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Beatrice Coleman, Scarlett White, Briella Quinn, Diane Madison e Lillian Reeve, eram os nomes das garotas quais eu pretendia nunca esquecer. Naquela manhã, todas as cinco se dispuseram a deixar seus compromissos de lado, no ponto de ônibus, para me trazer ao hospital.

Depois de devidamente apresentadas, por mais que conversássemos, minha cabeça ainda processava a informação impossível de esquecer que a Dra. Madison havia me dado.

— Doutora?— A chamei de forma sutil, quando Mabel se aproximou ao lado de um homem alto, loiro e que olhava de forma preocupada para mim. Deveria ser seu marido.

— Andrea?— Ela sorriu.— Se sente melhor?

— Sim, doutora.  — A olhei depois de um tempo, apesar de constrangida pelo homem que exalava poder.— Só não sei o que fazer. Mesmo. Mais um motivo para o meu pai me matar. Eu não tenho nada. — Engoli o choro que começava a formar em minha garganta.

— Você pode começar contando pra gente.  — A garota menor e de cabelos vermelhos, Lilli, acariciava minhas mãos. — Talvez possamos te ajudar...

Não consegui olhar nenhum deles nos olhos. Seria terrível ter que expor, para tantos desconhecidos, que eu havia engravidado de outro desconhecido.

Para minha sorte, a garota que havia se apresentado como Beatrice Coleman se aproximou de nós, abocanhando um hambúrguer magro e tomando suco de laranja em um copo com canudo.

— Oi...pai.— Ela cumprimentou o homem, e só pude respirar normalmente quando ele me deu as costas para abraçá-la. Talvez fosse sua presença paterna que me intimidasse tanto. Os dois trocaram algumas palavras em tom baixo.

— Tem algum parente ou amigo seu que pode vir te buscar?— perguntou Scarlett, ajustando melhor o distintivo que usava debaixo da jaqueta. Ela tinha um ar protetor, o que era compreensível considerando que era policial, mesmo que não tenha anunciado. Eu tinha certeza.

— Ou seu namorado. — sugeriu Lilli.

— Eu não tenho...um...namorado....— Desviei meus olhos de todos quando senti que eles me trairiam e começariam a lacrimejar, me lembrando novamente do problema que eu tinha em mãos ou, melhor, no ventre.

— Sem querer ser a mãe chata... Diane, agora que ela está bem, você não deveria estar na escola?— Disse a doutora Madison, e então me lembrei do quanto eu estava atrapalhando a vida de outras pessoas. Me senti péssima.

Diane olhou seu uniforme e sorriu frouxo.

— É verdade.— A menina sorriu com os olhos para mim, e então tocou  meu ombro. — Podemos fazer o seguinte... Vamos pegar o número umas das outras e então, se Andrea se sentir confortável para nos contar, nós nos encontramos novamente.

—Pode ser. Eu também tenho que ir para a escola.— Lilli se levantou e se dispôs a pegar os números de telefone. Eu só conseguia oferecer um sorriso para elas, porque meu coração estava a mil.

— Andrea, a doutora Madison vai assinar sua alta após o almoço, e talvez você precise descansar antes de encarar a realidade, seja ela qual for.— Briella me entregou um copo d'água antes de continuar.— Você disse inconsciente que está fugindo do seu pai. Se sente confortável em voltar para casa?— Perguntou, e só de me lembrar do desespero que foi aquele momento, tremi, fazendo que não com a cabeça. — Certo, então você pode vir comigo, se quiser.

Arregalei os olhos, surpresa.

— Mas, você não tem que ir para a escola? — Minha voz saiu um pouco mais trêmula do que eu pretendia.— Minha presença não vai incomodar seus pais?

As Órbitas do SolWhere stories live. Discover now