olhos mórbidos

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Ezreal

  O silêncio no barco era gigantesco, eu não queria tocar no assunto com Caitlyn naquele momento, ambos estávamos abalados, para mim é como arriscar uma irmã, para ela, é arriscar um amor.

  Eu não imagino que Vi vá ficar bem em Aguamansa, no momento em que ela começou a retirar suas vestes eu notei algumas cicatrizes em seu corpo, imagino que a maioria tenha sido feita ali, quando ela estava apenas com uma calcinha Boxer e o Top bordô da Calvin eu suspirei profundamente, aquele homem a olhava com desdém, um certo ar de soberano, ele não disse nada pois frente a Xerife não seria próprio, mais seus olhos a olhavam com tanto deboche, que se Caitlyn tivesse notado teria recuado em seu plano.

Ele parecia querer agredir ela, como se sentisse prazer em ver suas cicatrizes...Ele deve ter causado algumas.

   Uma outra marca chamou minha atenção, ela acompanharia Vi dentro da cadeia por um tempo, Caitlyn havia arranhado completamente as costas da garota, deixando rastros de uma noite anterior, não imagino como esteja o psicológico de ambas nesse momento.

  Assim que o barco tocou o cais Caitlyn desceu, sem nenhuma palavra nós caminhamos para a delegacia, ela caminhou rapidamente sem dar chances para diálogo, assim que ela entrou em sua sala eu entrei também trancando a porta, ela me encarou e eu pude notar seus olhos repletos de lágrimas, eu caminhei até ela a abraçando, como se tentasse apoiar ela, como se quisesse livrar ela da dor que provavelmente ela sente.

-Cait...Sinto muito.

-Ezreal...Se acontecer alguma coisa, a culpa vai ser minha...Eu...Eu não...

-Calma Cait, Vi é ardilosa, ela ficará bem, além do mais, se alguma coisa acontecer nós podemos tirar ela de lá...

  Ela apertou o abraço e eu pude sentir minha camiseta molhada pelas lágrimas, meus olhos se encharcaram e eu também chorei, eu não sabia o que dizer ou fazer, só sabia que precisava continuar aqui, ela precisava de algum apoio, eu dei um longo suspiro e ela declarou baixo:

-Espero que isso acabe logo.

-A Vi é muito melhor do que a gente está pensando, dou umas duas semanas.

Vi

Dentro da sela, eu distribuía vários socos na parede, sem sequer parar, as ataduras estavam repletas de sangue, a garota que estava na sela ao lado deu um riso baixo e se sentou me encarando, apesar da pouca iluminação eu pude ver que sua sombra se voltava para mim:

-Qual seu nome mesmo?

-Vi...

  Eu respondi em bom tom sem sequer olhar para ela, e sem parar de bater, ela suspirou e eu ouvi o som da cama rangendo, provavelmente ela estava se ajeitando, ou saindo do local.

Só constatei de fato quando ouvi seus pés tocarem o chão, o local era mal iluminado, não era possível enxergar com clareza, a voz da mulher soou baixa:

-O que você fez para estar aqui novamente?

Novamente? Então ela já me viu aqui antes...

-Olha... Não tô muito afim de papo, namoral guria, não fode.

  Ela riu e enfim eu parei de bater na parede e encarei a mulher, ela não me é estranha, mas não faço ideia de quem seja.

-Me disseram que você virou policial Vi.

-Então você sabe quem eu sou.

-Sei, mas pelo visto, você tem uma memória horrível.

Eu peguei a camisa que estava no chão e sequei meu corpo com ela me sentando no chão e apoiando a cabeça na cama, eu suspirei fundo e encarei ela respondendo:

Opostos ComplementaresOù les histoires vivent. Découvrez maintenant