Capítulo 15 - Azriel

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Porra. Que merda. Eu imaginava que as Rainhas Mortais não se convenceriam tão fácil, porém foi bem pior do que poderia sequer fantasiar. Faz alguns minutos que chegamos em Velaris e fomos em direção a casa da cidade. Rhys parecia extremamente perturbado com o que acontecera com aquelas humanas. Amren já nos esperava lá, parecendo que havia pulado algumas horas de sono, tentando decifrar o Livro.

Sem hesitar, seguimos Rhysand até o jardim da casa. Geralmente, ele ia para lá se deprimir. Nos sentamos nas cadeiras de ferro ali, enquanto Rhys se apoiou contra a beirada da fonte, parecendo pensar.

- Se veio aqui fora para se deprimir, Rhys - disse Amren, sentada num banquinho velho - então, diga, que volto para meu trabalho.

- As humanas querem prova de nossas boas intenções. De que podem confiar em nós - ele disse, com pesar naqueles olhos violetas como eu já tinha visto antes.

- Feyre não bastou? - Amren perguntou, se virando para Feyre. Porém, antes que alguém falasse algo, Rhys a refutou sem demora.

- Ela mais que basta - decretou Rhys, com aquela calma mortal e ansiosa - São tolas. Pior...tolas com medo.

- Poderíamos...derrubá-las. Colocar rainhas mais novas, mais inteligentes em seus tronos. Que estejam dispostas a negociar - disse Cassian, hesitante. Rhys fez um sinal negativo com a cabeça, parecendo se remoer por dentro.

- Um, demoraria muito. Não temos esse tempo todo - meu irmão disse e eu neguei com a cabeça para Cassian, com agonia. Se, por sorte, consegui com que o Barão exigisse que as Rainhas Mortais considerassem a nossa carta, imagina arquitetar esse esquema. Fora que aquele lugar é uma armadilha mortífera para qualquer um que não fosse humano. 

- Dois, - continuou Rhys - quem sabe se isso de alguma forma impactaria a magia de sua metade do Livro? Ela deve ser dada voluntariamente. É possível que a magia seja forte o bastante para ver nossos planos. Estamos empacados com elas.

- Poderíamos tentar de novo - disse Mor - Deixe que eu fale com elas, que vá ao palácio...

- Não - respondi friamente. Não deixarei que nenhum deles entre naquele lugar sozinhos ou acompanhados. Já era uma loucura para mim aceitar o fato que a Lizzie não sairia daquele lugar, em que pode ser levada para a fogueira por qualquer deslize sequer - Não vai colocar os pés naquele reino humano.

- Eu lutei na guerra se não se lembra... - ela tentou argumentar, irritada.

- Não - digo novamente. Sei que as minhas sombras estão agitadas e as minhas asas também. Conheço o tipo daquelas humanas, elas eram orgulhosas e egocêntricas; essa mistura é extremamente perigosa para qualquer um - Elas a amarrariam e a fariam de exemplo.

- Precisariam me pegar primeiro - Mor rosna para mim.

- Aquele lugar é uma armadilha mortal para nossa espécie — repliquei, a voz baixa - Construído por mãos feéricas para proteger os humanos de nós. Se colocar os pés lá dentro, Mor, não sairá de novo. Por que acha que estamos com tantos problemas para infiltrar alguém?

- Se entrar no território deles não é uma opção, - Feyre interrompe, no instante em que achei que Mor iria voar no meu pescoço com aquela adaga de ouro, que ela tenta a todo custo esconder debaixo daquele vestido vermelho - e enganar ou fazer manipulação mental podem levar a magia a destruir o Livro...Que prova pode ser oferecida? Quem é... quem é essa Miryam? Quem ela foi para Jurian, e quem era esse príncipe de quem você falou... Drakon? Talvez nós... talvez eles pudessem ser usados como prova. Pelo menos para falar a seu favor.

Rhys soltou um suspiro derrotado. "Lá vem história", penso, revirando os olhos.

- Há quinhentos anos, nos anos que precederam a Guerra, havia um reino feérico na parte sul do continente. Era um reino de areia que cercava o exuberante delta de um rio. A Terra Negra. Não havia lugar mais cruel para se nascer humano, pois nenhum humano ali nascia livre. Eram todos escravos, forçados a construir grandes templos e palácios para os Grão-Feéricos que governavam. Não havia escapatória; nenhuma chance de comprar a liberdade. E a rainha da Terra Negra... - Rhys começou a explicar, sendo interrompido por Mor. 

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