Capítulo 4

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Francesca


Sou surpreendida pelo Sr. Matias no átrio da editora. Eu pensei que ele não tinha permissão para sair do lar. Ele estava muito bem disposto e muito bem-apresentado. Estava de fato e gravata! Parecia mesmo um empresário. O seu cabelo grisalho estava penteado de maneira diferente. Ele cumprimentou-me com o seu adorável sorriso e beijou-me a minha mão, como fazia habitualmente. O Sr. Matias era um verdadeiro galã!

— Vamos até à sala de conferências? — Questionou Liam.

Não sei o que acabou de se passar com Liam, mas mudou completamente. Ele parece bipolar! Ainda há uns minutos foi simpático e atencioso comigo. Agora está a ser arrogante. Estas suas mudanças de humor deixam-me de pé atrás com esta reunião.

O Sr. Matias estava muito simpático e sorridente para comigo. Vou de braço dado com ele, atrás daquele homem, que dizem ser seu neto. Nem parecem ser familiares. As suas personalidades são completamente diferentes. O Liam é sempre tão frio e distante, enquanto o Sr. Matias é um homem muito simpático e querido.

Liam abriu a porta da sala de conferências e cedeu-me a passagem.

— Primeiro as senhoras! — Afirmou Liam.

O Sr. Matias sorriu em forma de aprovação da atitude do seu neto. Entrei e observei Liam ceder passagem ao seu avô. Acabámos por nos sentar na mesa de reuniões, com o Sr. Matias na cabeceira da mesa. Eu e Liam estávamos sentados de frente, um para o outro.

— Bom! — Começou Sr. Matias. — Vamos começar esta reunião, que presumo que será demorada. Minha querida Francesca, obrigado por concordares em vir a esta reunião.

— Ela não tinha escolha. — Afirmou Liam desagradado. — Depois de eu ter sido obrigado a enviar-lhe um e-mail a negar o seu novo manuscrito. Aquele que seria um sucesso de vendas.

O Liam a defender o meu trabalho perante o avô era novidade!

— E será! — Garantiu o Sr. Matias. — E, nós mesmo iremos lançá-lo!

Fiquei confusa com o que ele disse.

— Então por que o negaram? — Questionei.

— Tenho um desafio para ti. — Diz Sr. Matias.

— Um desafio? — Questionei com medo que pudesse vir daí.

Troco olhares com Liam, que parece estar desconfortável com a situação. Ele devia saber do que tratava.

— Eu sei que tu, minha querida, adoras escrever. — Começa o Sr. Matias. — O meu neto também! Acontece que o Liam não tem conseguido escrever nada nos últimos tempos.

O que é que isto tem a ver comigo? O que é que o Sr. Matias está a querer dizer? Estou a ficar com medo para onde esta conversa nos levará.

— Por isso, tive uma ideia. — Continua o Sr. Matias. — Vocês os dois vão escrever um livro em conjunto!

— O quê? — Questionei perplexa com a ideia.

— Foi isso mesmo que ouviste, Francesca. — Disse Liam desagradado. — O meu avô chegou à reunião de hoje com esta ideia. Quer que façamos uma colaboração para um livro de romance.

Romance?! Mas o Liam não escrevia fantasia? Isto deve ser alguma brincadeira. Ou então, deverá haver um desafio para mim.

— Suponho que não será um livro de romance qualquer. — Deduzi.

— E, supões muito bem! — Afirma o Sr. Matias. — Como sabes, o Liam não escreve livros de romance. E, tu és especialista nisso!

— Obrigada! — Agradeci-lhe.

— O meu neto anda sem escrever há muito tempo. Ele tem imenso talento, mas falta-lhe alma nas suas obras desde que começou a trabalhar na editora.

— O avô não imagina quantos manuscritos passam pelas minhas mãos anualmente. — Afirma Liam.

— Eu também já trabalhei no ramo, meu neto! Eu sei muito bem o que é. — Garantiu-lhe o Sr. Matias. — Por isso é que nunca viste nenhuma obra minha publicada. — Riu-se. — Eu vivi dos livros toda a minha vida. Consigo distinguir um bom manuscrito em cinquenta páginas. E, é por isso que vos quero dar este desafio.

— Mas escrever um livro de romance? — Perguntei.

— Um livro de romance erótico, minha querida. — Afirma o Sr. Matias.

Engoli a seco. Não estou confortável em escrever um livro do género. Sempre tive reticências em aprofundar qualquer tipo de sentimento mais profundo com os meus personagens.

Olhei para o Liam. Ele está de braços cruzados, como uma criança amuada. Fixei no seu olhar e ele levanta o sobrolho.

— Eu disse-lhe que era má ideia, avô.

— Eu quero ouvir a opinião da Francesca. — Desvalorizou o Sr. Matias.

Olhei para o Sr. Matias. Ele não parecia aquele utente do lar que eu conhecia e adorava.

Suspirei. Não sei se devo avançar sem saber quais são os planos e o que acontecerá ao meu manuscrito.

— Quais são as condições? — Perguntei.

O ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora