso e suspirei, eu caminhei descendo cada vez mais, chegando cada vez mais perto do sumidouro, até o caminho se tornar menos iluminado e mais tenso, o ar parecia mais pesado, e meus passos davam eco enquanto eu caminhava ao lado do precipício, eu ouvia com clareza as gotas tóxicas caindo de alguns canos para o chão, haviam caveiras de pessoas e de animais que haviam naquele local, todas espalhadas, existiam manchas de sangue e manchas de produtos químicos por todas as partes, eu suspirei levemente, por alguma razão eu não senti nenhuma pontada de medo ou de incerteza, eu só continuei descendo até meus pés tocarem o breu do sumidouro, o pouco de visão que existia não era forte o bastante, eu forcei um pouco os olhos e caminhei em meio a fumaça, o cheiro dos produtos químicos era horrível, e se combinava a gritos distantes de medo e de dor.

   Agora andando em meio aos restos de Piltover e Zaun, meus olhos já estavam adaptados a pouca iluminação, eu já não forçava a visão, haviam restos mortais ali e eu não faço idéia de quanto tempo fazia.

  Eu só continuei em linha reta, me vendo diante de uma água verde meio oleosa e suja, eu engoli a seco e atravessei o local nadando, espero não morrer por isso.

  Quando cruzei toda a imensidão de água, sai  do outro lado, tudo o que eu via era uma fumaça cinza e uma imensidão escura, meus passos continuaram adiante até que em certo ponto eu consegui enxergar grades enormes e uma construção porca, distante porém não o bastante para que eu não visse, eu me deitei no chão no meio dos dejetos e me amaldiçoei por não trazer um binóculo, eu podia ver que haviam pessoas na frente daquele local, e provavelmente tem algo referente ao Urgot.

Entrar ou não?

 
Caitlyn

  Eu estava em minha sala, havia distribuído as funções, o dia passou rápido, só tinha um problema...Eu estava me castigando mentalmente, porque Vi simplesmente desapareceu e ela estava sozinha em Zaun!

   Não que ela não conhecesse o lugar, mas...Eu não consegui não me preocupar, são exatas oito e quarenta da noite e ela não deu nenhum sinal de vida.

-Se concentra Caitlyn!

  Eu repeti para mim mesma pela milésima vez, Riven que estava no canto da sala suspirou e me encarou.

-Você tá bem preocupada hoje, o que tá rolando?

-Entreguei uma missão que não resolveram por mais de anos para uma única pessoa e ela não apareceu.

-Ah... -Ela pareceu raciocinar e suspirou dando um riso. -Por mais que eu odeie admitir, relaxa Xerife, a Rosadinha tem cara de quem se vira bem.

  Eu suspirei e me levantei caminhando até a janela e encarando o lugar lá fora.

  É...parece que é bem nítido para quem está voltada a minha mente nesse momento.

  Eu caminhei até a mesa e fechei o caso do Urgot que estava ao meu lado, eu me sentei e encarei Riven.

-Bom, o imperador de Noxus é o Swain correto?

-Sim, ele derrubou o antigo regime e fez esse novo aí.

-Tem diferença?

-Um pouco, mas em tese é tudo uma merda mesmo.

-E aonde a visita do Darius em Piltover se encaixa?

-Bom, depois do que vocês recolheram, aquele relato da Glass, ficou claro que usaram a mesma coisa com o Darius, só que tem um pequeno problema, o Swain não é o tipo que escuta fácil, mas se tratando de Piltover, e das rotas de comércio, talvez ele escute.

  Eu girava a caneta dourada e azul na mesa enquanto me atentava as palavras dela.

-Em suma, você quer que a gente compre essa briga.

-Não precisa comprar, só preciso que relatem, que digam o que sabem, alguém tem que tentar uma audiência para ele, ele foi vítima de um golpe!

-E você que fugiu de Noxus...Vai simplesmente voltar para contar sua versão e ser presa novamente?

-É loucura mas é exatamente isso.

-Interessante, existe chances do Darius ser inocentado?

-Se as provas forem cabíveis.

  Eu suspirei confirmando com a cabeça, Urgot, Blitzcrank, Glass... É um problema atrás do outro!

  Eu me levantei apoiando as mãos na mesa e encarei Riven, naquele momento a porta se abriu e Vi adentrou a sala.

  Eu senti um alívio enorme e meu primeiro instinto foi ir até ela a abraçando, ela me abraçou de volta e eu pude ouvir um riso da Riven.

  Eu poderia ficar ali abraçando ela por muito tempo, mas no mesmo instante eu senti uma ardência no meu nariz.

-Vi...

-Oi?

-Você tá fedendo.

-É uma longa história...

  Riven riu mais alto e eu me afastei dela notando suas roupas sujas e visivelmente úmidas.

-Você tomou um banho no esgoto Rosadinha?

  Vi encarou a menina e revirou seus olhos dando de ombros e encarando seu corpo.

-É foi quase isso...

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