Estávamos jogando pedras num rio, eu estava com tédio e só planejava jogar umas pedras e passar o tempo. Mas Jungkook era sempre tão bobo e vinha se meter, transformando tudo numa brincadeira.
Ele fez uma pedra quicar pela água e foi incrível.
— Wow. — falei admirado. — Consegue fazer chegar do outro lado?
— Claro que consigo! Mas tem que achar outra pedra igual. — fala mostrando os dentinhos de coelho e até que vir nessa acampamento não foi tão ruim.
Sacudi a poeiras das minhas mãos. — Ok, como ela seria?
— Tem que ser meio pequena, achatada e com um rabisco de...
— O que? — perguntei quando ele parou de falar. — O que você tá Fazendo, Jungkook?
Ele joga a toca pra longe, deixando a cabeça amostra, junto com o matinho de cabelo que crescia. — Aí meu deusinho. — sussurra e eu já comecei a achar suspeito.
Mas só fui entender tudo quando ele tira os sapatos, pisando na grama molhada pro logo entrar no riacho. Era inverno e o único motivo para fazer isso...
— Você jogou o Hector! — engasguei um ganido. Empurraria ele na água se ele já não tivesse dentro.
— Eu já t-tô procurando — fala com o queixo temendo de frio e as mãos sondando a água.
Mordi o lábio de nervoso, mas logo cruzei os braços. — Acho bom mesmo. Ninguém mandou jogar.
E o isso o faz levantar a cabeça. — Mas eu não tenho culpa de tu deixar a pedra atirada por aí!
— Tava pesando no meu bolso e como você não reconhece ele!? — pisquei muito bravo. Já a tínhamos a quase um ano e ele ainda faz isso?
— Não sei. Talvez por ele ser uma pedra!! — berrou, como se não tivesse me ajudado a escolher o nome da pedra, a brincar mil vezes com ela e até a botar de castigo quando ele pulou e bateu na cabeça do mesmo.
— h-um. — soltei abismado, mas nem conseguia falar direito, pois meus olhos quase lagrimejaram. — Então arrume sua própria pedra! Eu não vou mais deixar você chegar perto do hector.
E assim tirei minhas próprias meias, entrei naquele rio gelado, mais gelado que geleira, e resolvi o achar por mim mesmo.
— O quê? — perguntou ele reto, mas eu não olhei. Prestei atenção onde poderia ter caído e forcei os olhos. Pensei que seria mais fácil por ele ser pintado, mas caramba. Era tudo pedra.
Mordi meu lábio com força. Eu tinha que achar...
Teríamos que passar a noite no acampamento e se não o achasse, não ia conseguir. Eu teria que pedir pra ligarem pra minha mãe e então ela ia querer que eu explicasse tudo e então, então...
— Achei! — me virei as pressas e vi um Jungkook tirando a cabeça da água e levantando a mão pra me mostrar uma pedra, está que tinha um sorriso borrado de giz.
— Você enfiou a cabeça dentro da água! — falei, sorrindo que nem bobo antes de pular em cima dele, nos fazendo cair no rio. Peguei hector e nos puxei pra fora da água.
— Aí Jimin. Agora tô mesmo molhado. Mergulhei a cabeça pra ver se enxergava, mas agora também o corpo...
Eu também tava molhado e talvez pular nele não fosse a melhor das ideias. Espirrei antes de tentar me sacudir que nem cachorro.
— A gente devia voltar pro acampamento e nos secar. — oferece Jungkook enquanto botava os tênis sem meia.
— Você acha que vão brigar? — perguntei enquanto também segurava minhas meias e hector.
— Acho que não. — ofereceu e assim começamos a ir em direção às barracas distantes.
.....
— Vocês foram nadar sem supervisão? — Um instrutor que antes parecia gentil, ficou pálidos nos olhando.
Estávamos pingando água, então podia não ser muito convincente quando falei com um sorriso culpado. — Não?
— Por Deus. — ele se abaixou na nossa altura. — Vocês sabem o quanto isso é perigoso? Poderiam ter se machucado ou coisa pior. Ainda mais nesse frio! O que estavam pensando?
Tremi os dentes de frio e eu não sabia bem o que responder. Eu fui pegar minha pedra? Cai sem querer? As duas coisas não pareciam que iam render uma boa reação.
Cutuquei Jungkook com o cotovelo, pra ver se ele tinha alguma ideia e não é que ele tinha?
— Não pensamos, instrutor Jung... — falou enquanto olhava pro sapatos e eu que não sou bobo olhei pros meus também.
O instrutor Jung soltou um longo suspiro antes de bater nossas cabeças juntas. Uau.
Olhamos pra ele. — Vão se trocar, parecem dois gatos afogados.
E assim corremos.
......
Com roupas novas e cobertores quentinhos nos colocaram em frente de uma fogueira e só aí Jungkook vem comentar sobre minhas meias.
— O que é tão engraçado? — perguntei.
— Você. — disse ele, enxugando as lágrimas dos olhos. — Como você pode ter nos molhado, mas as meias não?
— O que? — olho para meus pés. Eu tava com as mesmas meia de antes e era verdade, elas não chegarem a molhar.
— Você presta atenção em cada coisa! — balanço os pés ao falar.
Jungkook da de ombros. — Eu só achei engraçado. — é assim ele começa a rir de novo. Eu não vi a mínima graça!
Talvez ao ver minha cara confusa, ele acrescenta, parando de rir — Quer saber, Jimin? — disse, sua voz ficando séria. — Gosto muito das suas meias.
— Por quê? — pergunto confuso.
— Elas são legais. Têm até pequenos pinheiros nelas — disse, apontando pros desenhos.
Nesse momento eu tava tão confuso que tava quase tirando as meias pra dar a ele. Se ele gostava tanto assim...
Mas pelo visto ele queria novas — Quero que você me dê meias de aniversário. — Jungkook fala, com o peito estufado e mordendo a bochecha.
— O que? — fico pasmo.
— Porque estão seríamos um par. — era uma piada, uma piada muito ruim, mas mesmo assim não consigo evitar de rir com ele.
— Que piada ruim! — digo, cobrindo a boca com a mão, as outras crianças em volta da fogueira nos olhava esquisito.
— Você gostou! — ele disse, mostrando os dentinhos de Coelho.
— Foi péssima, terrível! — sacudi a cabeça, tentando negar tudo.
— Mas meu aniversário tá próximo! — fala e por um momento eu me esqueço do que isso deveria significar
— Eu não vou te dar meias!
Notas: semelhança com pais que perdem o filho no shopping, brigam de pânico e ameaçam divórcio? Talvez. Kshdksks
Eles acamparam! Jimin não acha JK engraçado, mas ainda ri adoidado. O menino se esforçou pra aprender com o Jin.
Espero que ele ganhe esse par de meias! 😂 Sempre bem humilde.
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Fora dos padrões
RomanceOnde o pequeno Jimine tem uma família um pouco fora dos padrões. Entre sua mãe, que preferia o deixar falar com pedras do que lhe dar um peixe e seu pai, que queria lhe ensinar marcenaria. Ele não teve alternativa. Para escapar dessa família que ti...