60. Penélope?

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POV JOSIE.

A primeira coisa que eu faço quando a porta do quarto é aberta é me recompor limpando as lágrimas freneticamente. Estufo o peito e me mostro pronta para qualquer ordem me colocando de pé. Lizzie entra para dentro com os olhos na garota deitada cheia de tubos.

"Vim assim que recebi seu Pager. Caramba é ela mesmo?"

Eu espio o seu rosto, mais especialmente sua tatuagem no pescoço.

"Eu fui fazer com ela uma tatuagem, mas eu lembro que fiquei com medo e desisti. Então ela inventou de fazer essa tatuagem"

Lizzie dá a volta e eu dou espaço. Ela fica um tempo encarando aquelas siglas em silêncio.

"Caramba"

Ela sussurra quase sem voz.

"E tem outra coisa que eu queria te contar, mas não sei se devia"

Lizzie se afasta para me olhar. Ela fica espantada na mesma hora.

"O que aconteceu? Achei que você só tinha ódio por ela, ela não te traiu ou algo assim?"

"Isso é outra coisa"

"Outra coisa!? Caramba, eu sumi por cinco horas"

Me sento na cadeira de descanso. Lizzie se ajoelha diante de mim.

"Me conta"

Acima de tudo Lizzie é uma boa ouvinte quando se é irmã. Mal consigo abrir a boca sem que a garganta fique dolorida, mas devo ter chorado por trinte minutos seguidos, e isso deve me ajudar a não desabar de novo.

"Landon veio falar comigo e não saiu muito bem. Parece que eles estavam tentando ter filhos e ele precisa saber que ela não está gravida"

Lizzie fica em silêncio, mas não há surpresa na sua expressão. Seus olhos estão baixos e ela começa a olhar para os dedos como quem vai se desculpar.

"Eu ouvi sobre ele ter gritado com você perto das SO"

Desvio o olhar.

"Então a fofoca deve estar correndo por aí"

"Bem, isso não é de hoje. E tem outra coisa"

Lizzie está brincando com uma pele sobrando no seu dedo. Escondendo o jogo. Suspiro vencida, sentindo minhas lágrimas voltar.

"Só diz logo"

"É sobre o hospital. Parece que as coisas vão ficar feia por causa da indenização do seu caso. Eu não sei o quanto, mas eu ouvi o nosso pai dizer que vai ter que trabalhar dobrado e que vão demitir algumas pessoas"

Cobro o rosto.

"Sinto muito"

As lagrimas começam a cair sem parar e começo a soluçar.

"Eu ouvi o papai conversando com algumas pessoas. Não vamos ser tiradas, o programa de internos vai ficar intacto, vamos ficar bem"

"Eu destruí a vida dela!"

Levanto o olhar.

"Não consegue entender o que acabou de dizer?!"

Lizzie me olha em choque. Se levanta. Suas sobrancelhas enrugam.

"Você está processando o hospital, não ela. Ela vai entender. Você e o papai passaram por isso"

Eu me encolho de volta, chorando com o que me resta de água no corpo. A cada soluço eu me despedaço por inteiro. Há uma certa dor no medo de magoar para sempre alguém que ama. Eu posso ver aqueles olhos azuis agora me olhando.

Lizzie se aproxima, ganha espaço tentando se sentar comigo. O poltrona de visita é grande o suficiente para que cabemos juntas grudadas uma na outra. Ela coloca seus braços em volta de mim, com suas mãos me consolando carinhosamente.

"Acima de tudo, vamos estar juntas nisso"

O monitor apita. Eu e Lizzie congelamos. Sua voz começa a sair bem baixa enquanto sua mão se levanta para chamar alguém pelo botão.

Estou de pé em um segundo. Lizzie dá a volta para ver os aparelhos enquanto eu seguro sua mão.

"Pen?"

Seus olhos pulam para mim. Dopada de medicamento para dor ela demora a me reconhecer. Aos poucos sua confusão se dissipa e seu olhos se transformam, com sua expressão suavizando.

"Eu achei que tava sonhando com a sua voz"

"Umpf, eu preferia"

Lizzie fecha a cara. Faço cara feia pra ela se comportar. Penelope ri baixinho.

"A irmã malvada e o anjo. Devo estar entre o céu e a terra"

"Você iria para o inferno"

"Lizzie!"

Ela balança os ombros.

"Eu não gosto dela e nem você devia estar dando a mãozinha pra ela. Traidora!"

Lizzie diz sobre o ouvido de Penelope, que faz careta e fecha os olhos. Seu desconforto fica visível no monitor. Solto a sua mão para afastar Lizzie. Puxo ela para o canto.

"Ela está na UTI tá legal? Quatro tiros! Dá pra não fazer isso aqui?"

"Tá! Eu espero aqui fora"

Lizzie se desvencilha de mim saindo. Respiro fundo. Ela cruza os braços e fica na porta me vigiando. Pego o pager para avisar Pepper quando o telefone de Lizzie toca e ela se afasta. Volto para dentro guardando o Pager depois de enviar o aviso e Penelope está de volta em um sono profundo. Suspiro em alívio, não é um bom momento para reencontrá-la. Permaneço na poltrona porque me serve de refúgio. Eu não estou pronta para encarar o hospital inteiro me julgando.

Me encolho de volta na poltrona e pego meu celular espiando novamente a mensagem de Hope.

"Ontem foi incrível. Te vejo hoje. Entro de fininho na sala de descanso se prometer não contar para o meu tio"

E encaro a resposta que dei assim que vi sua mensagem.

"Te amo. Ansiosa!"

Clico no seu número e rodeio a sala a procura de palavras. Entro no banheiro para evitar a acordar Penelope e ligo para ela três vezes. As três, ela desliga. 


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(by sunsum)

Hosie Memorial (LEGACIES/GREYS ANATOMY)Onde histórias criam vida. Descubra agora