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Senti meu rosto arder quando os primeiros raios de sol tocaram minha pele, e então rolei para o outro lado da cama estreita, abrindo os olhos, tentando entender onde exatamente eu me encontrava.

Meu olfato e audição foram as primeiras coisas que voltaram ao normal, denunciando alguém que fritava bacon e ovos, não muito distante de mim. Abri os olhos.

— Não, não, não, droga.— Escutei o sotaque dele caminhar em minha direção, e logo acima de mim ele puxou a cortina, cortando o efeito do sol por inteiro.— Ele não tinha o direito de te acordar. Eu ia. — Minha visão finalmente conseguiu focar, e então enxerguei Blake Dempsey. Ele usava um avental sobre o peito nu, e então abriu um largo sorriso pra mim, que me desarmou inteira.— Pode fingir que ainda dorme? Eu planejei isso.

Sorri, fechando os olhos novamente, e lembranças dos episódios de ontem me atingiram em cheio. Não haveriam palavras para descrever o prazer de uma noite inteira com ele, então apenas apertei mais os olhos, na tentativa de não deixar essas memórias fugirem de mim.

— Bom dia.— Senti o hálito fresco do Dempsey sobre meu rosto, e então finalmente o olhei. Nós dois gargalhamos com a encenação, mas Blake afastou os fios loiros de cabelo de meu rosto e então me beijou.— Aqui está o seu café da manhã.

Me sentei na cama para receber, e não pude evitar de dar um soquinho no braço dele. Duas gemas no prato imitavam os olhos e o bacon finalizava a imagem com um sorriso curvado.

— Você é um artista.— Elogiei e logo em seguida comecei pelo bacon, feliz demais para dizer qualquer outra coisa.

— Torci para que você não fosse vegetariana. Ainda bem que deu tudo certo.— Ele se pôs de pé, e vi então que ele ainda estava de cueca box.

Blake se dirigiu até a pia, trazendo uma xícara de alumínio para mim. Esta continha café, e, quando agradeci, ele retornou para sua tarefa de lavar a louça.

Nós aproveitamos o silêncio daquele momento, mas enquanto eu comia e o admirava diante da luz natural que o projetava, tive um breve — e pesaroso — flash de conciência.

— Espera, está de dia?— Perguntei, me colocando de pé. Blake riu, como se fosse óbvio.

— É, acho que sim.— Ele continuava a lavar taças com resto de vinho, me recordando mais uma vez do que vivemos ontem.

— Droga.— Me livrei do lençol que me enrolava, buscando desesperadamente por minha roupa. — Droga, eu não devia estar aqui.

— Está tudo bem.— O britânico secou as mãos.— Aqui, eu pendurei pra você.— Blake me entregou um cabide com a camisa e a calça que eu usava antes de que ele as tirasse. — O que foi?

— Eu deveria estar fazendo o café da manhã de outra pessoa agora. Devia estar em casa.— Me vesti mais rápido do que pude processar, e ele ficou parado, estático. Olhava para minhas mãos.

— Não me diga que você...— Entendi o pavor em sua expressão, procurando por uma aliança.

— Não, não, imagine. Não sou casada.— Encontrei minha bolsa e a coloquei depressa sobre o ombro.— É o meu pai. Eu faço o café dele desde os doze anos, sempre. Eu não devia ter dormido fora.— O beijei novamente, antes de abrir a porta do trailer.— Obrigada pela noite e pelo café da manhã, tenente Dempsey.

Desci os degraus antes que ele pudesse responder, mas ele assobiou, chamando minha atenção.

— Não está esquecendo de nada?— Sorriu, jogando meu telefone. O peguei antes de atingir o chão e coloquei na bolsa.— Gravei meu número aí. Já sabe o que fazer.

As Órbitas do SolWhere stories live. Discover now