I O banquete

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#ODuqueVampiro

As docas estavam movimentadas, caixas e mais caixas de suprimentos eram deixadas nos container de ferro. Os barcos estavam a todo vapor. Doric observava o horizonte, as marés batendo contra os cascos dos navios e o ar salgado lembrava-lhe da pequena província de Skorpios. Doric observava os pescadores.

- Sabia que meu pai era um pescador? - disse Doric, Merciles estava atrás - acordavamos todos os dias, às oito horas, íamos às docas e eu ajudava ele a tirar as cordas do barco, íamos para o mar, ficávamos algumas horas lá, puxando as redes que tínhamos postos nos dias passados, às vezes conseguimos muito, outras vezes nada, trabalhávamos muito, e recebíamos pouco.

- O mundo é desigual.

Doric se virou.

- A monarquia é desigual.

- É por isso que quer acabar com ela? - Doric sorri e se aproxima. - Acha que a democracia é melhor?

- Acredito que possa existir um mundo igualitário, onde você recebe o dinheiro que trabalhou duro para ter.

- Você é um comunista.

Doric soltou uma risadinha.

- Chame como quiser, está ganhando forças no ocidente.

- Estão perdendo, os Estados Unidos nunca irão aceitar o comunismo.

- Mas os países baixos já estão aderindo.

- E está falhando, miseravelmente.

Doric virou a cabeça, Merciles ergueu a sobrancelha.

- Sabe porque está falhando? - indaga Doric - porque os humanos se sentem bem em ser superiores, e se tirar isso, eles não são nada, e o fato deles serem iguais aos outros os assustam, pois querem ser diferentes. - Doric sorri - gosta de se sentir superior? De olhar de cima do seu palácio para seu povo mendigando comida?

- Pelo que sei, vocês em Skorpios não estão muito atrás disso.

- Porque vocês nos açoitaram quando nos revoltamos. - Disse ferozmente.

Merciles levou as mãos as costas.

- Certo, então o que sugere?

Merciles passa por Doric, para ao seu lado e olha para os barcos.

Doric lhe observa, de costas para as docas.

- Que haja uma união - disse Doric - que Skorpios e Koráki seja um lugar só, que a população não tenha ninguém mais rico que ninguém.

- E faríamos isso como? - Merciles indaga - chegaremos lá e tiraremos o dinheiro dos ricos e distribuiremos para os pobres?

- Quase isso.

- Eu sei o que você quer fazer, mas isso leva tempo, e não irá funcionar, nunca. - Merciles lhe encarou - porque como você disse, somos egoístas.

- Então faremos a força.

- Então não estaríamos conquistando o mundo por respeito, e sim por medo, e o medo é o pior combustível.

- Então o que faremos? - disse alto se virando - observamos enquanto eles se matam de trabalhar?

Merciles observou os pescadores abaixo.

- Quando a guerra acabar, você receberá pelo seu trabalho, sem ninguém acima disso - Doric lhe encarou surpreso - isso é o bastante para você, Verme branco?

Merciles sorriu, e se retirou.

- Espera - chamou Doric.

- Meu rei - disse um guarda apressadamente, Doric parou - temos um problema.

Entre presas e garras [Jikook]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora