Capítulo XXVI - Outros perigos

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- Sejam rapidos, eu não tenho o dia inteiro - Nicolas resmungou apontando a arma pro grupo que seguia pra fora do sótão.

- O que você ainda quer da gente? - Lena, que seguia na frente, perguntou colocando as mãos no rosto ao sentir a luz do sol novamente.

- Relaxa princesa... - O homem respondeu rindo - Sabe, eu até que gosto de você - se aproximou e passou a mão no cabelo da menina.

- Deixa ela, ô seu trouxa - Miguel se aproximou bruscamente parando quando Nicolas apontou com arma pra ele e começou a rir novamente.

- É um palhaço... - Felipe sussurrou revirando os olhos.

- O que... - O homem desfez o sorriso e caminhou até o fim da fila apontando a arma dessa vez para o outro rapaz - O que você disse garoto? - pareceu ainda mais sério ao encostar a arma na barriga da vítima que começava a suar frio.

- Não... Eu... - O menino gaguejou.

- A, o que é isso... Vamos relaxar um pouco pessoal - Nicolas fez com que o grupo andasse e respirou fundo ao chegar na calçada - Cá estamos nós - ele passou a mão no cano do revólver observando as Expressões aflitas - Eu acredito que vocês já saibam o que vai acontecer agora, mas não se preocupem eu serei rápido.

- Você... Não precisa fazer isso - Eduardo engoliu a seco ao ver o quanto o homem parecia tranquilo.

- Talvez... - Ele andou de um lado para o outro devagar - Sabe, eu prefiro não arriscar... - e disparou na direção do ex fazendeiro.

**

Jhon e seus companheiros caminhavam silenciosos pelas ruas, não havia o que falar, não sabiam o que procurar ou o que fazer, a dor era grande, mas, talvez, a vontade de sobreviver fosse ainda maior.

- Pra onde... Vocês iriam? - Cíntia perguntou a voz parecia falhar.

- Eu não sei... Eu... - O mais novo a encarou sem parar de andar.

- Embora... Eu iria embora. - Lucas respondeu sem muita emoção.

- Mas e o Nicolas? Você não acha que seria capaz de armar contra nós? - a garota perguntou olhando pra baixo dessa vez.

- Acho - O homem colocou a mão na cabeça, como se aquilo fosse o ajudar a pensar. - Sempre devemos esperar o pior daquele canalha, ele e o pai sempre fizeram de tudo por ambição.

- Então isso quer dizer que meu irmão pode estar correndo perigo agora? Com tanto coisa pior por ai, é isso? - Jhon pareceu irritado dessa vez.

- Eu sinto muito... Por tudo. - Cíntia fez o rapaz se sentir mal por estar com medo, a situação deles também não era das mais fáceis.

- Tem um caminhão ali na frente, talvez eu consiga ligar. - O loiro se apressou em direção ao veículo sendo seguido pelos outros.

**

- O que você fez? - Bia se ajoelhou a lado do pai morto. - Você... Você... - a menina arregalou os olhos cheios de lágrimas e Gabriel se ajoelhou tentando consola - la.

- Matei... Bang - Nicolas fez um som de tiro com a boca ironizando - Na cabeça, afinal, nós não queremos um morto vivo Velho aqui não é mesmo?

- Você é um monstro... - Never se virou ao ver o desespero da menina que abraçava o pai.

- Fala sério... - O tirano ergueu a sombrancelha - Eu sou o menor dos seus problemas, quando sairem daqui vão ter que se virar pra sobreviver, sem comida... Sem água... Abandonados em algum lugar - Ele fingiu contar nos dedos - Esse velho só iria atrasar vocês, mas eu vou entender essas faces indignadas como atuação, no fundo vocês agradecem. Mas voltando ao assunto principal, quem vocês escolhem agora? Talvez você mesmo, parece frágil... - apontou pro menino e abaixou a arma em seguida - Talvez a menina que acabou de perder o pai, ela ta ferida e olha só, parece triste coitada - Ele fez uma expressão pensativa - com certeza vai atrasar vocês, mas se eu mata- la vou ter que matar o namoradinho - andou um pouco cutucando a própria cabeça com a arma - Vocês não... - encarou o casal que ainda permanecia em pé - Talvez na ausência de pessoas mais experientes possam lidar bem com a situação, ou não né... Olha só onde vieram parar quando aqueles dois saíram - Ele fingiu um suspiro penoso ao ver Miguel fechar as mãos em punho - Só você e Eu agora - ele se inclinou um pouco na direção de Felipe - Nós sabemos que ninguém vai sentir sua falta... Você é o cara mais insuportável que eu ja encontrei até agora - Nicolas falou entre os dentes - Pelo menos você vai morrer pelas mãos de alguém que você sabe não gostar de você, já pensou na possibilidade deles te matarem enquanto você dorme? Eu faria issso se estivesse na equipe. - sorriu levando a arma na direção do garoto.

- Mas que espetáculo - Pablo pareceu sorrir satisfeito ao sair de uma das casas - Mas tenho uma ideia melhor, que tal levarmos ele até o galpão.

- Eu ia ser rápido, mas isso parece divertido - Nicolas sorriu olhando para todos - Poderiam me acompanhar por favor - apontou na direção de um grande espaço fechado - todos, inclusive a bela mocinha e o namorado - ficou sério novamente ao apontar pra Gabriel que ajudou Bia a levantar e caminhou em silêncio ao seu lado. - Você vem comigo - puxou Felipe pelo braço e andou mais rápido tentando acompanhar seu líder que a essa altura já abria a porta do local misterioso - Sem gracinhas - olhos pra trás mostrando o revólver- ou todos vocês vão morrer.

- Muito bem, agora é com você - Pablo abriu um pouco a porta e Nicolas fez o resto do trabalho que consistiu em empurrar o garoto la dentro, onde foi trancado.

- O que... O que você fez com ele? - Lena sentiu- se aflita ao ouvir os gritos de Socorro do garoto.

- Nada de mais querida - O companheiro de Nicolas respondeu dessa vez - Esse é só nosso lugar especial onde nos livramos pessoas especiais.

- Canalha - Miguel respirou fundo segurando a mão da namorada.

- Chega de blá, blá, blá - O homem gesticulou para seu subordinado - Leve - os embora daqui, já chega desse show - resmungou, parecendo menos feliz, e andou de volta para casa de onde havia saído.

**

Foi fácil pra Lucas fazer com que o automóvel funcionasse e saíram dali com a mesma facilidade ja que as ruas estavam desertas. O silêncio anterior persistiu, fosse pela recente perda, ou pelo medo das futuras, a diferença não era tão grande.
O mesmo dirigia desviando de alguns obstáculos quando necessário, não pensou muito em para onde ir, a rodovia Norte ficava do outro lado da cidade, a mais de meia hora, mas ninguém pretendia voltar para o Sul, de onde haviam saído os primeiros membros do grupo. A esperança crescente era de:
a) encontrar os companheiros; e que estes estevissem todos bem.
b) encontrar um lugar seguro; onde pudessem passar o tempo necessário para que todos se recuperassem.

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Oi gente, até que não demorei tanto dessa vez, o problema agora são as provas, mas, estamos aí né... Espero que gostem.

Sobreviventes: O fim dos temposOnde histórias criam vida. Descubra agora