45. TV quebrada...

345 57 12
                                    

POV HOPE.

Já são oito horas quando estaciono no prédio de Josie. O caminho todo fiquei pensando se diria a ela sobre a minha conversa com Landon, mas chego na conclusão que é melhor se eu não trazer o assunto de volta.

Nos não falamos ainda sobre muita coisa, e a maior parte dela ainda está fazendo parte do nosso cotidiano que de alguma forma decidimos ignorar e colocar de segundo plano até que outras coisas mais importantes se resolvam, mas as coisas nunca se resolvam,  e tudo é importante com Josie.

Eu não quero pressioná-la, mas precisamos conversar. E eu acho que ela também vai pensar assim quando eu colocar o assunto na mesa.

Subo pelo elevador. Quando chego na porta bato duas vezes antes de escutar um “entra!”. Giro a maçaneta e a porta se abre com facilidade.

Não gosto disso. Já é fácil demais passar pela porta da frente dessa carranca de prédio, foi mais fácil ainda decidir girar uma maçaneta e encontrar Josie no meio da sala, sozinha, com um tornozelo fraturado. Eu já pensei em mil tragédias antes de achar ela no carpete mexendo na TV.

“Você sempre deixa a porta aberta?” largo a sacola de comida no balcão.

Josie está sentada com as pernas esticadas e uma chave de fenda na mão diante da TV aberta e fios, com uma luz horrível da lanterna amarelada na outra. Não chega a checar se sou eu mesma ao responder.

“Sempre esqueço de fechar. Quer dizer, não é como se alguém fosse subir até o meu andar só para roubar” ela diz com humor.

“Pessoas fazem mais do que roubar” mudo o tom de voz, para a repreender, parando ao seu lado.

Josie para o que está fazendo para me olhar de baixo. Ela demora a entender do porque está tomando bronca.

“Lizzie está ali do lado então, posso gritar” ela tenta amenizar, ainda com o humor intacto.

“Prefiro que não” peço.

Josie espreme as sobrancelhas e depois larga os objetos e o conserto da TV velha pra depois, se colocando de joelho diante de mim com dificuldade por conta do estabilizador gigante. Pega minha mão e as aperta.

“Nada vai acontecer comigo, mas eu prometo trancar na próxima vez” ela tranquiliza.

Suspiro para arrancar minha carranca de mal humor.

Josie permanece ali, no meio escuro da luz distante amarela da cozinha e a luz azul da lua da sua janela de vidro aberta.

Rabo de cavalo bagunçado, com aqueles cabelos morenos sedosos caídos pela lateral do rosto e aqueles olhos grandes e pacientes diante de mim, no meio da bagunça do nosso mundo.

Me curvo e a beijo. Quer dizer, beijos só consertam os problemas se forem feitos no faz de conta, mas não quer dizer que eu não possa tentar.

Não quer dizer que eu não possa beijar Josie pelo resto da noite torcendo para que se algo for acabar, que seja do outra lado da porta. Que se algo tem que mudar e ser discutido, que seja com os vizinhos e vire nossa fofoca.

Me separo dos seus lábios mesmo sem ter ficado sem fôlego, e a maioria das vezes, não consigo me dar ao luxo de fazer isso. Mas hoje não é como os outros dias, hoje eu pretendo balançar os nosso mundo com assuntos chatos e desinteressantes que só importa ao mundo. Ao mundo de Josie.

“O que estava fazendo?” alargo o nosso momento bom.

Me abaixo, para ficar cara a cara com a TV velha de defeituosa. Ficar perto do corpo todo de Josie ainda ajoelhada no tapete perdida pelo selinho breve que eu a dei.

Hosie Memorial (LEGACIES/GREYS ANATOMY)Onde histórias criam vida. Descubra agora