Capítulo II - Desespero e dor

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- Cíntia? - Chamou, ainda mais baixo, a voz rouca e familiar. Que a fez levantar e abrir cuidadosamente a porta.

-Pedro... - Disse ela, estremecendo ao perceber que o jovem estava acompanhado de seu melhor amigo Never, que não parecia nada bem. -O que aconteceu? - Falou tão baixo que sua voz quase não podia ser ouvida, enquanto abria o portão para os garotos.

Ao entrarem os três se dirigiram a sala principal e após alguns minutos Cíntia resolveu quebrar o incomodo silêncio.

- O que aconteceu? - Perguntou novamente.

- Eu estava vindo pra cá, precisava saber se você estava bem - falou o rapaz cabisbaixo - no meio do caminho encontrei o Never sentado, sozinho. Foi quando percebi que ele estava em estado de choque e achei que você poderia ajudar.

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Pedro era o ex- namorado de Cíntia que havia recebido uma proposta de estudar direito no Canadá, seu grande sonho. O que fez o jovem de 20 anos abandonar tudo no Brasil, inclusive sua namorada. Ele conhecia a moça muito bem, e sabia que apesar de ter apenas 19 anos ela cursava o segundo ano de medicina, e durante sua adolescência havia feito um curso técnico em enfermagem.

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Após examinar Never, ela constatou que seria melhor deixa- lo repousar e o levou para seu quarto. Voltando para sala em seguida. O rapaz, que se encontrava ainda sentado no sofá da sala, examinou a jovem por um momento e ignorou sua aparência abatida. Indo em sua direção.

- Eu senti tanto a sua falta - falou passando a mão pelos cabelos dela - essa distância só provou que eu preciso de você.

- Quando você voltou? - Perguntou a garota, dando um passo pra trás. Que fez Pedro olhar triste para o chão.

- Cheguei ontem a noite, só Lena sabia do meu plano. Ela ia me ajudar, eu sei que ela é como uma irmã pra você. - Aquelas palavras fizeram Cíntia sentir um grande vazio dentro de si, ao lembrar de sua amiga - Eu voltei por sua causa, tenta me entender.

- Acho que isso não é um problema agora, eu preciso saber se a Lena está bem. - engoliu a seco ao pensar na amiga.

- Eu posso tentar encontra- lá se você quiser.

- Pode ser perigoso. - Olhou para o lado ao falar isso, não querendo que o rapaz notasse o tom de preocupação.

- Tudo bem, ela não mora longe daqui. Eu posso fazer isso. - Argumentou fazendo Cíntia sentir segurança em suas palavras. E posteriormente acabar concordando com o plano.

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Pedro saiu correndo pelas ruas, sendo cauteloso ao se deparar com algumas daquelas criaturas que se alimentavam de uma ou outra pessoa. Ao chegar na rua em que Lena morava ele assistiu, horrorizado, um homem gritar ao ser devorado vivo pelos monstros. Observou a cena durante os breves segundos mais longos de sua vida e quando percebeu que nada poderia ser feito aproveitou a oportunidade e correu até a casa da garota.

- Lena. - Falou tentando não chamar a atenção.

- Pedro. Nossa, eu nunca fiquei tão feliz em te ver, eu tô sozinha aqui a dois dias. Minha mãe saiu e não voltou mais. - Ficou cabisbaixa enquanto abria a porta.

- Vamos sair daqui, rápido.

- Pra onde?

- Casa da Cíntia - falou notando que ela pegava uma mochila no sofá. - O que é isso?

- Comida e outras coisas, eu esperava ser resgatada. Vamos logo. - Disse a garota que saiu correndo em direção a casa de sua amiga.

Quando já estavam chegando Pedro puxou a menina para o lado e os dois se encostaram no muro de uma casa.

- O que aconteceu? - Perguntou Lena ofegante.

- A rua está tomada por esses monstros precisamos dar a volta e correr pelo outro lado.

Sobreviventes: O fim dos temposDonde viven las historias. Descúbrelo ahora