Capítulo XXV - Danos

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- Chegamos - Nicolas abriu um sorriso sombrio enquanto parava - Vou abrir isso aqui pra gente - prosseguiu enquanto saía do veículo olhando para todos os lados.

- Finalmente - Bia gemeu aparentando sentir dor.

- O que foi? Tá sentindo alguma coisa? - Gabriel segurou a mão da garota, observando o homem que abria o portão, algo em suas ações o fazia parecer suspeito.

- Não... - a menina sorriu fraco - e você? Aconteceu alguma coisa, ta estranho.

- Anh? Nada... Bom, eu espero que nada - respondeu retribuindo o sorriso anterior com ternura.

**

Miguel desligou o carro e aguardou Nicolas seguir.

- Vocês não suspeitam nem um pouco desse cara? - Felipe observou o lugar vazio pela janela.

- Por que deveríamos? - Miguel olhou pra trás questionando.

- Bom, esse lugar ta fazio, não tem nenhuma daquelas criaturas por aqui, seja viva ou morta. E além do mais, vocês viram como a Cíntia tratou ele no apartamento.

- O engraçado é Que ela nunca comentou nada sobre ele. - Lena olhou o namorado preocupada.

- Esfriem a cabeça, se ele nos trouxe pra cá é porque é seguro. Ele não se arriscaria assim não é? - o motorista respondeu ligando o veículo ao ver Nicolas seguir.

- O Miguel deve ter razão pessoal, vai ver ele já esteve aqui, cuidou do local, vai saber - Never entrou na conversa com timidez.

- É... Vai saber. - Felipe respondeu voltando pro seu lugar.

**

Nicolas estacionou perto do portão fazendo com que todos saíssem dos dois veículos e após fazer isso voltou e trancou o local.

- Ele ta estranho - Lena sussurrou segurando a mão de Miguel.

- Pensando melhor... Alguma coisa ta muito errada aqui. - ele respondeu ainda falando baixo. - Tente não deixar os outros preocupados.

Assim que Nicolas fechou o portão cinco homens fortemente armados saíram das casas assustando a todos que ali estavam. O homem que antes parecia estranho agora sorria com satisfação. O grupo se encolheu ficando muito próximos enquanto ele conversava com os homens. Ficava cada fez mais claro que aquilo era uma armadilha.

- O que ta acontecendo aqui? - Eduardo olhou em volta tentando esconder a filha atrás de si.

- Cala boca velhote - um dos homens respondeu apontando a arma pro senhor que arregalou os olhos.

- Vamos relaxar pessoal - o homem que conversava com Nicolas começou a falar - e leve essa gente daqui, joguem no porão de alguma casa, sei lá , de seu jeito. Nós vamos ver o que o Nico aqui conseguiu.

O grupo seguiu guiado por dois homens até uma das casas que estava vazia.

- Vão descendo - o que parecia mais forte ordenou cutucando Miguel com a arma.

Eles nada perguntaram, apenas fizeram o que ele mandava. E lá foram trancafiados e abandonados.

- Que merda aconteceu aqui? - Lena olhou o namorado quando percebeu que já estavam sozinhos.

- Fala sério, eu não sei. - O garoto respondeu com um tom irritado.

- Eu avisei, agora todos nós vamos morrer por uma burrice. - Felipe resmungou procurando uma saída pela sala escura.

- Melhor vocês se acalmaram, eles só devem querer roubar nossos pertences, logo vão nos libertar. - Eduardo olhou os rostos cheios de pânico através da penumbra.

- Ou nos matar... - O menino que antes resmungava revirou os olhos.

**

Cíntia mal se lembrava de como havia saído do prédio. Suas pernas tremiam e ela suava frio ao recostar na lateral do edifício pensando no que aconteceu.

- Ei... - a garota não ouviu Lucas chamar - O que houve...? - ele perguntou exitante.

- Eu... O Pedro... - a loira sussurrou virando de lado, tentando permanecer em pé.

- Você não vai me dizer que... - O homem olhou pra ela derramando uma lágrima.

- Que ele morreu? - Ela perguntou o olhando confusa - Ele... Ele não suportou, perdeu muito sangue, eu não cheguei a tempo. - começou a falar em meio aos soluços.

Lucas se virou, colocando as mãos na cintura, e se afastou dos jovens que ficaram no passeio.

- Ei... Tá tudo bem - Jhon segurou a mão de Cíntia e a abraçou. - Você tentou salvar a vida dele, pode não ter sido o suficiente pra que ele ficasse, mas ele sabe que você o amava, isso importa.

- Eu... Odeio essa vida - a garota enterrou o rosto do pescoço do companheiro de grupo desolada.

- É impossível gostar disso, e eu também to muito abalado com tudo, mas nós precisamos sair daqui, ir pra um lugar seguro e pensar numa forma de encontrar os outros.

- Encontrar? Vocês não conseguiram falar com eles? - Ela se afastou perguntando e secando as lágrimas com a blusa.

- Eu sei que não é um bom momento, mas nós precisamos pensar com urgência. A rua onde o prédio ficava estava infestada dessas criaturas, o Lucas acredita que eles tenham saído do prédio, eu concordo, mas não faço ideia de pra onde eles foram, pensei que depois nós poderíamos dar uma volta por ai, existem muitos prédios, condôminos...

- É, São opções. Só espero que eles estejam bem, ainda mais agora com o Nicolas por perto - a garota acrescentou com o tom preocupado. - Vem, vamos falar com ele... É cedo, mas nós precisamos reagir.

**

- Então Pablo, tá aprovado? - Nicolas encarou o homem parado a sua frente.

- Não é grande coisa, mas é melhor que nada - o homem sorriu ambicioso. - Só assim você garante mais um dia aqui dentro cara.

- Esses ai são uns patetas, e por incrível que pareça a namorada do meu primo tava com eles. Foi muita sorte ela ter saído de lá. Aquela trouxa poderia acabar atrapalhando tudo.

- Entendo... - O homem gesticulou para que o outro sentasse - Você não acha perigoso ter esse pessoal solto por ai? Eles não poderiam nos causar problemas?

- Não, não... É quase impossível que eles nos achem aqui, mas se acharem nós damos um jeito não é mesmo? - o homem bateu palmas observando a feição psicótica enquanto Nicolas falava - Mas e então, o que faremos com esses?

- O de sempre... Matamos um ou dois para que fique bem claro quem manda aqui e largamos os outros em alguma rodovia distante.

- Certo chefe. Obrigado pelo voto de confiança, foi mais fácil do que eu pensei - Nicolas sorriu levantando- se - Se não se importa vou selecionar os finados.

Sobreviventes: O fim dos temposOnde histórias criam vida. Descubra agora