Capítulo 6

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Francesca

Este dia está a deixar-me confusa! Primeiro recebo uma nega ao meu manuscrito. Agora já o querem publicar, mas terei de entrar num projeto com Liam?! Eu terei de trabalhar com aquele convencido afincadamente, para produzir um manuscrito. Já para não falar do prazo, que é demasiado curto. Como é que eu vou conseguir escrever um livro com aquele arrogante em três meses? Se ele tinha sempre algo a reclamar do que eu escrevia? Como iremos levar um projeto deste calibre para a frente? Estamos a falar de um romance erótico! Um género que nenhum de nós está à vontade, ele pela parte do romance e eu pelo erotismo.

Os livros de fantasia que o Liam lançou, eram apropriados para pessoas adultas, devido às cenas explicitas que ele descrevia. Só que não eram focadas no romance. Por outro lado, os meus livros sempre foram nessa área, mas o erotismo não era a minha praia. Esta proposta podia ser boa para ambos, mas tenho receio de não conseguirmos chegar a um consenso.

— Minha querida, porque acho que vocês são a pessoas ideais para o escrever. — Defendeu o Sr. Matias. — Vocês fazem uma ótima equipa, enquanto escritora e editor. Acho que agora chegou a hora de fazerem uma equipa como escritores. A vossa escrita é fabulosa! Não é à toa que são os meus autores favoritos.

— Pensei que era o seu autor favorito por ser seu neto. — Afirmou Liam. — Como é que o avô quer que passamos três meses a trabalharmos juntos?

— Aí está a questão que eu pretendia que me fizessem! — O Sr. Matias ficou orgulhoso. — Aluguei uma pequena casa de pescadores para vocês. Vão passar estes três meses à beira-mar para escrever.

Acho que o Sr. Matias deveria ter batido com a cabeça. Três meses com o Liam, numa casa? Só os dois?! Cortem-me os pulsos e, já! O homem meticuloso e maldisposto irá acabar a minha sanidade mental. Não consigo aguentar mais do que um dia, por semana, a trabalhar afincadamente com ele. Quanto mais esse tempo todo!

— Sr. Matias, eu não posso ausentar-me assim. — Tentei recusar.

— Avô, eu também não posso afastar-me sem justificação.

O Sr. Matias olhou para o neto.

— Liam, não precisas de dar justificação nenhuma. Eu estou a mandar-te fazer este trabalho. — Diz com uma voz autoritária, ao virar-se para ele. — Não quero desculpas da tua parte. Eu estou a mandar-te escrever um manuscrito, caramba! Não é nada de outro mundo. Eu quero que lances isto.

Liam assentiu ao pedido do seu avô, que se virou para mim de seguida.

— Minha querida, eu sei que a escrita deste teu novo romance te trouxe alguns dissabores à tua vida pessoal. — Prosseguiu o Sr. Matias carinhoso. — Nota-se pelas tuas palavras sofridas que passaste um mau bocado. Nunca me escondeste o que se passou e, usas-te isso a teu favor na escrita. Pensa que este projeto é algo diferente, leve e uma maneira de explorares um subgénero novo. Será ótimo para ti, enquanto escritora.

— Mas três meses? — Questionei-o receosa.

— O que são três meses na vossa vida? — Desvalorizou o Sr. Matias. — Vocês ainda são jovens! Aproveitem esta oportunidade para escreverem. Vocês os dois têm um futuro de sucesso pela frente.

— Quando é que partimos? — Liam estava furioso.

— Na próxima segunda-feira. — Responde-lhe o avô. — Tenham ideias durante este tempo, para que possam discutir durante a viagem e começarem a trabalhar quando chegarem lá. Eu quero que essas vossas cabeças fervilhem ideias. Preciso que ambos estejam focados nisto!

— Não sei se me consigo organizar nesse tempo. — Liam pegou no telemóvel. — Eu tenho reuniões para na próxima semana.

— Os teus colegas tratarão disso. — Sr. Matias olhou para ele. — Para de arranjar desculpas, caramba! Eu quero-te focado neste projeto.

— Qual é o teu problema de trabalhares comigo?

A minha questão saiu antes que eu pudesse pensar. Realmente era uma questão que eu tinha, mas não deveria ter feito.

— Eu não tenho problemas contigo. — A sua voz era fria e o seu rosto estava fechado. — Eu não acho que devemos ter de ir para uma casa, os dois, para fazer isto.

— Estás com medo, portanto... — A minha grande boca voltou a falar.

— Eu não tenho medo, só acho ridículo. Cada um pode escrever a sua parte e juntarmo-nos ao fim do dia para nos entendermos. — Sugeriu Liam. — Não precisamos de nos isolar.

— A mim parece que tens algum receio. — Afirmou o Sr. Matias, enquanto coçava o queixo. — É assim tão difícil trabalharem em conjunto? — A voz dele era altiva.

— Não! — Respondemos em uníssono.

— Então, vocês vão parar de fazer birra e deixarem tudo pronto por aqui. Vão fazer a porra das vossas malas e, segunda-feira, quero-vos à porta da editora prontos. Ouviram?

Assentimos.

— Todas as despesas são asseguradas pela editora, portanto não tem de se preocupar. Já providenciei alguns eletrodomésticos que vos poderiam fazer falta, como uma máquina de café ou a torradeira. A senhora que toma conta da casa já os têm e já colocou no local. — Levantou-se da cadeira. — Visto que nos entendemos, estão dispensados!

O Sr. Matias pegou nas suas coisas e deixo-nos na sala sozinhos. 

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