Deuses da Morte amam maçãs

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– Isso significa... Que você tem um encontro! – Char exclamou.

– Shhhh, Char! – O desespero de Ao fez Char baixar o tom de voz.

– Vou te dar mais um conselho. – Disse, enquanto os dois alongavam antes do treino de combate físico. – Tenha mais atitude! As garotas gostam disso. – Deu-lhe uma piscadinha.

– É que quando estou com ela, parece que meu cérebro vira gelatina e eu viro um idiota!

– Já era, meu amigo. – Com a outra mão, fez um gesto que Ao não conhecia. Passou o polegar por cima do indicador, mantendo os três outros dedos erguidos. – Você está mesmo apaixonado.

– Char... O que é isso? – Ao apontou para a mão do amigo.

– Ah, você não sabe língua de sinais? F, em respeito a você, meu amigo apaixonado...

– Você...! Já disse, não é nada disso!

– Trocar! – O professor gritou e chegou o momento de inverter as posições.

Os dois obedeceram. Olhando para o chão, Ao resmungou:

– E... Mesmo que fosse verdade, você acha mesmo que uma garota como ela poderia gostar de alguém como eu? – Ergueu os olhos violeta para o amigo. – Eu sou esquisito...

– Então vocês dois combinam.

– Yuna não é... – Disse Ao, franzindo o cenho.

– Esses seus olhos estão cegos de amor. – Ele empurrou as pernas de Ao, que começaram a queimar de dor. – Ela, definitivamente, é uma garota excêntrica.

Lembrando da ocasião em que se conheceram, Ao não negou. Uma pessoa normal jamais prometeria fugir com um alien que acabara de conhecer para os confins do Universo.

– Ah, por que você tem que estar sempre certo?

Conforme as aulas iam passando, a ansiedade de Ao crescia. Depois de tantas aulas práticas, ele precisava de um banho. Normalmente deixava para fazer isso em casa, mas aquele era um dia especial. Tinha um encontro com Yuna!

Por isso, ele foi até o vestiário tomar um banho. Um grupo de garotos parou instantaneamente de conversar ao avistarem Ao entrando. Agindo como sempre, ignorou-os e escolheu uma cabine vazia para si. Ligou o chuveiro, sentindo a água escorrer pelo corpo.

Pensou em Yuna e logo ficou ansioso de novo. Será que ele poderia mesmo criar tanta expectativa? Ela poderia vê-lo como apenas um amigo. Akira era o sonho de qualquer garota, especialmente agora que tinha um posto na Quadris, e ainda sim ela o rejeitou. Se Yuna já gostasse de alguém, Ao também seria rejeitado?

Quando a pele já estava toda enrugada, Ao desligou o chuveiro e se aprontou. Esfregou a toalha nos cabelos molhados até ficar satisfeito, escovou os dentes e vestiu o uniforme extra que levava sempre que tinha treino.

Yuna o esperava na entrada do portão da Academia.

– Oi. – Ao disse, simplesmente.

– Vem, me segue. – Ela começou a andar, com Ao no seu encalço. – Você vai a-do-rar esse lugar!

Eles andaram juntos até uma sorveteria próxima da escola. Era a primeira vez que Ao ia a um lugar assim, pois normalmente ele ia direto para casa. Antes de começar a estudar na Academia, ele perambulava pela cidade, vestindo seu moletom com capuz, evitando os lugares de maior movimento. Sorveterias definitivamente eram um dos lugares que evitava, assim como restaurantes, shoppings e cinemas.

Por isso foi estranho para ele entrar normalmente em uma sorveteria. Vários alunos da Academia militar e de outras escolas estavam ali. Sentiu os olhares sobre si e Yuna. Em vez de se esconder, ele deu um passo, pegou na mão da amiga, com a cabeça erguida.

AO - A Ameaça CerulOnde as histórias ganham vida. Descobre agora