Prenúncio de uma Guerra

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Ao, o meio-ceruliano, estava na base de Lesa, no seu quarto, quando uma batida repentina o fez levantar-se da cama e abrir a porta. Ele nunca tinha visitas, então quem poderia ser?

Eram dois soldados com expressões frias. Nada de sorrisos para ele.

─ 0053, você vem conosco.

─ Por quê? ─ Disse, esfregando os olhos violeta. Estava quase na hora de dormir.

─ Não temos permissão para responder.

Levaram-no pelos corredores frios do prédio até a sala do Comandante, a figura de maior poder na hierarquia militar de Lesa.

─ Entre. ─ Disseram.

Ao não tinha medo dos militares, afinal passara toda a sua vida ao redor deles, embora nenhum jamais tenha mostrado o mínimo sinal de afeto. Não tinham sido hostis, tampouco. Ele olhou para os soldados, confuso, mas fez o que lhe pediram.

Após abrir a porta da sala, viu um homem completamente desconhecido. O que houve com o Comandante Ley? Ele era o Comandante de Lesa havia décadas.

─ Muito prazer, Ao. Eu sou Cassian Adler e pedi que viesse conversar comigo porque preciso da sua ajuda.

Ao quase abriu a boca de surpresa. Aquele era o pai de Yuna! A semelhança com a menina era muito evidente: tinha um rosto que transbordava confiança, cabelos lisos longos e mesmo olhos pretos da amiga.

─ Muito prazer, Senhor Adler. ─ Ele abaixou a cabeça. ─ Se me permite a pergunta... Onde está o Comandante Ley Harris?

─ Aposentou. Sou o novo Comandante de Lesa. ─ Os olhos escuros de Cassian Adler brilharam. ─ Feche a porta e se aproxime. Não seja tímido.

Ao não era tímido, de forma alguma, mas os militares jamais requisitaram sua ajuda antes. Era no mínimo muito suspeito que subitamente precisassem dele agora. Nunca fora nada além de um forasteiro, que ninguém sabia como lidar. O garoto aprendera a ser cauteloso.

Lentamente, aproximou-se de Cassian e se sentou na cadeira à frente de sua mesa.

─ Muito bem, agora podemos começar. Servido? ─ Disse, apontando para um bule de chá.

─ Não precisa...

─ Aceite. ─ Ele insistiu.

─ Está bem.

Cassian serviu a Ao uma xícara de chá.

─ Obrigado. ─ Mesmo um pouco desconfiado, Ao aprendera a ser educado.

─ Ao, diga o que você sabe sobre essa cidade?

Ele vasculhou a memória em busca das lições básicas que tivera de seu professor particular, há alguns anos.

─ Lesa foi construída como uma cidade militar na ilha de Kemu-lai, com o propósito de ser linha de frente contra ataques marítimos. Mas isso foi há muito tempo... Hoje em dia a cidade se expandiu e abriga civis, como qualquer outra cidade no mundo.

─ Está quase certo. A ilha é uma base militar de defesa, que conta com um arsenal complexo de armas. Mas Lesa não é uma cidade comum, e nem foi projetada para enfrentar inimigos comuns. Ela é a arma que temos contra os alienígenas invasores. Estamos para entrar em uma nova guerra, Ao.

O garoto arregalou os olhos.

─ Como?

─ Nossos batedores detectaram sinais de outra invasão alienígena.

─ Mas... A última foi há muito tempo!

─ Não, a última invasão foi há 13 anos, quando sua mãe pousou neste planeta.

AO - A Ameaça CerulМесто, где живут истории. Откройте их для себя